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Qual o futuro da indústria brasileira de TI? Que direção tomar?

publicado por Rober Marcone

Não pretendo apresentar neste artigo relatos conclusivos e direções definitivas para o futuro da Tecnologia da Informação no Brasil, mas gostaria de lançar algumas reflexões sobre o tema.

O Vale do Silício nos Estados Unidos, o “milagroso” desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação Indiano, com destaque para Bangalore (também conhecido como o Vale do Silício Indiano) e o “milagre” econômico de Israel (a “Nação Empreendedora”) possuem trajetórias e motivações diferentes, mas nos três casos o resultado foi o sucesso e a produçao de grande riqueza a partir da Tecnologia da Informação.

Muitas empresas que hoje estão entre as maiores do mundo foram gestadas na região do Vale do Silício: Apple, Google, Facebook, NVIDIA Corporation, Symantec, Advanced Micro Devices (AMD), eBay, Yahoo!, Hewlett-Packard (HP), Intel, Microsoft (hoje está em Redmond), entre muitas outras.

De acordo com a National Association of Software and Service Companies (NASSCOM), a receita da indústria de softwate Indiana cresceu de US$ 81 milhões em 1985-86 para US$ 41 bilhões em 2008-09. Recentemente a Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria trouxe ao Brasil, Saul Singer, co-autor do best seller “Nação Empreendedora: O milagre econômico de Israel e o que ele nos ensinou (Start Up Nation)”. Com 7,1 milhões de habitantes e 8.052 empresas de base tecnológica, Israel é considerado o berço de inovação do Oriente Médio.

Em recente release publicado pela Ex-Libris Comunicação Integrada sobre a visita de Saul Singer ao Brasil, foram citados os cinco países que mais fazem investimento em capital de risco (venture capital) per capita (em US$): Israel – 255, Estados Unidos – 97, Irlanda – 53, Dinamarca – 51, Reino Unido – 40.

Conforme Singer mencionou em sua visita ao Brasil, os economistas falam em “clusters” – ambientes em que um setor da indústria se desenvolve e funciona como bola de neve para os demais. No Vale do Silício, o “cluster” compreendia uma empresa principal, a Hewlett Packard; uma grande universidade, Stanford.

O cluster indiano surgiu depois de uma experiência fracassada com a saída da IBM da Índia, no início da década de 80, após se negar a se sujeitar a política de regulação de investimentos estrangeiros do governo indiano. Ainda na década de 80, a Índia passou por uma política de liberação dos investimentos estrangeiros, criou o Software Technology Parks (STPs) e o International Institute of Information Technology in Bangalore (IIIT-B) o que permitiu a atração de centros de pesquisas de empresas como GE, Hewlett Packard, Microsoft, Motorola, Siemens e o próprio retorno da IBM ao país.

No caso de Israel, a Intel conjuntamente com empresas israelenses pioneiras, como a Elron e a presença de ótimas universidades foram o princípio da formação de seu cluster. O surgimento das start-ups foi impulsionado pelo programa Yozma, da década de 1990, que criou um setor de capital de risco praticamente do zero. Esse programa criou uma parceria de três pontas: foi disponibilizado financiamento do governo, criaram-se fundos locais de capital de risco e entraram no país fundos americanos de capital de risco. O Governo assumiu parte do risco do setor privado. E essa parceria financiou todas as grandes empresas start-ups da década de 1990 – a ICQ, Checkpoint, Comverse, Amdocs e muitas outras.

E o Brasil? Podemos aproveitar as boas práticas destes países? Que direção tomar? É necessário lembrar que há características singulares nesses países e, portanto, não bastaria simplesmente copiar estes modelos aqui no Brasil.

A cidade de Campinas em São Paulo, onde estão presentes unidades de 32 das 500 maiores empresas de tecnologia do mundo, é conhecida como “Vale do Silício brasileiro”, graças às empresas como a Lucent Technologies, IBM, Compaq e Hewlett-Packard (HP). Em Campinas também temos uma da melhores Universidades Brasileiras, a Universidade de Campinas. No entanto, segundo a Brasscom, as exportações de TI no Brasil alcançaram US$ 2,39 bilhões em 2010. Este número está longe dos resultados obtidos na Índia e em Israel. O que fazer para alcançar resultados significantes?

Na trajetória destes países, podemos encontrar fatores comuns:

1)      Políticas governamentais direcionadas ao setor;

2)      Empresas ancoras em conjunto com grandes centros formadores de capital humano, grandes centros de pesquisas e Universidades de qualidade;

3)      As características culturais destes países contribuíram decisavamente: maturidade, determinação, sentido de propósito, capacidade para assumir riscos, possuir fluência em uma segunda língua (o Inglês), enxergar na tecnologia o caminho para superar suas adversidades, entre outros.

E no Brasil, como estes fatores se comportam? Acredito que Isto será assunto para um próximo artigo.

Autor

Mestre em Ciência da Computação pela UNICAMP. Professor e Coordenador da Unidade de Engenharia, Computação e Sistemas da Faesa. Superintendente do Centro de Computação Gráfica Aplicada - CTGraphics. Avaliador credenciado para executar análise de Programas Aplicativos Fiscais (PAF-ECF). Coordenador Acadêmico do Centro de Inovação Microsoft (MIC Vitória).

Rober Marcone

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