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As qualidades de um excelente Analista de Requisitos

publicado por Daniel Hatano

O analista de requisitos é o analista de sistemas responsável por extrair e especificar em documentos formais o que o sistema deve fazer. Ou seja, é a pessoa que entrevista os futuros usuários do sistema, entende qual o problema a ser automatizado, o que pode ser melhorado, descreve em documentos formais como o sistema deve se comportar de acordo com cada ação do usuário para, posteriormente, serem projetados e codificados pela equipe de desenvolvimento.

Logo de início, vemos que este profissional atenderá pelo menos duas frentes. A do usuário solicitando como o sistema deve funcionar e da equipe de desenvolvimento pedindo informações mais detalhadas para a elaboração do sistema.

Vejo no mercado muitos profissionais que decidiram ser analista de requisitos por não gostar de programar ou não entender direito sobre desenvolvimento de software, mesmo sendo um analista de sistemas formado. Realmente este perfil parece ser o que menos exige no conhecimento da tecnologia, mas para ser um excelente analista de requisitos, é de extrema importância entender de arquitetura, de modelagem de banco de dados, orientação a objetos (se for o caso), das limitações tecnológicas, etc. Digo isso porque desta forma, esse profissional terá possibilidade de detectar problemas na modelagem do sistema, visualizar alguma mudança na arquitetura para determinada solicitação do cliente e conseguirá equilibrar o nível de detalhe que deve ser colocado na documentação (para não deixá-la muito técnica, fazendo o cliente ficar sem entender o que está descrito, nem em um nível alto demais possibilitando erros de interpretação no desenvolvimento do sistema).

Outra qualidade que esse profissional deve possuir é a capacidade de comunicação e de abstração. Digamos que ele deve ser quase um psicólogo para os usuários, escutá-los, entender o perfil do usuário, saber conversar, mas não deixar de ser objetivo. Conseguir extrair o desejo de um usuário muitas vezes frustrado com sistemas que não funcionam é bem complicado. Durante o levantamento de requisitos, o profissional, além de manter a atenção no que está sendo falado, deve tentar imaginar a solução que melhor se adequa ao negócio do cliente e que seja possível desenvolver sem problemas, de acordo com a tecnologia adotada. Quando o usuário está explicando o que o sistema deve fazer, o profissional deve conseguir enxergar possíveis problemas, impactos, modelos, protótipos, conexões com outros sistemas existentes, etc.

Mas por que isso tudo? Sabemos que o quanto antes os problemas forem detectados será mais barato e mais fácil resolvê-los. Ter um nível superficial de requisitos do sistema acarreta um risco maior de, quando formos detalhar os requisitos no desenvolvimento, aparecerem problemas não antes detectados. Aí já será tarde demais e poderá piorar nos casos em que a equipe começa a se desentender, com os desenvolvedores culpando os analistas de requisitos e vice-versa. Isso parece familiar?

Não estou afirmando que um analista de requisitos deve entender sobre tudo e detectar todos os problemas com antecedência. Apenas tentando explicar que se esse profissional tiver interesse em ser excelente, deve se esforçar para possuir essas qualidades. Com certeza essa ação trará resultados bem surpreendentes.

Para tentar provocar ainda mais a discussão podemos ver que um analista de requisitos que possui essas qualidades citadas acima pode estar criando um caminho natural (mas não menos árduo) para, no futuro, galgar o perfil de gerente de projetos. Isso não é uma regra, mas veja que muitos atributos citados anteriormente como boa comunicação, relação interpessoal, capacidade de vislumbrar soluções, entender da tecnologia e procurar riscos e oportunidades é inerente ao perfil de gerente de projetos. Que tal?

