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A appficação

publicado por Cezar Taurion

Os smartphones e, mais recentemente, os tablets chegaram às empresas como extensão das atividades pessoais dos funcionários e estão se disseminando com muita rapidez por dentro das organizações. Pesquisas apontam que a mobilidade é um dos cinco assuntos que dominam a pauta dos CIOs. Não foi à toa, portanto, que em um dos eventos em que participei com CIOs, um deles me perguntou se no futuro a Web seria dominada pelos aplicativos móveis e não seria mais aberta como hoje. Ou seja, uma World Wide Web aberta e voltada a mobilidade existirá no futuro?

Os números referentes ao uso de aplicativos móveis realmente impressionam. Um artigo chamado “The Web is Dead. Long Live the Internet” de Chris Anderson, publicado em 2010 na Wired, diz claramente que a WWW está em declínio e o futuro será dos aplicativos ou apps. Ele se baseou no fato que os smartphones e tablets estão se tornando rapidamente o principal elo de conexão com a Internet. Muitas pesquisas apontam um crescimento dramático no seu uso. A Cisco diz que em 2016 o tráfego de dados via smartphones e tablets será 50 vezes maior que o de hoje. A Apple, agora em março anunciou que sua App Store, criada em 2007 atingiu a marca dos 25 bilhões de apps baixados. Em dezembro de 2011 o Android Market (agora Play Store) chegou a 10 bilhões de downloads, e mantém um ritmo de mais de um bilhão de downloads por mês. Além disso algumas pesquisas já apontam que os usuários de equipamentos móveis passam a maior parte de seu tempo usando apps que acessando a Web. Este processo de “appificação”, à primeira vista, parece inevitável, mas, sob um olhar mais atento, pessoalmente acredito que não irá acabar com a Web como conhecemos. Vejamos se consigo passar meus argumentos adequadamente.

Apesar destes números impressionantes, acredito que a funcionalidade e popularidade da Web a continuará mantendo forte e saudável! Minha visão é que conviveremos com um cenário onde aplicativos fechados (modelo típico das apps) e a Web, aberta por natureza conviverão, e o elo de ligação será a computação em nuvem.

Embora sejam imensamente atrativas, sabemos que as apps criam um ambiente fechado, como a televisão a cabo, onde você acaba preso a um único provedor (caso da Apple) ou de um determinado ambiente operacional (Android).

Os apps de uso pessoal continuarão, mas à medida que se entranharem nas funções e processos de negócio se mesclarão com a Web para se tornarem aplicações mais robustas e integradas com os sistemas corporativos. Neste caso, tem mais sentido falarmos em Web (leia-se HTML5) e não em lojas proprietárias e fechadas. O modelo de “walled garden” típico das apps atuais torna-se arriscada para ambientes corporativos, pelo aprisionamento forçado a que as empresas deverão se submeter. O problema é que HTML5 ainda é um “work in progress” e teremos alguns anos pela frente antes que ele seja 100% operacional.

Apesar dos apps nativos aparecerem com muitas inovações e explorarem as carateristicas únicas dos equipamentos móveis como localização geográfica, reconhecimento de voz, etc, a Web deverá, nos próximos anos, evoluir na direção do HTML5 e com isso poderemos criar e utilizar recursos de vídeo, gráficos e outros (além dos recursos específicos dos smartphones e tablets, mas, estes mais no longo prazo) nas páginas da Web móvel. A evolução do HTML5 permitirá criar páginas Web com conteúdos mais dinâmicos, permitindo que criemos aplicativos baseados em navegadores (browsers) tão interessantes quanto os apps nativos, tão populares nos smartphones e tablets. Os browsers já entendem HTML5 sem necessidade de plug-ins. Alguns especialistas apontam HTML5 como de grande significância, como Hal Varian, economista chefe do Google que diz “HTML5 is going to make the Web very attractive”. Sem dúvida que a Web tem vantagens, na minha opinião, sobre os apps. Com a Web você se conecta a Web como um todo e interopera com qualquer ambiente.

Na prática, o usuário não quer saber se o app é nativo ou roda sob um browser, em HTML5. O que ele quer é funcionalidade e conveniência. Mas, para desenvolvedores, escrever código HTML5 permitirá uma maior facilidade de uso em diversos aparelhos, sem ficar preso as características e kits de desenvolvimento específicos para cada ambiente operacional. E nem ser obrigado a aceitar as condições de comercialização do provedor da loja de apps. No fim do dia não haverá muita diferenciação, para o usuário, entre o que será uma app nativa e um HTML5. A experiência de usar uma app nativa e uma app HTML5 sob browser será bastante similar. Em tempo, recentemente a IBM adquiriu uma empresa voltada a desenvolvimento de apps móveis, sejam nativos ou HTML5, chamada Worklight.

Por fim recomendo a leitura de um paper muito interessante de Tim Berners-Lee, “Long Live the Web: a call for continued open standards and neutrality”, publicado na Scientific American. Neste paper ele mostra a importância de uma Web aberta e diz que HTML5 não é apenas uma markup language, mas uma plataforma que vai permitir escrever apps muito mais interessantes e inovadoras que a permitida pela Web atual.

Enfim, estes são meus argumentos. Nos próximos anos veremos se estou no caminho certo ou não… comentários de vocês serão bem vindos!

Autor

Cezar Taurion é head de Digital Transformation da Kick Ventures e autor de nove livros sobre Transformação Digital, Inovação, Open Source, Cloud Computing e Big Data.

Cezar Taurion

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