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Impactos positivos e negativos do Big Data

publicado por Cezar Taurion

O assunto Big Data está se aquecendo a cada dia. Recentemente a Pew Internet publicou um paper interessante, que pode ser acessado na sua íntegra aqui.

O paper resume um estudo com centenas de pesquisadores e especialistas sobre os impactos, positivos e/ou negativos que Big Data poderá ocasionar nas empresas, pessoas e sociedade nos próximos anos. O crescimento no volume e variedade de dados é imenso e a velocidade de geração de novos dados está se acelerando rapidamente. Dados já começam a ser parte tão importante da economia como trabalho e capital. Assim, sairemos de uma era onde capital e trabalho determinavam os valores economicos, para uma outra onde o valor será a conjunção do capital, trabalho e dados. Talvez entremos em uma época chamada de datanomics.

O relatório da Pew foi baseado nas respostas a duas questões, uma com viés positivo do efeito do Big Data, “Thanks to many changes, including the building of the Internet of Things, human and machine analysis of large data sets will improve social, political and economic intelligence by 2020. The rise of what is known as Big Data will facilitate things like newscasting (real-time forecasting of events); the development of inferential software that  assesses data patterns to project outcomes; and the creation of algorithms for advanced correlations that enable new understanding of the world. Overall, the rise of Big Data is a huge positive for society in nearly all aspects”. A outra questão apresentava viés negativo, “Thanks to many changes, including the building of the Internet of things, human and machine analysis of Big Data will cause more problems that it solves by 2020. The existence of huge data sets for analysis will engender false confidence in our predictive powers and will lead many to make significant and hurtful mistakes. Moreover, analysis of Big data will be misused by powerful people and institutions with selfish agendas who manipulate findings to make the case for what they want. And the advent of Big data has a harmful impact because it serves the majority (at times inaccurately) while diminishing the minority and ignoring important outliers. Overall, the rise of Big Data is a big negative for society in nearly all respects”. O resultado foi de 53% favorável ao viés positivo e 39% concordando com os posicionamentos negativos.

Este resultado mostra que estamos ainda no início da curva de aprendizado do que é Big Data e de seu impacto na sociedade. Aliás, estas dúvidas também aparecem em um outro paper que recomendo ler The Promise and Peril of Big Data”.

Pessoalmente, opto pelo viés positivo, mas com fortes alertas a questões como privacidade e uso indevido e não autorizado de informações pessoais. Mas, olhando o viés positivo, já existem casos bem interessantes de uso de Big Data, onde se identifica neste oceano de dados padrões de conexões e interdependências que não conseguiamos observar quando usando amostragens bem menores. Um deles é o Flu Trends, do Google. Baseado na imensa quantidade de dados que obtém a cada minuto no seu buscador e que estão relacionados com as necessidades das pessoas, o Google desenvolveu um projeto onde se extrapola a tendência de buscas e conseguiu-se identificar tendências de propagação de gripe antes dos números oficiais refletirem a situação. Este tipo de previsão também pode ser feito para inflação, taxa de desemprego, etc. Um paper que descreve em maiores detalhes o Flu Trends pode ser lido aqui.

Existem diversos exemplos reais de uso de Big Data como os que a Amazon e NetFlix fazem com seus sofisticados sistemas de recomendação. Recomendo a leitura de um interessante artigo que conta o case da Intuit, empresa americana de software financeiro para pessoas físicas e pequenas empresas, que inclusive criou uma vice-presidência intitulada Big Data, Social Design and Marketing. Instigante, não?

Claro que a tecnologia ainda tem muito que evoluir, principalmente no tocante a maiores facilidades de manuseio de dados não estruturados e novas formas de visualização de dados. Veremos também um impulso maior na evolução das técnicas de Inteligência Artificial, como ferramenta auxiliar para a análise deste imenso volume de dados. Uma “learning machine” aprende com dados e quanto mais dados, mais o algoritmo aprende. Cria-se, portanto, um círculo virtuoso. Big Data é um passo significativo em busca da computação cognitiva. O exemplo do Watson da IBM é emblemático desta tendência. Recomendo acessar a página da IBM que descreve o Watson e suas aplicações.

Adicionalmente, Big Data vai demandar novas funções e habilidades. Mas quando chegarmos a um cenário de “do-it-yourself analytics” aí sim Big Data será bem mais disseminado e útil para a sociedade. Na verdade, praticamente todo ramo de conhecimento humano vai ser “data intensive”. Imaginemos ciência política, por exemplo. Com análise de centenas de milhões de dados gerados por posts em blogs, buscas por determinados assuntos, tuítes e comentários no Facebook, aliados a informações oficiais como press releases e artigos da mídia podemos analisar tendências de disseminação de determinadas correntes políticas, antes mesmo que pesquisas como as feitas tradicionalmente pelos institutos de pesquisa as apontem. Com uso de ferramentas automatizadas e novas formas de visualização atuando em cima de volumes medidos em petabytes, provavelmente não será mais necessário fazer-se pesquisas de campo como feitas hoje.

Enfim, na minha opinião, creio que Big Data está hoje onde a Internet estava em 1995, ou seja, quando começou a onda da Web e as primeiras iniciativas de comércio eletrônico surgiram. Ninguém conseguia prever, naquela época, o nascimento de empresas bilionárias como uma Amazon (criada justamente em 1995), de um Google (surgiu em 1998) e muito menos de um Facebook (2004), bem como as grandes mudanças que a Web provocou na sociedade. Portanto, acredito que apenas em torno de 2020 teremos uma ideia bem mais precisa do que as novas oportunidades de compreensão do mundo geradas pelo Big Data provocarão nas empresas e na própria sociedade. Mas, os primeiros passos devem ser dados agora, sabendo-se dos riscos, mas também dos grandes prêmios do pioneirismo para as empresas que começarem na frente. Teremos tempos excitantes pela frente!

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

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