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Gestão de Projeto Verde Amarela

publicado por Davambe

Muito antigamente, lá na terra dos Elefantes, houve um projeto: “Amarela”, dirigido com sucesso pelo Leão que recebera honrarias e ovacionamento pelos Elefantes em reconhecimento. Isso já faz tanto tempo, mas ainda nos dias atuais é comentado, nunca ninguém fez tanto como ele, o gajo era bom mesmo.

“O que ele fez para ser eternizado?” Perguntava o Tigre ao Jacaré.

“Sei lá, só sei que ele era bom, porreta.” Disse o Jacaré, aconselhando o Tigre a procurar alguém como o Cágado que havia participado do projeto.

Naquele mesmo dia o Tigre foi atrás do réptil. O Cágado muito respeitoso e atencioso achou curioso o interesse do seu chefe em um projeto de muitos anos.

“Sabe como é, sempre há lições a aprender, fale-me desse projeto”, ordenou ele.

O projeto “Amarela” aconteceu numa época em que a exploração de ouro estava no auge, era ouro para lá, ouro para cá. A cor amarela simbolizava ouro, prosperidade da época.

“Só por isso?”

O Cágado encolheu as patas e começou a falar sobre o projeto arquitetado pelo Leão, eternizado pelo Elefante Cinzano, seu chefe.

Num dia de pouca inspiração, o Leão vendo que seus projetos e programas estavam a caminhar sem complicações, perdeu encanto de gerenciá-los, andava a rugir, a procurar desafios, como é do seu feitio, foi então que inventou o projeto “Amarela” e o defendeu com unhas e dentes no comitê; conseguindo aprovação.

“O que ele fez ,seu infeliz, fala logo.”

O Cágado esticou as perninhas novamente e contou: o Leão mandou pintar o castelo do Elefante com a cor amarela.

O Tigre não esperou o Cágado terminar de contar: chutou-o e saiu correndo. Uma semana depois estava ele no comitê a defender o projeto “Verde”.

A sala estava repleta de gestores interessados no projeto, anunciado nas ferramentas de apoio à gestão.

“Camarada, estamos todos ansiosos, que projeto verde é esse?” Comentou a búfala.

“Só quero ver! Uma época de carestia como essa… Não venha com choraminhices”, dizia curiosa a Girafa.

O Tigre estava à vontade, seu projeto envolvia de certa forma uma injeção de ânimo ao tempo que se vivia.

Estava tudo pronto para apresentação… Quase tudo pronto, porque naquele momento faltou energia.

“Nossa, como ficamos dependentes de tecnologia.” Comentou furioso.

“Você imprimiu?”

“Não há plano B? Outra maneira de apresentar?”

Plano B, C, não havia, tinham que esperar a boa vontade do retorno de energia elétrica que não estava com disposição de restabelecimento tão cedo.

Enquanto isso, ouvia-se coro: conta, pode falar.

O Elefante Mor cancelou a reunião para o dia imediatamente útil.

O Crocodilo, que era epicurista, foi o único que não se abalou com ausência de atividades naquela sala. “Não deixarei nem um minuto escapar, sem me divertir.” Não perdeu tempo, começou a pegar moscas. Suculentas moscas que sobrevoavam, foram parar no estômago ácido e largo do crocodilo.

Chega! Dizia um e outro, e todos foram se levantando e deixando a sala com muita tristeza.  O fato de não haver energia elétrica não inibia a terra de girar em torno do sol. O sol preguiçoso deitava-se, a mudar de cor, escureceu. A noite ficou madura, outro dia chegou, encontrando a luz a brilhar, pronta para consumo. Os aparelhos foram religados. A vida tecnológica reinou para a glória do Tigre, que perdeu a noite. Sim, não conseguia dormir enquanto seu projeto não fosse apresentado e aprovado. O que estava em jogo era acabar com o mito do Leão, esquecer definitivamente esse tal de projeto “Amarela”. Não é para sempre, neste mundo tudo é passageiro, e porque tinha então que ouvir essa lenga-lenga. Tinha que ser substituído e que fosse pelo seu projeto, sim, isso sim. Projeto “Verde”, falar nele é falar em seu nome, seu projeto é que era eterno. Arrumou-se. Sorriu ao espelho. Mandou beijo. Saiu e foi apresentar o projeto.

O Tigre apresentou o seu projeto “Verde”. Era uma época que tanto se falava em salvar a natureza e preservação de todas as espécies. Recursos careciam, quase todos a pensar a mesma coisa: “como evitar o padecimento da natureza?”. Alguns estavam empenhados em ações de reciclagem e outras ações, mas outro grupo parecia não ter a mesma consciência do uso racional. Mas é assim mesmo, do mesmo jeito que Deus fez existir um ser consciente, fez existir, igualmente seu irmão inconsciente, que não está nem ai com reciclagem ou outras ações afirmativas. Não é assim? Isso é algo superior, pensava ele enquanto fazia apresentação.

O projeto foi aprovado por unanimidade, em poucas semanas já estava em execução.

“Tigre! Tigre! Tigre!”

“Meu Chefe.”

“Bendito seja Deus!”

Dispensa-se dizer aqui que o projeto “Verde” consistiu em pintar o castelo de verde, adequando a cor ao momento ecológico. Alguns queriam matar o Tigre, mas como a maioria era a favor oposição nenhuma foi relevante.

Autor

Consultor de TI, com mais de 25 anos de experiência, Escritor. Autor de "O Segredo da Felismina", "Tanto Lá Quanto Cá" e "A Sereia de Tupa". Email: geraldo.nhalungo@davambe.com.br www.davambe.com.br

Davambe

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