Cloud Computing

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50 bilhões de nuvens no horizonte

publicado por L.Midas

50 bilhões de dólares. Eventualmente, qualquer decente análise de mercado potencial -para qualquer que seja que você esteja querendo vender para uma empresa de telecomunicações- terá de atingir esse valor. Caso o mercado global não chegue a esse patamar, ou demore muito para atingir esse montante, pode saber que muito provavelmente a empresa não investirá nessa área (por melhor que seja o seu produto). Isso porque o mercado mundial dos serviços “tradicionais” de telecomunicações é estimado em mais de um trilhão de dólares. Qualquer CEO que se preze tem na sua mesa uma pilha de projetos potenciais, e aventurar-se em uma empreitada cujo mercado não chegue a 5% do atual muito provavelmente não consta na lista de prioridades desse senhor.

Deixem-me abrir um parêntesis aqui. (Geralmente, em indústrias/serviços incipientes, é quase impossível obter-se uma projeção por país ou região, por isso nesse artigo sempre me refiro a números e expectativas globais.).

Obviamente, esse é um dos motivos pelos quais telcos nunca perdem a oportunidade de perder uma oportunidade. A partir do momento em que o até-então insignificante serviço atinge maturidade o suficiente para ficar interessante para as operadoras, muito provavelmente a empresa fornecendo esse serviço já expandiu o suficiente para refutar uma potencial parceria com alguma operadora.

Frustrante. Continuo então a desfiar minhas lamúrias.  Na minha carreira, participei de muitas conferências sobre SDP, Service Delivery Platform. Horas de discussões onde os participantes tentavam entrar em acordo sobre a definição de SDP. Como padronizar o SDP. Protocolo Parlay. De como as empresas de telecomunicações iriam criar um ecossistema. Quer dizer, cada uma na sua, nada de interconectividade.  Lembram-se da história do Garrincha dizendo “agora só falta combinarmos com o time adversário”. Pois é, obviamente as telcos se esqueceram de combinar com os desenvolvedores e competidores. Com certeza você já deve ter visto o vídeo do Steve Balmer esgoelando “Developers, Developers”. Aparentemente, a Nokia tentou algo parecido no Nokia World 2011 e até uma executiva encarou um rebolado. É, a Nokia não é mais a mesma. Foi-se o tempo em que os caras decidiam tudo dentro de uma sauna. Mito ou realidade, o fato é que quando a Ericsson aqui na Suécia tomou posse do  antigo prédio da Nokia, havia uma sauna lá. Desculpem o desvio. De volta aos desenvolvedores. Em todas essas discussões e seminários, ninguém se lembrou de gritar “developers, developers” e explicar para os futuros desenvolvedores como seria o modelo de negócio habilitado pelas tais SDP. O mecanismo através do qual os novos serviços seriam introduzidos, expostos, como seria feita a compra desses serviços, e mais importante, qual seria a remuneração dos desenvolvedores. E pior, ignoraram o elefante no meio da sala: como justificar para os desenvolvedores criarem um produto que somente funcionaria e poderia ser comercializado para UMA específica operadora. Os desenvolvedores, que não são idiotas, passaram ao largo dessa roubada e continuaram desenvolvendo seus aplicativos diretamente na Internet e alcançando todo o mercado potencial e não apenas os clientes de uma única operadora. Muito menos colocando em seus produtos APIs que seriam exclusivas de uma telco.  Talvez os desenvolvedores não tenham a fixação dos 50 bilhões, mas entendem que negligenciar parte de mercado potencial, “a troco de nada”, não deve ser um bom negócio.

Em 2006 discursei no TM Forum. Minha palestra era intitulada “Becoming Digital Supermarkets”. Naquela época, operadores haviam sacado que se eles provavelmente não conseguiriam trazer os aplicativos para a rede deles e mudavam o discurso para tentarem ser agregadores de conteúdo. Muitas telcos nessa época foram relativamente bem sucedidas em implementarem parcerias, principalmente na venda de música, ringtones, etc. Novamente, voltamos ao dilema que operador só se dá bem em briga de cachorro grande. Negociar direitos de ringtones e música com as grandes gravadoras provavelmente é algo que eles sabem fazer bem. Botam uma margem lá em cima para os dois e tudo beleza. A festa dura até a hora em que alguém, tipo um Spotify da vida consegue realmente negociar algo revolucionário e acaba com a festa. Por falar em festa, por aqui, o bicho está pegando hoje em dia é com o WhatsApp que reduziu os ganhos de SMS de todas as operadoras, mas a KPN da Holanda foi a que mais abriu o jogo a respeito. Fora isso, últimas estatísticas de Hong Kong indicam queda de 28% no volume de SMS enviadas na noite de Natal de 2011 comparada com 2010: “Ih, brocotó” como diria Bento Carneiro, vampiro Brasileiro. Pois é, minhas lembranças do Brasil estão ficando assim. Provavelmente estou parecendo velho gagá que lembra mais das coisas de infância do que do momento atual.

Ah e a palestra? Essa foi, até o momento, minha pior apresentação pública. A voz me saía esquisito, o timing errado, acabei apenas lendo o script sem nenhuma entonação. Não conseguia tirar os olhos do papel, fiquei preso ao pódio. Um horror.  Mas não se preocupem. Confiem em mim, um dia ainda quebro esse record….

E, afinal, o que isso tem a ver com a nuvem, com “Cloud Computing”? Explico na próxima crônica, a qual vai fechar esse raciocínio. Prometo! Abraços.

Autor

L.MIDAS é analista de negócios de uma das maiores multinacionais do setor de telecomunicações e orador frequente em conferências sobre novas tecnologias, novos negócios e seu impacto no cotidiano das pessoas. O autor, natural de Belo Horizonte (MG) reside há mais de 10 anos em Estocolmo, Suécia, com sua esposa e três filhos. Seu primeiro romance, "Redes Sensuais", foi definido pela escritora Chirlei Wandekoken como “Uma trama inteligente, moderna e altamente sensual que retrata os impactos das Redes Sociais nos relacionamentos de forma cosmopolita e abrangente”. http://www.facebook.com/LMidas.Homepage http://www.facebook.com/RedesSensuais Michael Dahlén, autor de Nextopia (www.nextopia.info) e cinco outros livros, considerado um dos mais influentes pesquisadores do mundo na área de comportamento de consumidores, criatividade e marketing assina o prefácio da obra e afirma: “Um romance provocante que expõe os efeitos colaterais da internet” NOVIDADE: AMOSTRA GRÁTIS DE REDES SENSUAIS - Link para download de um "test-read" das primeiras 150 páginas da obra. http://ge.tt/78mDJLP Comentários, fotos, fórum de leitores na página: www.facebook.com/RedesSensuais

L.Midas

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