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Seja dono do negócio (pero no mucho)

publicado por José Paulo Pinto

Uma das máximas do momento quando as empresas escrevem seus valores e práticas é dizer para os funcionários agirem na empresa como se fossem donos dela.

Num país em que as pessoas tem vocação para empreender, teria tudo para dar certo. Mas, pergunto: será que as empresas estão prontas para aceitar mais um “sócio” no seu dia a dia?

Acho que a maioria não.

O processo orçamentário

E isto se vê facilmente quando as empresas estão fazendo o processo de orçamento. As áreas de negócio e de apoio montam os seus números com base nas projeções que acreditam ser as mais prováveis e submetem a apreciação da diretoria/conselho. Então começam os cortes, os apertos, e o orçamento ao invés de ser um retrato da projeção financeira da empresa, passa a ser um mercado de negociações onde quem está acima quer tirar dinheiro de quem está abaixo e vice-versa.

No fim, o conselho sai “satisfeito” por ter conseguido tirar um pouco da “gordura” que os gestores de área previram. E o gestor que fez o seu orçamento para refletir a realidade vai ter que matar um leão por dia para atingir o número, enquanto aquele que colocou uma despesa extra, já prevendo o corte, se saiu bem. O que vai acontecer no ano seguinte? O gestor que se matou durante o ano vai colocar uma “gordurinha” também para não sofrer novamente.

E quem ficou de fora desta história? A empresa, que foi esquecida pelos seus donos. Tanto por quem é dono de fato, quanto para quem pediram que agisse como dono.

Jack Welch já dizia que o orçamento é a “perdição da América Corporativa”. E complementa: “definir o orçamento é um exercício de minimização porque o que importa é o valor mais baixo e não o melhor resultado”.

Alçadas de aprovação

Quer outro exemplo? As diversas alçadas de aprovação nos diversos ERPs implantados por aí. Não estou de forma alguma criticando nenhum ERP, eles são essenciais para manter o controle financeiro e contábil da empresa. O problema está nas milhares de regras criadas para garantir que ninguém gaste mais do que deva, mesmo que todos devam agir como dono do negócio. E no final quem acaba aprovando tudo é a secretária porque diretor não tem tempo de entrar em ERP para aprovar pagamento.

Empresa x emprego

Por fim, pedem para você pensar como se fosse dono da empresa. Você vai lá, luta para que as coisas aconteçam, tenta melhorar processos, discute com os outros para o bem da empresa e o que acontece? Você fica com fama de intransigente, de não saber trabalhar em equipe, de não ajudar os outros. Ora, qual dono de empresa vai olhar de forma complacente para algo errado no seu negócio?

Por fim, você é demitido ou pede demissão por não ter mais clima na empresa e qual a consequência? Quem pensou na empresa foi para a concorrência e quem pensou no seu emprego ficou.

Por isto acho que a sugestão para constar nas práticas de muitas empresas seria algo como: “Seja dono do negócio, pero no mucho“.

Autor

José Paulo Pinto atua há anos em empresas de internet. Já foi Diretor Administrativo-Financeiro da Plug In, Gerente Geral Financeiro no UOL Host e, atualmente, é Gerente de Planejamento Financeiro na Oi Internet. Também foi sócio da startup gBolso e fundador da startup GPshopping. É formado em Ciências Contábeis pela UFRGS com pós graduação em Finanças Empresariais (ESPM) e Administração Estratégica (FIA).

José Paulo Pinto

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