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Jogo de Projetos: Razão e Objetividade

publicado por Israel Bovolini Jr

Decisões. Essa é a palavra-chave da rotina de qualquer gestor. Você que já gerenciou uma equipe/um projeto sabe o quão difícil pode se tornar este processo de decisão. Invariavelmente, em toda equipe existem pessoas com as quais você se simpatiza e outras que você simplesmente tolera. Seja sincero: a vida é assim mesmo, não dá pra agradar a todos nem ser agradado por todos. O famoso “pedra no sapato” existe e é bem representado em toda equipe.

Seja o que faz corpo mole, seja o impertinente, o alpinista de carreira, o puxa-saco, enfim, tipos não faltam, sempre existe alguém que vai fazer de sua vida um agradável salto vendado de paraquedas noturno em cima de uma floresta de espinheiros. Por outro lado, existem aqueles que são colaborativos, participam, ajudam mesmo no andamento das tarefas. A pergunta é: como lidar com decisões que afetam igualmente os dois tipos de comportamento?

A resposta: com RAZÃO e OBJETIVIDADE

Já viu a série Game of Thrones, que passa na HBO? Na segunda temporada, episódio 8, a mãe do Rei do Norte liberta Jaime Lannister, um refém capturado por Robb, com o objetivo de recuperar suas filhas – irmãs de Robb – que são prisioneiras da irmã de Jaime, Cersei, a rainha de Westeros. Este refém é temível em campo de batalha, tendo assassinado vários súditos do rei Robb, e estava sob pesada vigilância para garantir que a rainha ficasse em paz.

Robb descobre que Catelyn mandou Jaime Lannister de volta a Porto Real, sem avisar seu filho

“Por quê?” – perguntou Robb

“Pelas garotas” – respondeu Catelyn

“Você me traiu!” – disse Robb – “Sabia que eu não permitiria e o fez mesmo assim”

“Bran e Rickon são prisioneiros em Winterfell. Sansa e Arya são prisioneiras em Porto Real. Tenho cinco filhos e somente um está livre!” – respondeu Catelyn

“Perdi um filho lutando ao lado de SEU filho! Perdi outro, assassinado pelo Regicida, estrangulado com uma corrente! E você cometeu uma traição” – disse lorde Karstark

“Eu lamento por seus filhos, milorde…” – respondeu Catelyn

“Não quero seus lamentos, quero minha vingança! E você a roubou de mim!” – redargüiu lorde Karstark

“Matar Jaime Lannister não traria a vida de seus filhos de volta” – disse Catelyn – “mas mandá-lo a Porto Real talvez traga minha filhas de volta”

“Jaime Lannister a enganou como a uma tola. Você enfraqueceu nossa posição. Trouxe discórdia para nosso campo. E fez tudo isso pelas minhas costas” – disse Robb

“Assegurem-se de que ela seja vigiada dia e noite!” – ordenou Robb

“Robb…” – suplicou Catelyn

“Quantos homens já mandamos perseguir o Regicida?” – perguntou Robb”

“Quarenta, vossa Graça” – respondeu um soldado

“Mandem mais quarenta” – ordenou Robb – “com os cavalos mais rápidos”

“Robb!” – voltou a chamar Catelyn

Robb vira as costas e sai

Vamos a análise:

Catelyn é mãe de Robb – em nosso mundo, Catelyn seria aquele companheiro de equipe com quem você se simpatiza. No entanto, Robb analisa a situação e percebe que essa pessoa prejudicou o projeto (conquista do Reino); o que ele faz? Ordena que sua própria mãe seja posta sob vigilância, sendo tratada como traidora (o que de fato é), e manda recuperarem o refém que ela soltou. Ou seja, ele toma uma decisão baseada na RACIONALIDADE e OBJETIVIDADE. Deixa o sentimento de lado e assegura a retomada do projeto que sofreu uma perda causada pela EMOÇÃO.

