Tecnologia Social

Ξ Deixe um comentário

Internet, economia on-demand e a mobilidade social

publicado por Matias Recchia

Figura - Internet, economia on-demand e a mobilidade socialJoão é um encanador que trabalha com uma plataforma online para contratação de serviços para a casa. Até pouco tempo, João era um trabalhador informal que trabalhava sub-contratado ou por recomendações boca a boca. Não podemos dizer que o negócio não ia bem, porém, João não encontrava uma opção para sair desse círculo em que ganhava sempre o mesmo e era refém de empreiteiros que pagavam a ele somente 40% do valor faturado. Seu filho, um bom estudante, queria cursar a universidade, mas João achava que não poderia pagar pelo seu curso e, mesmo que se formasse, achava que seu filho não conseguiria um trabalho. Sendo assim, estava resignado que ele também seria encanador.

Depois de já ter tentado publicidade nas páginas amarelas tradicionais, de ter trabalhado com arquitetos, em construtora, sem poder ganhar mais que um salário mínimo, apesar de realizar um excelente trabalho, João ouviu no rádio o anúncio de uma empresa que permitia que profissionais como ele se cadastrassem para receber orçamentos e pedidos de serviços, tudo pela internet.
Sua esposa, Ângela, não tinha esperança alguma e riu da sua atitude. João ligou para fazer o cadastro porque não tinha computador e completou sua entrevista pessoalmente para a conferência de suas referências. Na entrevista, ele compareceu com seu filho, Marcos, que iria trabalhar com ele. Marcos sim tinha um smartphone. Quando tentaram explicar o funcionamento da plataforma, João achou um pouco difícil de entender. Marcos, entretanto, achou muito simples de usar e sugeriu que fosse ele quem se encarregasse de administrar os trabalhos na plataforma.
E, assim, João começou a conseguir trabalhos pela internet. Chegava no horário, tinha um ótimo desempenho, recebia excelentes avaliações, e essas boas avaliações converteram-se em um círculo de mais trabalhos e melhores avaliações. Marcos administrava a plataforma e enviava orçamentos detalhados para seus clientes. Foi então que Marcos percebeu que se fizesse um curso para mestre de obras poderia gerar melhores orçamentos, assim, se matriculou em um curso noturno. Ensinou sua mãe como usar o aplicativo para verificar os novos trabalhos que chegassem na plataforma, enquanto ele estudava.
João começou a conseguir trabalhos maiores na plataforma e passou de um trabalhador autônomo para um pequeno empresário.
Marcos concluiu o curso de mestre de obras e agora é estudante de Arquitetura, o primeiro estudante universitário em sua família (provavelmente com mais experiência profissional que qualquer outro). Ângela, que era dona de casa, se encarrega das questões administrativas da empresa. Agora, estão solicitando um crédito junto ao banco para comprar seu primeiro carro zero km.
Esta história que contei mostra o poder da economia on-demand* para impulsionar a vida das pessoas e permitir a mobilidade social em países onde é tão difícil crescer. Empresas como Uber, IguanaFix e muitas outras permitem que pessoas que eram empregadas ou sub-contratadas tenham a possibilidade de se transformar em pequenos empresários e controlar seu destino.
Vamos acompanhar de perto os passos do Marcos, que estamos confiantes de que será um grande Arquiteto e, quem sabe, trabalhe para um estúdio, talvez transforme a pequena empresa familiar em uma grande construtora ou, quem sabe, seja um profissional independente que tenha acesso a trabalhos por meio de uma plataforma virtual. Tenho certeza de que milhões de histórias como esta vão ser escritas em nossos países nos próximos anos graças às oportunidades que a tecnologia traz para os pequenos empreendedores.
Desta história sobre o João e sua família compartilho quatro vantagens da economia on-demand para a sociedade:
  1. Dá segurança e comodidade para os usuários: as empresas de tecnologia que facilitam o serviço fazem a verificação da identidade e referências das pessoas para garantir a segurança dos usuários. Por sua vez, os usuários podem agendar serviços de forma simples e gratuita por meio de interfaces intuitivas e pagar com a mesma facilidade com a que pagariam por um produto físico (parcelado, por exemplo).
  2. Gera uma competição justa: plataformas para solicitação de orçamento  permitem ao cliente se conectar a vários prestadores de serviço, possibilitando que pequenas empresas ou profissionais autônomos tenham acesso a demandas que anteriormente somente chegariam a grandes empresas.
  3. Promove a transparência: as avaliações dos usuários dão visibilidade absoluta à qualidade de um profissional. Os incentivos estão alinhados. Um prestador que chega no horário, trata cordialmente seus clientes e realiza um bom trabalho, cada vez receberá mais trabalhos e vice-versa.
  4. Incentiva o crescimento da pequena empresa: assim como o João, uma pessoa que tenha a visão empreendedora e vontade de crescer pode, aos poucos, transformar-se em um empregador. O fato de formalizar a empresa permite ter acesso a crédito para comprar novas ferramentas ou um veículo para poder dar um melhor serviço ou poder realizar mais trabalhos no mesmo dia. Também permite contribuir com a previdência para poder ter sua aposentadoria garantida no dia que decidir parar de trabalhar.

[Crédito da Imagem: Internet – ShutterStock]

Autor

Matias Recchia é CEO e cofundador da IguanaFix, site para orçar e contratar serviços de consertos em casas ou escritório. Com MBA pela Harvard Business School, Recchia sempre se interessou por empreender em mercados emergentes.

Matias Recchia

Comentários

You must be logged in to post a comment.

Busca

Patrocínio

Publicidade



Siga-nos!

Newsletter: Inscreva-se

Para se inscrever em nossa newsletter preencha o formulário.

Artigos Recentes