Não é necessária uma profunda análise sociológica para identificarmos as diferenças na sistematização de negociação entre diferentes culturas. Cada vez mais pessoas de diferentes países enfrentam estas barreiras culturais, no ponto de vista da negociação em si, para realizarem negócios.
Atuo numa empresa multinacional do ramo de T.I que possui clientes espalhados pelo globo, em diversos fusos-horários e constamente interligados através de reuniões por telefones, teleconferências com muitas discussões o tempo todo. E é sempre claro o modo de se fazer negócios que nós Brasileiros adotamos em relação aos outros países. Somos mais ligados ao lado humano e nos preocupamos em mantermos uma relação saudável durante todo o tempo da negociação e não necessiaramente seguimos, de modo sistematizado, a ordem dos processos resolvendo uma coisa de cada vez.
Um dos funcionários norte americanos que passaram um longo tempo no Brasil, trabalhando em nossa filial, recebeu um manual de conduta e um folheto explicativo de como agem os brasileiros. Os itens dos quais me recordo vagamente são: “Brasileiros são multi-tarefas, você pode converser com eles enquanto eles respondem a e-mails”, “Brasileiros são melhores em executar do que planejar” e “Brasileiros gostam de fechar acordos com aperto de mão, e não simplesmente responderem a um e-mail”.
E apesar de sermos uma empresa americana, é impossível que não seja adotado o modo de como nós agimos durante estes relacionamentos. Em muitas das ligações telefônicas, que poderiam ser resolvidas através de diversas opções de “workaround”, perdemos horas em horas executando passo a passo do projeto e essa mensagem, muitas vezes, é muito difícil de passar para americanos, indianos e outras culturas que temos contatos.
O fato de nós sermos reconhecidos por nos preocuparmos mais com relacionamentos, não nos deixar empacar em pontos nos quais aparentemente não terão avanço, e não arriscar em nada que possa estragar o clima de negociação, jamais podem ser considerados como nosso “jeitinho brasileiro” durante a negociação. É de fato, na minha opinião, um fator cultural que pode ser denominado como uma boa Gerência de Relacionamentos. Mas também, é impossível excluir o outro fato de que uma boa Gerência de Projetos acompanhado dá um ótimo resultado.
Agora, analisando com uma abrangência mais política e econômica acredito que o Jeitinho Brasileiro que tanto ouvimos no dia-a-dia jamais será visto com bons olhos por diferentes culturas e nem mesmo por nós, Brasileiros por natureza.
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