Meu pai nos deixou há pouco mais de 1 ano. Ele era um bom exemplo de como tecnologia disruptiva pode não significar nada para algumas pessoas. Para ele, o telefone celular deveria ser usado apenas para fazer e receber ligações. Navegar na internet? Nem pensar. Só com a ajuda dos filhos. Ele tinha enormes dificuldades de operar controles remotos e por isso aproveitava apenas o básico de alguns aparelhos em casa.
Mas ele foi imensamente feliz nos seus 85 anos aqui na Terra. Para as pessoas mais velhas talvez este relacionamento com a tecnologia seja aceitável. E ai cabe uma outra pergunta: o comportamento do meu pai era devido a falta de interesse e/ou dificuldade de entender novas tecnologias ou era escolha consciente – de pessoas mais jovens também – de pessoas que não vêm valor ou simplesmente têm medo de usar novas tecnologias?
As dificuldades do meu pai
Posso responder pelo meu pai: ele era incapaz de entender novas tecnologias e dispositivos eletrônicos complexos. Nascido em 1929 em Portugal, o impacto da tecnologia na sua vida durante a infância, adolescência e início da fase adulta era praticamente nenhum. E continuou desta forma durante muito tempo. Apenas nos últimos 30 anos as coisas começaram a mudar. Mas mesmo assim apenas para quem tinha dinheiro para embarcar em tecnologia de ponta, inacessível para a maioria das pessoas, e muitas vezes indisponível no Brasil. A partir dos anos 90, começamos a experimentar os telefones celulares, a internet, computadores pessoais. Com a popularização destes equipamentos e a facilidade para acesso à internet, este cenário começou a mudar. Em 1980 uma filmadora custava muito caro, e era coisa de rico. Hoje em dia até o celular mais barato grava vídeos. Mas mesmo tão acessíveis e baratos, muita gente ainda não compreende como funcionam e sequer tiram proveito desta tecnologia.
Em uma de nossas viagens juntos, eu e meu pai nos perdemos dirigindo um carro alugado nos Estados Unidos. Um retardo no GPS impedia que eu conseguisse identificar a rota correta. Estava indo da Cidade de Nova York para o norte do estado, e por conta dos erros fomos parar no aeroporto de Nova Jersey (Newark). Meu pai então, preocupado, perguntou porque tinha me perdido. Daí expliquei que o GPS estava com problema e tinha me dado direções erradas. Então ele disse: “como aquela moça na caixa poderia saber exatamente para onde estamos indo, aonde estamos e que direção devemos tomar?”. Aquela caixa era o GPS e meu pai realmente pensava que alguém estava conversando comigo e me ajudando a chegar no meu destino. Expliquei o que era o GPS e como funcionava, mas tenho certeza que ele não entendeu nada!
As novas gerações
Estas tecnologias são desafios e representam mudanças de paradigmas apenas para os mais velhos. Os mais novos, das gerações Y e Z, já nascem num mundo digital. E conectado. A tecnologia ajuda desde os primeiros passos nas escolas, onde a utilização de recursos eletrônicos já não pe novidade há muito tempo. Com dispositivos cada vez mais intuitivos e amigáveis, as crianças aprendem rapidamente como usar. Passa a ser parte da vida deles e de todos nós. Eles, que nasceram recentemente, não conseguem pensar num munda desconectado. Tecnologia, e seus avanços, faz parte do dia-a-dia deles.
Esse é o mundo onde o próximo grande lançamento não é mais um computador de mesa, ou mesmo um laptop. Quais foram os últimos lançamentos de processadores para laptops ? Você tem esperado ansiosamente pelos próximos lançamento? Pois é, nem eu. Por outro lado, quantos celulares você teve recentemente? Quais seus planos para comprar um mais moderno? O mundo dos dispositivos móveis só cresce, e junto com a Internet das Coisas, que promete conectar todo tipo de dispositivo, passamos a viver num mundo extremamente conectado, onde passamos praticamente 24 horas interagindo.
Não quero estas novas tecnologias!
Obviamente meu pai não tinha cadastro em nenhuma rede social. Ele ainda lia o jornal impresso, que teimava em receber todos os dias na porta da sua casa. Ele comprava livros na livraria. E na hora de chamar um taxi, ele ia pra rua e esperava pacientemente um taxi livre passar. Ainda escrevia cartas para seus parentes em Portugal e as enviava pelos Correios. E este comportamento é esperado para alguém da idade dele, mas por que uma pessoa mais nova escolheria viver off-line e ignorar novas tecnologias?
E como isso interfere nos negócios?
Com a maioria das empresas investindo em novas tecnologias para crescer ou simplesmente continuar competitiva, a adoção de soluções móveis integradas focadas no cliente é um dos caminhos mais promissores. Mas se os clientes forem resistentes à tecnologia, existe um risco enorme de fracasso. Hoje isso não é uma realidade, e a grande maioria das pessoas ainda se expões eletronicamente e usa produtos e serviços via internet. O desafio destas empresas é justamente dar aos seus clientes a proteção necessária para que se sintam confortáveis com produtos inovadores. Como os Smartphones se transformaram em verdadeiros computadores de bolso, são também o alvo preferido de hackers.
Já parou para pensar o quanto da sua vida pessoal está registrado nos seus smartphones ? Quando meu pai partiu, só deixou recordações, fotos, vídeos. Mas tudo à moda antiga.
Fique com Deus meu pai.
[Crédito da Imagem: ShutterStock]
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