Big Data

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Como o mercado está vendo o Big Data

publicado por Cezar Taurion

Como o tema do momento é Big Data, sou chamado a falar sobre o assunto em muitos eventos. E, claro, aproveito a oportunidade para fazer algumas pesquisas informais com os participantes.

Geralmente pergunto qual a percepção dos presentes quanto a Big Data, quais as expectativas, benefícios e barreiras que visualizam e qual o status de adoção de Big Data nas suas empresas. Claro, não é uma pesquisa cientifica, mas creio que nos dá um pequeno insight sobre o tema aqui no Brasil que gostaria de compartilhar aqui com vocês.

Está claro que imensa maioria das empresas está curiosa sobre o assunto. Afinal o tema está na capa de revistas semanais como Veja, além é claro, de estar presente em todas as revistas de negócios. O sentimento geral é que Big data é um conceito extremamente promissor e excitante, mas que ainda é um tsunami em alto mar. Sabemos que vai chegar, mas ainda está imperceptível nas praias…mas a maioria dos executivos se mostram temerosos quanto as questões de custos, segurança e privacidade. Em resumo, ainda está no canto da tela do radar dos executivos, e ainda teremos alguns anos pela frente antes do tema estar no centro das suas telas de controle.

Interessante que o que mais chama atenção para o tema é que Big Data, por trazer Big ou grande volume de dados em seu nome, cria a percepção que as empresas de médio a pequeno porte que por não serem Big, estão fora deste contexto…É um mito, pois o que realmente importa é a variedade de dados que a empresa pode manusear e obter insights que tragam vantagens competitivas. O volume é inerente ao próprio momento de digitalização da sociedade. Só para recordar no ano 2000 apenas 25% dos dados disponíveis no planeta estavam em formato digital e agora em 2013, estes dados somam 98%. Ou seja, dos 1,200 exabytes existentes no mundo hoje, apenas 2% não estão em formato digital. Então, quando falamos em que o mundo digital gera 2,5 quintilhões de bytes por dia, a consequência natural é um grande ou Big volume de dados. Alem disso, a alternativa de executar trabalhos de análises sofisticadas em cloud permite que pequenas empresas possam dispor de grande capacidade computacional sem demandar altos investimentos em ativos. Ou seja, para Big Data não precisam de Big servers ou Big data centers próprios!

Em uma palestra, por exemplo, quando perguntei o status de Big data em suas empresas, cerca de 80% levantaram a mão para opção “debatendo e avaliando o assunto”. Os outros 20% se espalhavam de ainda não pensamos nisso” a “estamos implementando projetos piloto”.

Outra dificuldade levantada pelos participantes dos eventos é como demonstrar que projetos de Big Data trazem valor para seus negócios e onde encontrar profissionais capacitados a desenvolver estes projetos. Curioso que muitos associam Big Data a Hadoop, que sim, é complexo de usar. Mas, felizmente, já existem tecnologias que embutem Hadoop na solução, tornando-o mais acessível e menos dependentes de caros PhDs em ciência da computação…

Bem, na verdade tratar imensos volumes de dados já é fato comum em ambientes científicos. Astronomia e pesquisas do genoma já tratam volumes de dados que indiscutivelmente chamamos de Big Data. O que vemos agora é que graças a era digital, onde cada pessoa com seu smartphone e objetos com sensores estão gerando dados a todo momento e a possibilidade de termos tecnologias que coletem, armazenem e analisem estes dados, o conceito sai da órbita exclusivamente científica para entrar no ambiente de negócios.

Quando temos acesso a uma ordem de grandeza muito maior em volume e variedade de dados, abrem-se novas perspectivas. Para termos uma idéia do volume de dados que circula no mundo o Google, por si, processa mais de 24 petabytes de dados por dia e o Facebook faz upload de pelo menos 10 milhões de novas fotos a cada hora. Focalizando o Facebook vemos que diariamente seus usuários clicam no botão Like ou postam comentários pelo menos 3 bilhões de vezes. O Twitter gera pelo menos 12 terabytes de informações a cada dia. Portanto, Big data é hoje um fenômeno natural.

Mas qual o valor de Big Data? Dados estão para a sociedade digital assim como o petróleo para a sociedade industrial. Mas como o petróleo, que só tem real valor quando refinado e transformado em combustível, os dados passam a ter valor quando analisados, gerando insights antes inacessíveis.

É interessante observar que os dados e as informações, apesar de todos os discursos sobre seu valor competitivo, não são valorizados monetariamente. Por exemplo, se um data center sofres um incêndio, as seguradoras cobrem o prejuízo sofrido pelas instalações e pelo maquinário, de geradores a servidores. Mas não cobre o conteúdo dos dados que foram perdidos. De maneira geral, uma empresa com boa governança de TI mantém uma política de backup eficiente e consegue recuperar todas ou quase todas as informações. Mas caso não consiga, ela não obterá da seguradora a reparação pelo valor dos dados perdidos, pois este não são valorizados monetária e contabilmente.

Creio que esta situação, com o conceito de Big data vai mudar em breve. Por exemplo, o Gartner está propondo um novo modelo econômico para mensurar o valor das informações, que ele batizou de infonomics. Infonomics é a disciplina de mensurar e avaliar a significancia econômica das informações que uma empresa possui, de modo que estas informações possam ser valorizadas monetária e contabilmente.

O modelo de Infonomics propõe valorizar a informação. Isto significa quantificar de forma tangível a informação, de modo que possamos dizer que esta determinada informação vale 350.000 reais e esta outra 500.000 reais. Isto signfica que ela poderá ser incluída nas análises contábeis e fazer parte do valor de uma empresa. Uma empresa que usar mais inteligentemente suas informações que outras será mais bem avaliada em termos de valor de mercado.

Um beneficio desta valorização é que torna mais simples proposição de projetos que envolvam os conceitos de manuseio de informação, como Big data. Será possível, com infonomics conseguir mostrar que determinado projeto valorizará em 100% o valor de determinada informação, facilitando gerar as estimativas de ROI (Retorno sobre investimento) destes projetos.
Um detalhamento mais aprofundado do assunto Infonomics e links para outras fontes pode ser acessado em aqui.

Enfim, estamos às voltas com uma enxurrada de dados, que surgem espontaneamente. Cabe às empresas aproveitar as oportunidades e começar a gerar vantagens competitivas explorando este manancial à sua disposição. Big Data é uma Big oportunidade para as empresas que se mexerem mas ao mesmo tempo será um Big risco para as que ficarem só observando o tsunami chegar.

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

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