TI Corporativa

Ξ Deixe um comentário

Paradoxo de Abilene – O Inimigo oculto

publicado por Diego Salim De Oliveira

Paradoxo de Abilene – O Inimigo ocultoParadoxo de Abilene, este é o nome de um terrível e poderoso inimigo oculto, o qual ataca sorrateiramente em quase todas as organizações, sabotando projetos, degradando o desempenho de equipes inteiras, afastando todos de suas metas. Pode atacar nas mais diversas áreas da corporação, ou mesmo em toda ela. E o pior, em razão de suas características, comumente se faz presente nas equipes sem que os gestores desconfiem.

Muitos de nossos leitores provavelmente já conhecem ou ao menos ouviram falar nele, mas apesar de já bastante conhecido, é em geral ignorado pelas empresas, estando presente na maioria delas, das menores às gigantes multinacionais.

Mas o que seria este “Paradoxo de Abilene” e como vencê-lo?

É essencial que você conheça seu inimigo, se deseja derrotá-lo.

“Paradoxo de Abilene” foi o termo cunhado por Jerry B. Harvey, especialista em gestão e professor na George Washington University, em 1974, para descrever uma situação cotidiana para a maioria das pessoas, porém, situação esta a qual só trazia prejuízos aos envolvidos.

Resumidamente, Paradoxo de Abilene diz respeito á aquela situação onde membros de um grupo, em muitos casos a maioria e até mesmo o líder do grupo, se sentem indiretamente obrigados a concordar com uma ação ou decisão, por crer que esta é a vontade do grupo, ou ao menos, que esta atitude é a correta aos olhos do grupo.

Desta forma, em busca de aprovação ou mesmo temendo alguma censura ou repressão, este membro acaba agindo de forma a contrariar suas vontades ou convicções, apenas para evitar um possível confronto ou ruptura.

A maioria dos profissionais, ao menos em seu início de carreira, já vivenciou experiências onde mesmo tendo certeza de que algo estava ou daria errado, se sentiu obrigado a compactuar com a estratégia de seu líder ou sua empresa, por temer um possível confronto.

Mesmo em nossa vida pessoal, certamente todos nós já vivenciamos por diversas vezes este tipo de situação, onde para agradar outrem, demonstramos concordar ou nos interessar por algo com o qual na realidade não concordávamos.

Para ilustrar a teoria, Jerry B. Harvey narra em seu artigo intitulado “The Abilene Paradox: The Management of Agreement” (em tradução livre ao português, “O Paradoxo de Abilene: A Gestão da Aceitação”), de 1974, uma experiência onde em uma tarde quente de verão, reunido com sua esposa e sogros na cidadezinha de Coleman (Texas, EUA), seu sogro, na tentativa de agradá-los, sugeriu um passeio à Abilene (Texas, EUA), distante cerca de 85km.

Após sua esposa demonstrar interesse pela ideia do pai, ele se viu obrigado a aceitar o passeio, desde que sua sogra também tivesse interesse. E claro, a sogra, para não contrariar aos demais, disse que tinha sim interesse em ir.

Foram assim, os quatro à Abilene, onde não bastasse a viagem demorada, em meio a poeira, sol e calor da estrada, chegaram uma cafeteria a qual lhes serviu uma péssima comida.

04 horas depois, já de volta à casa de seus sogros, em Coleman, na tentativa de ser educado, ele expressa a todos que gostara do passeio, no que prontamente sua sogra rebate dizendo que só fora para agradar aos demais, seguida pelos demais, que exaustos e já irritados, começam um a um a expor seus reais sentimentos sobre o fato de terem ido contrariados, inclusive seu sogro, o mentor da ideia, evidenciando que todos aceitaram o passeio, mesmo que contrariados, apenas para agradar os demais.

Ou seja, um fracasso anunciado.

Uma situação a qual todos acreditavam que não seria agradável, mas tiveram medo de contestar o que pensavam ser a vontade do grupo.

Certamente, se não fosse o receio de todos em contestar a suposta vontade do grupo, poderiam ter se livrado de um passeio o qual já nasceu condenado ao fracasso.

Paradoxo de Abilene é justamente este tipo de situação, onde inúmeros ou até todos os membros do grupo se vêm forçados a embarcar em uma furada, simplesmente por crerem ser esta a vontade do grupo e temerem contestá-la.

É claro que tanto na vida pessoal quanto profissional, precisamos saber lidar com as pessoas.

Não precisamos e não podemos nos acovardar sem expressar, de forma equilibrada e educada, nossa opinião e sentimentos.

É verdade também que na vida pessoal precisamos fazer certas concessões. Mas, se todos expressarem seus pensamentos, de forma coerente e educada, não procurando o conflito, mas sim buscando o consenso, ainda assim, talvez tenhamos que tomar algumas ações contrárias a nossa real vontade e interesse, por exemplo, ir à uma festa de amigos do cônjuge, ou um passeio com as crianças, mas, ao menos, sem a amargura da contrariedade, participando do passeio convencidos de que este é o melhor para o “grupo” e de que é uma concessão saudável, até mesmo “negociada”, ou seja, um “meio termo” que busque agradar a todas as partes.

