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App Economy – Aplicativos para tudo e para todos

publicado por Cezar Taurion

Figura - App Economy - Aplicativos para tudo e para todosO elemento essencial que torna os smartphones tão úteis e integrados ao nosso dia a dia são os apps. São eles que permitem transformar o smartphone e o tablet em qualquer objeto ou ferramenta que simplifica o nosso dia a dia. Com um app podemos transformá-los em uma bússola, um GPS, uma câmera fotográfica, em uma calculadora, etc. Com apps podemos identificar restaurantes e lojas, pesquisar preços para tomar melhores decisões de compra, nos conectarmos às mídias sociais, enfim, torná-lo parte integrante da nossa vida diária. Pode ser transformado em carteira de dinheiro ou cartão de crédito. Pode ser a nossa chave de casa. Enfim, passa a ser qualquer objeto que queiramos. Este conceito deve direcionar a estratégia de mobilidade de uma empresa. Tornar o smartphone e o tablet o centro da estratégia de negócios, explorando a capacidade de transformarem processos de negócio, simplificando as tarefas e atividades dos seus clientes e funcionários.

A “ app economy ” que começou em 2008 com o lançamento da App Store já é praticamente um setor econômico por si. Desde 2008 foram baixados, de todas as lojas, mais de 200 bilhões de apps. As principais lojas pagaram aos desenvolvedores, entre junho de 2013 e julho de 2014 mais de 15 bilhões de dólares. Sua disseminação no mercado se acelera. Estima-se que em 2017 mais de três bilhões de pessoas do planeta terão um smartphone. Aqui no Brasil os números apontam para cerca de 70 milhões, dos mais de 40 milhões de hoje. Vale a pena ler este estudo da BCG, “The Growth of the Global Mobile Internet Economy”.

Os apps estão deslocando o eixo gravitacional das empresas para os indivíduos, gerando ondas de choque em alguns setores. Afeta a própria natureza dos negócios e provoca disrupções em setores de negócio e atividades profissionais. Um marco neste processo foi criação do Uber, que está provocando um tsunami na tradicional indústria de táxis, gerando, forte reação. Afinal os taxistas veem o risco de serem substituídos pelos motoristas da startup. Calcula-se que o Uber faz com que táxis percam em média 1 000 corridas diárias em São Paulo. Só na semana em que taxistas paulistas fizerem movimento contra ele, o ritmo de downloads do app aumentou 400%. Este número mostra claramente que o consumidor prefere o Uber à velha alternativa. Nos EUA, um estudo mostrou que só na cidade de San Francisco, na Califórnia, o Uber e outros serviços como Lyft e Sidecar geraram 140 milhões de dólares em 2103, metade do faturamento de toda indústria de taxi local. Estima-se que o faturamento do Uber em 2014 foi de um bilhão de dólares e seu valor de mercado está na faixa dos 40 bilhões de dólares. Este valor de mercado se sustenta? Afinal, a indústria de táxis nos EUA gira algo em torno de 11 bilhões de dólares. Creio que vale a pena ler este artigo da HBR, “Making Sense of Uber’s $40 Billion Valuation”. O artigo aponta claramente que o Uber está mudando a natureza da indústria e não pode ser analisado à luz do mercado tradicional de táxis.

Na esteira do Uber começam a surgir novos serviços oferecidos através de apps. Praticamente já existe um app para qualquer coisa que se queira. Estes apps atuam como plataforma intermediária entre prestadores de serviços e o mercado. Por exemplo, nos EUA um serviço chamado Handy está uberizando serviços domésticos gerais, como faxina, pinturas e pequenos consertos. O TaskRabbit além destes serviços ajuda a resolver pequenos problemas como organizar uma festa ou arranjar um decorador. SpoonRocket faz entregas de refeições de qualidade de bons restaurantes em até 10 minutos. FancyHands providencia um assistente pessoal para resolver quaisquer problemas como buscar e reservar um hotel a negociar com a empresa de TV a cabo. Shyp pega e entrega objetos em qualquer lugar. A uberização é uma indústria por si. Em 2013 esta indústria, baseada no conceito da economia “on demand” teve 117 startups, a imensa maioria nos EUA, captando investimentos de mais de 1,5 bilhões de dólares. Esta economia “on demand” é uma continuação da “shared economy” exemplificada pelo AirBnB, que está provocando um terremoto na indústria hoteleira. O AirBnB deve chegar em breve a 20 bilhões de dólares de valor de mercado, perdendo apenas para a rede Hilton e Marriott , mas tendo o dobro de valor de mercado de redes tradicionais como Accor, Hyatt e Intercontinental.

