Quem nunca trabalhou em um projeto com urgência de entrega, onde a prioridade para o cliente era questão de vida ou morte, ou melhor de perder ou não o emprego?
Sabe-se que quanto mais complexo e urgente um projeto se torna mais riscos e problemas estará suscetível, e consequentemente mais visibilidade e maior a possibilidade dos profissionais diretamente envolvidos serem afetados e responsabilizados pelo seu fracasso.
Como nada na vida tem um lado só, projetos com essas características tem o poder de expor e levar aos céus aquele que conseguir entregar no prazo, com qualidade e com os custos sonhados pelo cliente.
O melhor dos mundos é conseguir ficar com o bônus do sucesso e jogar nas costas de alguém a responsabilidade pelos fracassos inerentes a atividade de gerenciar, até porque problemas no decorrer do projeto fazem parte do dia-a-dia.
Os abutres de plantão em busca do sucesso fácil cheiram de longe a possibilidade de um “cadáver de gerente de projetos” e começam a rondar as reuniões no cliente ou na empresa, em busca de informações para saber a melhor hora para atacar, com o objetivo de não fazer nada e conseguir sair com o mérito de ter solucionado o problema.
Os gerentes de projetos mais experientes estão acostumados a sentir de longe a chagada dos abutres, e sabem que a melhor postura não é sair dando tiro para todos os lados com o objetivo de acertá-los, o ideal é deixá-los pousar e palpitarem a vontade.
Ideias e soluções impraticáveis surgirão, palpites e ações maravilhosas deixarão qualquer um presente na reunião sentindo-se um mero trainee. Por mais que a vontade de interromper apareça não faça, pelo contrário dê corda para ele falar mais, mesmo que o cliente e o chefe estejam maravilhados não afronte os palpiteiros, pois é exatamente isso que eles estão esperando, seu objetivo é desestabilizar quem faz acontecer.
Normalmente quem vem com soluções maravilhosas raramente as implantou, e quando o fizeram não foi exatamente da maneira que estão falando, para quem está acostumado a fazer não terá muito trabalho para desmontar teses mirabolantes. O que é necessário nessas situações é ter tranquilidade, predicado pouco encontrado em pessoas que estão acostumadas a fazer, e que em algum momento são obrigados a ouvir alguém dar palpite sem consistência sobre o seu trabalho.
Talvez a melhor virtude de um gerente de projetos é saber absorver as pancadas e devolver soluções com a habilidade da negociação e da comunicação na hora certa. Escute tudo com atenção, anote e peça mais detalhes sobre tudo, dê mais detalhes sempre que for solicitado, e em pouco tempo todos ouvirão um sonoro: “para cada caso é um caso e não tenho certeza que irá dar certo nessa situação”.
Caso a insistência continue proponha que o palpiteiro assuma as atividades que está sugerindo, afinal ele tem a competência e a experiência necessárias, e com certeza fará muito melhor do que você. Claro que ele não irá topar, não é louco, afinal entregar projetos dá muito trabalho.
A partir desse momento, desmontá-lo e mostrar ao cliente e ao seu chefe que tudo que foi dito não passa de um monte de palpites, será uma questão de tempo, pouco tempo.
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