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Qual o feitiço da Apple?

publicado por Francisco J S Fernandes

Como é curiosa essa coisa do marketing. Mesmo quando as coisas começam a parecer ruins, que o mago de uma companhia (RIP Steve Jobs) nos deixa, e que a mesma companhia desanda a fazer escolhas equivocadas, vem o cliente e mostra que não está nem ai e simplesmente abraça o produto. É um impressionante movimento, que consegue derrubar algumas teorias e criar outras. Não estou de forma alguma fazendo apologia nem defendendo o iPhone, apesar de usar um. Tento entender o que a Apple conseguiu fazer com seus consumidores, que parecem cegos e enfeitiçados pela Maçã.

Os últimos lançamentos relacionados ao iPhone mostram a mesma estratégia da Apple. Não revoluciona, não cria nada inesperado, apenas atende parcialmente os anseios de seus fãs. Segura novas funcionalidades para fazer atualizações num intervalo de tempo menor. E o que acontece em seguida a cada lançamento? Corrida às lojas para aquisição do novo sonho de consumo. Todos parecem já conhecer a estratégia da Apple, mas nem assim conseguem se livrar da sua sedução. Não amigos, isso não significa algo ruim. Pelo contrário, bato palmas para a Apple.

Em um ponto a Apple tem sido mais feliz que a concorrência, e talvez esse seja o calcanhar de Aquiles do seu sucesso: seus produtos são intuitivos, o bastante para permitir que o manual nunca seja aberto. Pelo menos não aquele que vem em papel, impresso. Desde o iPhone 3G, a Apple mantém uma compatibilidade impressionante, capaz de permitir que mesmo o iPhone mais antigo carregue seu sistema operacional mais moderno. Ponto pra Apple. A interface não muda, os comandos estão sempre lá, e o que chega novo parece se integrar sem que possamos perceber. Acertaram numa receita que virou sucesso e a carregam entre gerações, incluindo ai os iPads e iMacs e demais dispositivos que cada vez mais se interconectam. Realmente esta é a estratégia vencedora, num mercado onde raramente vemos uma companhia desenvolver o hardware e o software, o que permite alcançar níveis de sinergia entre os produtos simplesmente fantásticos. Outro ponto pra Apple. Se já não bastasse a dupla hardware e sistema operacional, ainda carrega a maior lista de aplicativos disponível no mercado, o que praticamente o deixa em situação privilegiada se o quesito principal para escolha for as opções de aplicativos.

Pela primeira vez surge um concorrente a altura. Na verdade, um concorrente mais moderno, atualizado e com características superiores. Sim, o Samsung Galaxy S III é o smartphone do momento, mais avançado que qualquer iPhone, mas nem assim consegue seduzir os seguidores da empresa de Cupertino. Mesmo sem a rede 4G no Brasil, e funcionalidades como o NFC, o iPhone deve seguir imbatível. Tudo porque a experiência do usuário com o iPhone ainda é extremamente favorável. O Android ainda sofre com as diversas implementações diferentes, versões distintas e impossíveis de se atualizar dependendo do hardware e do fabricante. Vejo muita gente ainda comprando o iPhone 3Gs, que é vendido bem mais barato, simplesmente para poder usufruir dos serviços da Apple. Provavelmente serão usuários satisfeitos, principalmente se for a primeira experiência com smartphones. Já com os Androids não vale à pena adquirir um equipamento com versão 2.0 por exemplo. Primeiro porque a diferença entre as versões mais novas e estas é grande e segundo porque não será possível fazer upgrade. Não é culpa do Android. Sua proposta é justamente esta. O problema está nas empresas que implementam o sistema operacional em seus dispositivos, deixando a impressão que suas estratégias são sempre para curto prazo, enquanto a Apple mira bem mais à frente.

A Apple tem se esforçado para dar espaço aos seus concorrentes – vide os erros com a estratégia de deixar de usar o Google Maps. A empresa claramente controla seus lançamentos, apresentando novidades aos poucos,  lançando produtos intermediários, como o iPhone 4S, que na prática são uma tremenda embromação. Talvez o preço do iPhone 5 acabe sendo determinando para que algumas pessoas experimentem o novo, incluindo este que vos fala. Talvez assim eu seja melhor visto pelos meus amigos ex-usuários de iPhone, donos atualmente da máquina versátil do momento, o Galaxy S III. Para eles, apesar da minhas preferencias no futebol serem questionáveis, meu defeito principal é ser (ainda) usuário da Apple.

Autor

Profissional de IT e apaixonado por tecnologia, Francisco é Arquiteto de Soluções com mais de 25 anos de experiencia no mercado de TI em diversas empresas como BID, HP, EDS, Fininvest, Unibanco, Banco Nacional e Sul America Seguros. Escrever é um dos seus hobbies e, além de tecnologia, é aficionado por música, viagens, fotografia e futebol. Meus contatos são: LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/franciscojsfernandes E-mail: kikofernandes@gmail.com Twitter: @kikofernandes71

Francisco J S Fernandes

Comentários

3 Comments

  • A Apple nunca prometeu que revolucionaria todo ano. A linha de produto iPhone já está consolidada. É esperar demais de uma mesma empresa que ideias mirabolantes sejam aplicadas em todo lançamento. Parece que os consumidores querem que a tecnologia evolua mais rápido do que já é, e depois reclamam que sempre tem coisa nova pra comprar.

    Além disso, ano após ano são lançados “novos” modelos de carro, com poucas modificações em relação ao ano anterior, e ninguém diz nada (e continuam comprando).

    Querer experimentar algo novo é natural, mas trocar de aparelho celular simplesmente porque o que temos ainda é o mesmo do ano passado é uma necessidade de pessoas interessadas em gadgets e sistemas operacionais. Sim, nós geeks/nerds/whatever. É por isso que a Apple, por enquanto, está no topo.

    Em tempo: espero que a frase sobre seus amigos terem suas preferências de futebol e de smartphone como defeitos seja superficial. Afinal, quem escolhe amigos por afinidades como essas, está escolhendo errado.

    • Ola Bruno, obrigado pelo comentário !

      Justamente por já estar com sua linha iPhone consolidada, a Apple tem guardado suas novidades e as colocado no mercado aos poucos. Obviamente a concorrencia o fez num outro ritmo, porque precisa ganhar espaço.

      Não estou de forma alguma criticando a estratégia da Apple, pelo contrário. Admiro muito a empresa, sendo inclusive seu usuário.

      Sobre meus amigos, obviamente trata-se de uma brincadeira. Quis enfatizar que as divergencias sobre adoção de Android ou iOS está criando verdadeiras torcidas, similar com o que acontece com o futebol. E apesar de cada um ter seus argumentos tecnologicos, é questão de gosto, paixão 🙂

      Grande Abraço

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