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Uma típica reunião de TI

publicado por Francisco Benedicto de Cerqueira Junior

Então seu cliente marcou uma reunião daquelas e você sabe de antemão que as próximas quatro horas de discussões vazias vão gerar umas três linhas de requisições de sistema de fato nas suas anotações. Os outros cinco grafites que você usou foi com desenhos e rabiscos pelas páginas enquanto as pessoas que o gerente do sistema chamou para participar da reunião disputavam entre eles o que deveria ou não deveria ser solicitado para você.

Não adianta a reunião ter pauta ou não, o fato é que você nem deveria estar ali. Aí o assunto que começou em como enviar um arquivo para algum lugar, nos dois minutos que você desligou seu ouvido para desenhar seu nome na folha mudou para qual a oficina que cobra mais barato para arrumar um pára-choque de carro batido. As pessoas chamam sua atenção para que você anote o que eles querem no relatório. Na terceira coluna – digamos que ela se chama “Pasta” – a pessoa se lembra que está com fome e começa a falar de um monte de cantinas, a discussão se espalha pela mesa e em dez minutos você tem um roteiro gastronômico da região, mas ainda não tem o layout do relatório.

Aí começa a pancadaria. Especialmente se a empresa for grande e houver muita gente envolvida. Vai ficar evidente que o cara de bigode não gosta nem um pouco da mulher de camisa vermelha, que o carinha novo está tentando falar um monte na reunião mas ninguém nem dá atenção para o coitado, que a mulher de xadrez fica muito brava quando suas idéias são contrariadas e aí, em algum momento, ela se magoa e fica de cara feia e quieta pelo resto da reunião, e que aqueles três tios lá do canto – é, aqueles mesmo, que estão mostrando fotos dos seus netos entre eles – não sabem por que foram chamados para a reunião.

Se houver muita gente, você vai ouvir o celular tocar várias vezes. Uma coisa bacana é você contar quantas vezes ele toca em uma hora. Aí você tenta elaborar uma equação para adivinhar quantas vezes ele vai tocar em uma outra porção de tempo. É legal, passa o tempo. Cinco pessoas vão sair no meio das discussões por algum outro motivo. Se for uma pessoa importante, quando voltar vai querer saber o que aconteceu na ausência dele. Digamos que ele ficou cinco minutos fora. Serão necessários vinte e cinco minutos de explicações para ele entender o que aconteceu enquanto ele foi ao banheiro ou ficou vendo o powerpoint que mandaram por e-mail para ele com fotos de crianças, uma mensagem religiosa ou mulher pelada mesmo.

No final da reunião chega-se a conclusão de que nada foi concluído, então outra reunião é marcada. É uma experiência e tanto, porque na próxima reunião você entra em contato com conceitos físicos pouco prováveis como espiral temporal, ou qualquer coisa que faça você acreditar que já viveu aquilo antes. Também tem o lado espiritual, sabe aquelas pessoas que dizem que abandonam o corpo e passam a vê-lo do lado de fora? Você pode viver uma experiência destas numa reunião assim. Na pior das hipóteses a expressão “Dèja Vu” vai ficar bem clara para você.

Em minha opinião, para uma reunião ser produtiva ela precisa:

  • Ter uma pauta muito bem definida;
  • Que o responsável pela reunião não permita que esta se desvie para outros assuntos;
  • Que cada elemento convocado para a mesma saiba de antemão aquilo que é esperado dele, para que ele se prepare para a reunião;
  • Que a reunião nunca passe de uma hora, pois a partir de então ela passa a ser fatalmente improdutiva;
  • Não aceitar convocações para reuniões onde você não tem poder de decidir nada que será discutido;

Outra coisa fundamental é não gastar mais tempo discutindo do que fazendo propriamente o trabalho. Este vídeo do TED discute a real eficiência de reuniões em ambientes de trabalho. De fato, há pessoas que consideram trabalhar isoladamente em casa mais produtivo do que o trabalho no escritório. É algo a se pensar – será que a cultura da sua empresa faz dos seus empregados vítimas de reuniões sem fim, tornando-os improdutivos?

Autor

Trabalho com desenvolvimento de software desde 1993, sempre com a plataforma Microsoft. Tudo começou com Fox Pro DOS, então veio o Fox Pro Windows, VB 3, depois 4, 5, 6 e finalmente C# e VB.Net. Sou MVP em VIsual Basic .Net desde 2006, declaradamente apaixonado por .Net Framework e tudo que o rodeia. Tenho diversas certificações em .Net e SharePoint (MCP, MCAD, MCTS, MCPD). Sou formado em Análise de Sistemas e atualmente trabalho como Líder de Tecnologia, mas com um velho espírito de consultor, pois todo meu background foi formado por trabalhos em diversas consultorias. Moro em São José dos Campos, tenho uma esposa maravilhosa e um filho lindo que me apresentou a função de Pai em janeiro de 2011, função a qual aprendo orgulhosamente a cada dia desde então.

Francisco Benedicto de Cerqueira Junior

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