Autor

Gerente de projetos certificado PMP com 12 anos de experiência em desenvolvimento de projetos software, tendo atuado como analista de negócios, analista de requisitos e atualmente trabalha como gerente de projetos na Companhia Nacional de Abastecimento. Possui conhecimento profundo em prospecção de negócios e levantamento de requisitos assim como no gerenciamento de projetos. Atuou no desenvolvimento de sistemas nas mais diversas áreas (saúde, agricultura, estoque, faturamento, recursos humanos, tributária, jurídica, bancária, orçamentária e financeira), principalmente em sistemas ligados ao setor público.

Daniel Hatano

Comentários

11 Comments

  • A aprendizagem é inerte ao ser humano. Um excelente engenheiro de requisitos será, com tempo e estudo, também um excelente gerente de projetos. A forma de pensar muda e a metodologias também.

    • Exato Adriano. Assim como eu vejo excelentes desenvolvedores se tornarem ótimos arquitetos, acho que o engenheiro de requisitos tem, digamos, uma boa escola para se tornar um excelente gerente de projetos. Claro que mudando o foco para a gerência de projetos, muda tudo, desde ferramentas à própria cabeça do profissional, além de muito estudo e dedicação. Mas isso não exclui a possibilidade de um ótimo desenvolvedor se tornar um excelente gerente de projetos.

  • Bom dia Daniel Hatamo

    Você comentou, no final da sua excelente exposição sobre Analista de Requisitos, algumas qualidades do Gerente de Projetos, porém discordo da frase “capacidade de vislumbrar soluções”. Pois essa função não é do Gerente de Projetos e sim do Analista de Negócios.

    Att,

    Daniel Westerlund

    • Olá Daniel Westerlund,

      Sobre “capacidade de vislumbrar soluções” na verdade eu me referi a soluções tecnológicas para resolver um problema em nível menor, por exemplo, em como implementar um determinado requisito solicitado pelo cliente (imaginar e vislumbrar como uma determinada funcionalidade pode ser implementada pela equipe de desenvolvimento, por exemplo). Em uma visão macro, concordo com você que o Analista de Negócio seja o responsável por vislumbrar as soluções, mas nesse caso seria solucionar um problema como um todo em um nível muito maior.
      Abraço e obrigado pelo comentário.

  • Olá Daniel, boa tarde.

    Concordo com tudo que disse, mas gostaria de solicitar seu ponto de vista em relação aos Softwares já prontos, sobretudo os ERPs.
    Uma vez que, na maioria dos casos, as funcionalidades destes atendem 95% ou mais da maiorias dos negócios da atualidade.
    Lógico existirão sempre adequações necessárias devido a integração com outros Ecossistemas, como por exemplo a leitura de trabalho de um equipamento na indústria para o PCP do ERP.
    Nestes casos, penso que seja necessário – ainda mais – as qualidades gerencias por você mencionadas bem como um grande entendimento sobre “engenharia de processos de negócios” o que está engatinhando aqui no Brasil.
    Nesses casos quais são as Competências e Habilidades necessárias ?

    Um abraço e parabéns pelo Post.

    • Olá Eder,

      Sobre sua pergunta em relação aos ERPs, tentarei responder da forma como entendi. A primeira vista entendi a pergunta da seguinte forma: Quais as qualidades necessárias para um profissional que queira trabalhar com implantação de ERP? Mas vi que você tocou no assunto de engenharia de processos de negócio. Na verdade o engenheiro de processos de negócio atua independente e, por segurança, antes de se pensar em implantar um ERP na organização.
      Antes do ERP, a organização deve ter um planejamento para mapear os seus processos de negócio e, além disso, como esses processos seriam melhorados após a implantação do ERP para aproveitar ao máximo a solução em si para potencializar o negócio da empresa. Para esta atividade é imprescindível o papel do Analista de Processos de Negócio (ou Engenheiro de Processos de Negócio como foi empregado por você – vou tratar com o nome de Analista BPM). Esse profissional realmente está em ascenção aqui no Brasil. A grande diferença deste para o Analista de Requisitos é que ele não precisa, ainda, se preocupar com o desenvolvimento de um sistema em si, o que de certa forma facilita. Mas por outro lado, a ele serão atribuídas responsabilidades mais abrangentes como definir como os processos negociais da empresa estão e como devem ser modificados para melhorá-los. Isto requer habilidades como facilidade em tratar com todos os níveis hierárquicos (por exemplo, com polidez e ao mesmo tempo com a rigidez necessária), ser extremamente exato ao se comunicar além das técnicas de um bom analista BPM. Veja que isso já é um grande trabalho.
      Depois disso, você deve procurar saber quais são as ferramentas de ERP que existem no mercado e quais as que atendem ao seu processo de negócio. Essa tarefa talvez seja uma das mais complicadas e existem vários artigos sobre essa parte.
      Não consegui colocar esses perfis em uma hierarquia, pois vi que o analista BPM e o gerente de projetos estão em mundos diferentes. Mas com certeza o primeiro a atuar seria o analista BPM que geraria a necessidade de desenvolvimento (ou aquisição) de um sistema e assim o caminho segue para um projeto que cairá nas mãos de um gerente de projetos. Espero ter ajudado e obrigado pelo comentário.