“Entendi. O que você quer dizer é que todos nós temos que ser como robôs, que tomam decisões baseados unicamente na lógica?”, você pergunta. Respondo com outra pergunta: “Você quer ser querido e respeitado por entregar um trabalho de qualidade e fazer com que os outros saibam OU somente por ser um bom relações-públicas que não entrega nada?”. Infelizmente, este tipo de profissional RP ainda está bastante presente em nosso mundo, ocupando posições elevadas, baseando-se em castelos construídos nas nuvens.

Recentemente, um profissional de vários anos no mercado de TI, excelente em entregas mas péssimo na divulgação, me disse: “Israel, alguns de nós foram feitos para entregar, e outros para brilhar”. Com todo respeito, discordo veementemente. O bom profissional é aquele que BRILHA de forma PERENE por ENTREGAR COM QUALIDADE primeiro e DIVULGAR DIREITO depois. Inverter estes passos é um contra senso, pois, se você não conseguir entregar, toda a confiança que você ganhou vai por água abaixo. E confiança perdida nunca é recuperada. Não totalmente.

Então, se você toma suas decisões baseado(a) principalmente no caráter emocional, me desculpe, mas a tendência é que você perca a guerra.

Um exemplo prático: aquele seu companheirão de trabalho, que te ajuda sempre, começa a fazer corpo mole até por conta da amizade que existe entre vocês. Depois de um período de coaching, que pode começar informal, meio na brincadeira, você toma uma linha mais “dura” pra proteger a pessoa. A pessoa vai estranhar, pois seu comportamento mudou, e começar a se afastar. Você, que vê esse afastamento, relaxa a guarda pra manter a amizade ou mantém a linha pra que a outra pessoa se conscientize e valorize o próprio futuro (o que, no fundo, indica mais preocupação com a amizade)? E se nada mais der certo, e você tiver que dispensar a pessoa? Você vai dispensá-lo(a) por conta do mal trabalho ou vai mantê-lo(a) somente por conta da amizade?

Tudo depende somente destes conceitos: RAZÃO e OBJETIVIDADE. Suponha que você mantenha a pessoa, que continua a fazer corpo mole, e o projeto despenca, levando você junto (afinal de contas, você é o responsável). A alternativa: você dispensa a pessoa, e consegue recuperar o projeto sabe-se lá Deus como. O que acontece com a amizade? De alguma forma, você ainda terá que se esforçar para “recuperar” sua amizade fora do ambiente de trabalho, conversando com a pessoa que você dispensou e tentando conscientizá-la do porquê. A amizade verdadeira vai se revelar no momento que a outra pessoa entender que sua decisão foi baseada no bem-estar do projeto e da própria outra pessoa, que tomou um sacode e vai entender que o comportamento adotado não era o mais certo. Isso facilita a vida de muitas maneiras: todos vão trabalhar sabendo que dentro da empresa a jiripoca pia, e até mesmo por isso você vai evitar os puxa-sacos que querem sua amizade somente porque esta representa mais dinheiro na conta. Tenha em mente que uma empresa não é um Country Club, é Business; por mais que você tenha uma roda de amigos dentro da empresa, existe todo um microuniverso de relações pessoais com outros grupos que, no frigir dos ovos, só tem um objetivo: fazer o negócio crescer para que os que participam deste crescimento também lucrem com isto. Você prefere que este crescimento aconteça com sua equipe ou com as equipes dos outros?

Então, jovem padawan, haja como diz a Bíblia: seja astuto como as serpentes e simples como os pombos. Razão e objetividade, e sua vida estará bem encaminhada

Sucesso!

Autor

Trabalho na área de tecnologia há 12 anos, tendo sempre um perfil generalista, atuando desde o levantamento de requisitos, passando por análise de sistemas, desenvolvimento, implantação e fazendo acompanhamento pós-venda. Atualmente me dedico à liderança e coordenação de equipes de desenvolvimento, procurando sempre extrair o máximo de cada um e aplicando seus talentos para que todos saiam satisfeitos. Acredito que não exista um profissional cujos talentos não possam ser aproveitados em algum aspecto de um projeto, basta saber estimulá-lo a isso. LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/ibovolini

Israel Bovolini Jr

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