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A Terapia dos Bits

publicado por Julio Cesar Van Vossen

Ao longo dos anos viu-se a TI se moldar a tudo e a todos que com ela se relacionavam e dependiam. Se por hora no início (nos  velhos  CPDs com seus mainframes ) ela ditava seu ritmo,  e de certa forma suas regras, e conseguia fazer tudo ao seu tempo, hoje não é mais assim.  A TI se transformou  e buscou seu espaço demandando uma forte evolução de seus profissionais e sendo demandada por cada vez mais requisitos e entregáveis. Não se admite, nas atuais circunstâncias, uma TI ausente, que não marque presença frente aos negócios das organizações. Aquelas que ainda não conseguiram sua representatividade e demonstrar  seu valor, com certeza estão se mostrando medíocres em sua atuação,tornando-se não mais que simples coadjuvantes ao crescimento da empresa quando e se isso acontecer.

Porém, esta evolução e importância  cobrou seu preço. Na medida em que ganhava relevância nos negócios e que disseminava para ele seu pacote de recursos, entendia que para continuar evoluindo e justificar seus investimentos necessitava incorporar modelos e formas de trabalho que não necessariamente faziam parte de sua rotina técnica.  Modelos de gestão, teorias de administração, práticas de marketing e principalmente gestão de pessoas. Não bastasse a complexidade de seus processos e o que a constante inovação tecnológica lhe impunha, a TI viu-se à mercê de tratar cada vez com mais propriedade o fator emocional.  Seja com seus clientes em atendimentos de suporte, ou via interações com demandas de projetos, lidar com o emocional das pessoas virou palavra de ordem no meio a tantos conceitos técnicos.  Por sua abrangência e influência nos processos de negócios, cobrou-se do time de TI algo mais  que  apenas bits e bytes, mas técnicas de relacionamento interpessoal.

Transformar o perfil de técnicos  para consultores internos, fazendo-os escutar o negócio ao invés de apenas ouvi-lo. Pois bem, tem diferença? Sim,  e muita, pois ao ouvir apenas fazemos o exercício de um de nossos sentidos. Ao escutar nossos clientes internos passamos a sentir suas demandas, perceber seus desejos. O que habilita TI a exercer com maior propriedade as análises necessárias à entrega racional dos requisitos do negócio.  O que parece ser apenas uma recomendação Freudiana, passa a ser uma prática e habilidade exigida de seus profissionais.

Então os CIOs, depois de entenderem esta transformação, e também de se moldar a elas, passo primordial para esta transformação, precisam  capacitar de forma muito rápida e consistente toda sua equipe. Uma boa prática que vejo acontecer como forma de acelerar este processo é trazer à equipe de TI pessoas do negócio. Profissionais que irão falar com as áreas o seu idioma e estarão necessariamente mais sensibilizados às suas preocupações. Em resumo, fazer o repasse de conhecimentos técnicos passou a ser mais fácil do  que  habilitar  seus profissionais a atender o negócio.

Mesmo frente a todas as justificativas acima acredito no equilíbrio de perfis.  A TI não poderá transformar todos seus integrantes em consultores,  sob pena de não conseguir aplicar a constante  atualização tecnológica que lhe é submetida. Logo, é necessário administrar  perfis com nível de especialização alta e submetê-los a níveis cada vez maiores de inovação para oportunizar ao negócio constantes condições de se reinventar.

Tudo isso pode parecer óbvio, mas equilibrar e dimensionar  bem a equipe  voltando os consultores internos ao atendimento do negócio e os técnicos às demandas  deste negócio parece-me ser a chave para que TI seja protagonista do crescimento de suas organizações. O CIO que achar este ponto terá a representatividade esperada pelas corporações e passará a assumir desafios ainda maiores sem precisar de terapia.

Autor

Júlio Cesar van Vossen Formado em Informática e pós graduado em Gestão Empresarial pela FGV e atualmente CIO na Duas Rodas, multinacional produtora de matérias-primas para as indústrias de alimentos. Conhecimentos em soluções de infraestrutura para companhias de médio e grande porte contemplando projetos de Datacenter, telefonia IP, colaboração e comunicação corporativa. Profissional certificado em ITIL e com experiência de implantação das boas práticas da governança corporativa e de TI , utilizando as bibliotecas COBIT, BSC e PMI. Recentemente responsável pela gestão e planejamento estratégico. Gerente de Projetos responsável pela implantação do sistema SAP. Twitter : #jcvossen

Julio Cesar Van Vossen

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