  • Concordo em partes com esse artigo.

    Realmente, o analista de requisitos é o profissional que faz o contato com o usuário e traduz sua necessidade para o requisito ou caso de uso. Portanto, a função do caso de uso esclarecer para o resto da equipe a necessidade desse usuário.

    Algumas empresas distinguem os papéis dentro da equipe: analista de requisito não será analista desenvolvedor e nem arquiteto, pois, o caso de uso não deve ser usado como especificador de programa (implementação).

    Dessa forma, discordo onde é dito “é de extrema importância entender de arquitetura, de modelagem de banco de dados, orientação a objetos (se for o caso), das limitações tecnológicas, etc. “.

    É claro que o analista de requisitos irá sugerir melhorias à visão do usuário, devido sua experiência com outros sistemas além de procurar utilizar as estruturas de dados já existentes no sistema. Mas, como os sistemas são mutáveis, ele pode identificar melhorias que devem ser efetuadas nesse sistema alterando essas estruturas já criadas (arquitetura, tabelas, classes, …).

    Digo isso, pois já vi alguns profissionais tentar convencer o usuário de que sua necessidade é outra para não ter que alterar essas estruturas já definidas levando a uma solução muito diferente da real necessidade.

    • Acredito que o autor incluiu a citação “é de extrema importância entender de arquitetura, de modelagem de banco de dados, orientação a objetos (se for o caso), das limitações tecnológicas, etc. “ justamente para que profissionais com pouco conhecimento técnico não cometam erros como o citado por você em seu último parágrafo. O Analista de Requisitos que possui tais conhecimentos, consegue ver muito mais “além” e dessa forma agir com eficiência em ambas as pontas do processo – Cliente >> Analista de Requisitos << Desenvolvimento Sistema.

  • Gostaria de saber as certificações para ser um profissional Analista de requisitos e posteriormente um gerente de projetos…

  • O Analista de Requisitos é cargo de confiança para o pessoal que acha que vai consegue fácil me conte como faz, O Analista não deve projetar banco de dado eu ainda acho que o gerente mal informado costas quente exige de mais, na verdade é raro um profissional com essa especialização, tanto que não é dado muito valor, pois em Curitiba ganha como pleno 2k +-, a tendencia é sumir e o Analista de Requisitos sendo englobado pelo Analista de Negócios isso uma tendencia Americana, é existe varias certificações especificas tais como :
    1 – IBM Rational Unified Process v7.0
    2 – IBM Certified Specialist Rational Requirements Management w/Use Cases v2003
    3 – IBM – Object Oriented Analysis and Design, vUML 2
    4 – 000-638 Rational RequisitePro
    5 – Certificados IREB – CPRE-FL

    Sorte para você conseguir um emprego assim eu também gostaria!

  • […] pessoa que atua nesse contexto é o analista de requisitos. Ele é responsável por interagir com os potenciais usuários do software, utilizando uma série […]

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