Diante de um mercado altamente competitivo, muitas empresas passaram a adotar, por si só, métodos ágeis de forma indiscriminada, focando apenas em uma entrega mais rápida de projetos, a fim de destacar-se para seus clientes no time-to-market.
Porém, esta iniciativa autônoma e muitas vezes, pautada de pouco conhecimento no assunto começou a gerar um resultado oposto: caos nas entregas, times desmotivados e falta de qualidade nos produtos.
A resposta é simples: De modo geral, métodos ágeis – como por exemplo, o scrum – se traduz em processos empíricos e contra-intuitivos.
Segundo o dicionário da língua portuguesa Aurélio, empirismo é um modo de aprendizado baseado na consolidação de percepções e conhecimentos de uma pessoa adquiridos apenas pela prática, associada à sua experiência e sentidos. Intuição é a capacidade de uma pessoa em entender ou pressupor coisas que não dependem de um conhecimento empírico ou de conceitos racionais.
Quando nos deparamos com a negativa dessa última definição e caracterizamos o scrum como contra-intuitivo, estamos afirmando que este modelo de trabalho é dependente de um conhecimento empírico e racional, em outras palavras, apenas se aprende scrum na prática, e o primeiro contato com o mesmo, é totalmente o inverso de seguir a linha de raciocínio aprendida durante toda uma vida (em waterfall). Isso faz com que o aprendizado do time e acolhimento desse novo modelo de trabalho se torne muito mais difícil.
Já não sendo suficientemente complexo este modo de se trabalhar diante do viés acima mencionado, os valores propostos pelo manifesto ágil – que em uma definição simplista, é o guia dos métodos ágeis – complementam esta dificuldade de entendimento, pois como a própria palavra “valor” diz, são fundamentos que quando incorporados faz com que algo se torne importante.
Voltemos então, à questão inicial: Por que não deu certo? Porque diferentemente de uma arquitetura de processos waterfall, apenas ler sobre o assunto e forçar um time, que não vê valor e consequentemente importância nisso, a trabalhar em uma direção oposta ao que tiveram como certa durante toda uma vida profissional não é simples.
O manifesto ágil surgiu em 2001 e nunca sofreu modificações, como mencionado, ele é a base do agile. Muitas técnicas e práticas foram aprimorando-se, porém o cerne que é o manifesto sempre permaneceu o mesmo. Um agile coach precisa conhecer e constantemente se atualizar sobre estes processos, para saber como aplicá-los de forma efetiva. Porém, se esta fosse sua única e principal atribuição, ele não teria o sufixo “coach”. Poderia ser um engenheiro de processos, um consultor agilista, arquiteto ágil ou qualquer outra nomenclatura. Mas a unicidade do seu trabalho está em despertar nas pessoas a vontade de fazer o ágil acontecer, sendo assim, ele precisa fazer com que elas reconheçam valor nas práticas que aplicam no dia-a-dia.
De acordo com a SBC (sociedade brasileira de coaching), “Coaching é o processo de desenvolvimento humano, pautado em diversas ciências como: Psicologia, Sociologia, Neurociências, Programação Neurolinguística, e que usa de técnicas da Administração de Empresas, Gestão de Pessoas e do universo dos esportes para apoiar pessoas e empresas no alcance de metas, no desenvolvimento acelerado e, em sua evolução contínua.”
O único aspecto que o coaching tradicional se diferencia de uma transformação ágil em uma empresa, é que o segundo citado também engloba a mentoria. Ou seja, o agile coach irá identificar o melhor caminho a seguir de acordo com a estratégia da empresa, definir quais melhores práticas a se adotar, e a partir disso trabalhar pessoas para que atinjam o objetivo delineado, algumas vezes através vdo ensino, mas sempre despertando o valor através das técnicas de coaching mencionadas na definição pela SBC.
Assim sendo, ele precisa deixar seu olhar coletivo e adentrar em uma visão individual. Cada pessoa do time traz consigo experiências e crenças distintas que precisam ser trabalhadas. A evolução é uma estrada de mão dupla: o coach faz um diagnóstico da situação que necessita da sua atuação, direciona e ensina as práticas aplicando técnicas apropriadas, monitora o aprendizado do time, observa o resultado gerado, retroalimenta-se dele transformando em feedback do seu trabalho, se necessário ajusta as técnicas utilizadas e instala novamente novos processos, constatando enfim, o valor gerado.
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