Na vida profissional então, nem se fala. Em muitos casos temos que acatar as ordens recebidas.

Mas isto não significa que temos que acatar calados.

Claro que o objetivo não é incentivar um “motim”.

Se o gestor da equipe ou a direção da empresa tomaram determinada decisão, eles certamente têm seus motivos, não sendo via de regra, uma decisão arbitrária.

Porém, nem sempre os decisores têm a correta avaliação da situação.

É comum que outros membros da equipe tenham ideias e sugestões diferentes, visualizando riscos ignorados ou enxergando outras alternativas mais interessantes.

Obviamente os colaboradores devem respeitar a hierarquia e seguir as ordens recebidas, mas não devem fazê-lo sem antes expressar de forma ponderada seu ponto de vista, fornecendo críticas e sugestões, buscando sempre mitigar os riscos e caminhar com mais segurança rumo aos objetivos da equipe e da corporação.

Muitas vezes, quem está na frente de batalha enxerga ameaças ou possibilidades desconhecidas pelos estrategistas.

Assim como os estrategistas têm uma visão global de toda a guerra, e não apenas daquela frente de batalha.

Desta forma, os estrategistas possuem sim mais informações, mas em muitos casos, informações específicas vindas da frente de batalha podem ser decisivas no rumo de toda a guerra.

Por esta razão, é fundamental que os colaboradores respeitem a hierarquia, mas forneçam suas sugestões, críticas e contribuições.

Como também é fundamental que todo e qualquer líder saiba ouvir seus liderados e analisar suas sugestões. Em muitos casos, estas sugestões podem não ser viáveis, devendo-se dar continuidade ao plano original, mas em outros casos, podem ser a salvação para ameaças ignoradas. O importante é o líder atuar dando a devida e respeitosa atenção aos receios e anseios de seus liderados, e mesmo quando a decisão original tiver de ser mantida e acatada por todos, buscar uma forma de explicar e convencer seus liderados, tentando criar uma verdadeira união em torno do objetivo almejado. Evidentemente, é muito mais fácil a tropa lutar com unhas e dentes quando entender a razão da batalha, do que quando se acha combatendo por combater, em uma guerra sem razão.

Do contrário, o projeto, a área ou toda a empresa, pode se encontrar em uma situação onde todos caminham juntos, contrariados, porém juntos, embora não verdadeiramente unidos, rumo à derrota, simplesmente porque ninguém teve ousadia para sugerir a correção da rota, ou o líder simplesmente não permitiu que alguém desse a salvadora sugestão.

[Crédito da Imagem – Paradoxo de Abilene – ShutterStock]

Autor

• Profissional com 16 anos de experiência em empresas multinacionais e nacionais de Tecnologia da Informação e Telecomunicações, com conhecimentos e experiência adquiridos nas áreas Comercial, Canais, Parcerias, Produtos e Técnica. • MBA em Gestão Estratégica de Negócios (ESALQ/USP), Master in Information Technology (FIAP) com módulo internacional pela Singularity University, Pós-graduação em Administração (UNIP) e graduação em Tecnologia em Marketing (UNIP). • Sólida experiência na gestão de equipes multidisciplinares. • Liderança técnica e comercial de projetos estratégicos em clientes privados e públicos, incluindo experiência e conhecimento da Lei Federal 8.666/93. • Experiência em Tecnologia da Informação (TI), incluindo Soluções em Big Data Analytics, Nuvem (Cloud), Continuidade de Negócios, Recuperação de Desastres, Virtualização (de Servidores, Desktops, Aplicações e Armazenamento), Bancos de Dados, Redes (SAN, LAN e WAN), Arquivamento, Data Center, Monitoramento e Mascaramento de Dados. • Experiência em Segurança da Informação (SI), incluindo Cyber Intelligence, Anti-DDoS, Segurança Perimetral e de Redes, End Point Security, MDM (Mobile Device Management), DLP (Data Loss Prevention), entre outros temas. • Experiência em Telecomunicações, incluindo Fixas e Móveis. • Experiência em Automação, com foco em M2M (Machine to Machine) e IoT (Internet of Things). • Domínio da Lei Geral de Proteção de Dados e das Resoluções 4658 e 3909 do Banco Central do Brasil. • Conhecimentos em Administração, Contabilidade, Gestão Tributária, Marketing e Direito (com foco em Direito Digital e legislação específica a respeito a respeito de Licitações e Contratos Públicos). LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/DiegoSalimDeOliveira

Diego Salim De Oliveira

Comentários

You must be logged in to post a comment.

Busca

Patrocínio

Publicidade



Siga-nos!

Newsletter: Inscreva-se

Para se inscrever em nossa newsletter preencha o formulário.

Artigos Recentes