Na contramão surgem as resistências das empresas nos setores afetados. Por serem modelos de negócio inovadores, a legislação não está preparada. Antes do Uber simplesmente não havia o Uber. O Uber, não é uma empresa de taxi. Ela desenvolveu uma plataforma capaz de ligar motoristas particulares a seus clientes. Portanto, nada mais natural que não exista uma regulamentação sobre o assunto, já que a problemática não existia. Jogar as inovações nos modelos legais existentes simplesmente não funciona.

Mas, os apps entram para afetar praticamente todas as indústrias. Um exemplo prático é o fenômeno do showrooming, que afeta o varejo diretamente. Showrooming é a prática do cliente diante de uma vitrine ou dentro de uma loja física usar seu dispositivo móvel para pesquisar preços dos produtos que ele está interessado em outras lojas. E provavelmente vai efetuar a compra nesta outra loja, física ou virtual. Na prática ele analisa e experimenta o produto na loja, mas efetua a compra em outra, após pesquisar melhores preços. O showrooming desperta muito interesse pela praticidade que traz para o usuário. Entretanto, deixa a loja com o custo de expor e demonstrar o serviço, mas sem o beneficio da compra… Este artigo faz uma análise bem interessante sobre este fenômeno. Nos EUA e Europa este fenômeno já é bem intenso e tem levado a situações típicas de desespero de alguns varejistas, como algumas lojas cobrarem dos clientes para permitirem que eles façam a busca dentro das lojas. Brigar com o cliente nunca foi uma solução inteligente.

A realidade é simples: à medida que a mobilidade entra na vida diária das pessoas abre riscos e oportunidades para as empresas. Lutar contra talvez não seja a reação mais correta. Porque não pensar em uberizar seu negócio? Porque não embutir seus apps no dia a dia dos seus clientes, criando relacionamentos mais íntimos e contextuais, coisa impossível no desktop? Os negócios baseados em sistemas que tem o PC como foco de interação com cliente não serão mais de muita valia no mundo da mobilidade. O software não é mais um aplicativo monolítico e pouco intuitivo, que tenta englobar tudo, mas passa a ser uma app task-oriented, que simplifica as tarefas e encurta o ciclo da interação entre o criador do serviço e a sua entrega ao usuário, eliminando intermediários desnecessários.

Além disso, à medida que os usuários usam apps as empresas passam a entender melhor que processos são mais úteis e importantes para eles e quais não o são. O resultado é uma contínua evolução nos apps, melhorando os processos de negócios e criando mais “customer intimacy”. A mobilidade, acelerada pela evolução tecnológica dos dispositivos como smartphones e tablets, tem o poder de revolucionar nosso dia a dia pessoal e profissional. Olhem este texto de 2012, mas atualizadíssimo.

Os apps são ponto chave da mobilidade. Eles é que fazem a diferença. Disponibilizar apps só para dizer que a empresa tem um app é desperdiçar oportunidades valiosas. Uma app perdido em uma app store não diz nada. O sucesso é fazer com que seu app seja um ícone destacado na tela principal dos dispositivos móveis de cada cliente. Para isso ele deve oferecer um serviço que realmente agregue valor ao seu dia a dia.

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

Comentários

2 Comments

  • Artigo bem interessante

  • Muito bom o texto! Mas acho que o mercado está sendo orientado por novos modelos de negócio, como Uber e AirBNB (ambos citados no post), que são frutos da tecnologia e mobilidade, neste cenário as Apps são as interfaces de negócio, necessárias, mas apenas uma parte do modelo.

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