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E agora? Quem poderá me socorrer?

publicado por Guilherme Rigolon

E agora? Quem poderá me socorrer?

A vida corporativa é cheia de tensões, conquistas, conflitos, avanços, retrocessos, contradições etc. Estamos constantemente diante de problemas que demandam soluções urgentes. Geralmente precisamos decidir qual o novo caminho a seguir criando novos atalhos pelo caminho e sem GPS para nos auxiliar.

Independentemente do cargo ou da posição ocupada, sempre temos algo a decidir, estamos sempre assumindo responsabilidades, tomando partido, formando opiniões, defendendo pontos de vista etc.

Em pesquisa científica realizada em 2007 e apresentada no X Seminário de Administração (SEMEAD) da Universidade de São Paulo (USP), esse tema foi abordado. O questionamento apresentado referia-se aos profissionais de TI buscando analisar a seguinte questão: quando estes têm alguma dúvida técnica a ser resolvida, a quem eles recorrem para resolver o problema?

A pesquisa envolveu 50 profissionais (Analistas de Sistemas, Analistas Funcionais, Especialistas em Programação e Consultores de Suporte e Atendimento ao Cliente) de uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil na época. Era solicitado aos participantes dissessem a quem recorriam quando surgiam dúvidas técnicas, mencionando também a respectiva frequência com que os pedidos de ajuda eram solicitados.

A pesquisa evidenciou que quando um dos participantes tinha uma dúvida técnica, procurava, na maior parte das vezes, algum conhecido que não pertencia ao quadro profissional da empresa, ou seja, alguém de fora, utilizando sobretudo os seguintes meios de comunicação: msn, skipe, e-mail, telefone. Não recorrendo ao seu superior técnico e nem aos seus pares

Essa prática de buscar auxílio “fora do seu ambiente corporativo”, expressa o receio que estes profissionais têm de expor suas dúvidas aos seus superiores e pares, expressando a percepção de que perguntar algo pode ser entendido como fraqueza ou falta de competência e que posteriormente poderão ser lembrados pelo questionamento que fizeram, por exemplo, na hora de uma avaliação de desempenho.

Esse comportamento nos remete aos alunos e alunos nos bancos escolares, há muitas décadas atrás, quando perguntar alguma coisa ao professor era sinal de falta de atenção, de interesse, sinal de alguma dificuldade em aprender. Sabemos hoje que os melhores alunos são justamente aqueles ousam perguntar, que questionam, que criticam, que mantem viva sua curiosidade, que se arriscam a aprender cada vez mais. No mundo corporativo o simples ato de perguntar pode ser entendido como sinal de insegurança ou mesmo de incompetência, e não podemos deixar de considerar a competitividade acirrada que muitas vezes fomenta a sonegação de informações e trocas de experiências.

A situação identificada na pesquisa não é exceção, muito de nós já passamos por situações similares, onde recorremos aqueles com quem nos sentimos mais à vontade, e para quem uma pergunta não será interpretada como incompetência, falta de compromisso ou atenção. A pesquisa realizada nos provoca outros questionamentos, tais como:

a) Será que os líderes têm garantido uma linha de comunicação de mão dupla, segura e confiável que permita à sua equipe sentir-se à vontade para perguntar?
b) Será que os resultados apresentados nesta pesquisa se aplicam ao seu grupo de trabalho ou a você?
c) Será que a competitividade entre os componentes de sua equipe anda tão acirrada a ponto de que seu pessoal busque ajuda externa, no lugar de consultar os próprios pares ou seu líder?

A meu ver o caminho não é buscar culpados ou vítimas, mas analisar o clima organizacional e os vínculos que sua equipe tem construído, analisando a repercussão e os efeitos dessas atitudes no ambiente de trabalho e nos resultados alcançados.

Cabe ao líder encontrar tempo para ter um olhar e uma escuta mais atenta acerca do que acontece dentro do ambiente de trabalho, garantindo um processo dialógico e justo, onde todos os profissionais sintam-se confiantes para tecerem as perguntas que forem necessárias para realização de um bom trabalho, afinal ninguém sabe tudo e ninguém é infalível, não é mesmo?

Autor

• 33 anos de experiência na área de Tecnologia da Informação e no Gerenciamento de Projetos locais e globais. • 17 anos de experiência na utilização das melhores práticas do PMBOK (PMI®). • Certificado como Project Management Professional pelo Project Management Institute (USA). • Mestre em Administração/Gerenciamento de Projetos (Foco em Gestão de Pessoas). • Pedagogo. • Experiência em empresas Nacionais e Multinacionais. • Palestrante em cursos e workshops de temáticas corporativas (Ética, Comunicação, Liderança, Mudanças e Planejamento). • Vários artigos publicados sobre Gerenciamento de Projetos, Terceirização em TI e Gestão do Conhecimento.

Guilherme Rigolon

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