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Quando o Dente Assume a Gestão

publicado por Davambe

 O Leão foi convidado a almoçar com os elefantes, afinal era dia de festas, véspera do ano novo. Durante o saborear de frescas carnes o Leão sente que fraturou o dente, não demonstra inquietação e decide engoli-lo. Engoliu o dente e também a satisfação que sentia de estar na recepção. Emudeceu, sentiu o dente a viajar da garganta para o estômago. Desgostou-se, tomou mais um gole de vinho para colaborar na viagem.  Ficou tão incomodado e nervoso que assim que terminou o almoço saiu correndo para se certificar do acontecido.  Quando voltou ao seu local de trabalho, começou a distribuir inquietação entre as equipes. Resmungou e ruminou o suficiente para o desespero de quem precisava se concentrar em suas atividades. Não estava disposto a continuar. Deixou a labuta e regressou a casa. Chegando lá tirou a prótese e deixou sobre a escrivaninha. Ausentou-se em busca de refresco, estava muito quente. Quando voltou, encontrou o cachorrinho em cima da cadeira a comer a prótese dentária. O Leão correu para pegar o Cachorrinho, mas este, percebendo o perigo, saiu correndo com o aparelho.

    – Maldito, maldito. – Disse ele desesperadamente.

Espumou de raiva e nojo. Não podia mais pensar em encostar aquele aparelho em sua boca. Rugiu. A janela estremeceu. O Cachorrinho latiu deixando a prótese cair. Desapareceu pelo corredor. O Leão mal podia falar com a família. A tristeza tomou conta, envolvendo-o e isolando-o cada vez mais. Ele era de pouco falar. O aparelho estava inutilizado, deixando o bravo animal parvo.

                – Nossa tu tá assim por causa dessa coisa? Comentou a Leoa.

O Leão nada disse, virou-se e começou a ler o jornal.

No dia seguinte apareceu no escritório, mal podia pisar o chão. Estava tão irritado que não conseguia falar sobre os negócios da lavoura, traçou-se no seu habitat. O problema foi transferido de casa para o trabalho criando mal estar entre os seus funcionários. Ele ruminou o dia inteiro. Ficava atacado e todos achavam estranho seu comportamento, até que se abriu com o Tigre. Através da janelinha ficaram a conversar.

Assim que o Tigre descobriu o motivo de tanta inquietação, saiu correndo a espalhar a noticia do dente do Leão entre os funcionários:

 – Não vai acreditar, o Leão ficou sem dentes, disse ele.

– O quê? Perguntou a Gazela entusiasmada. Chefe sem dente?

A noticia correu a fábrica e todos se contentaram e se urinaram de tanta risada. Mas alguém parecia triste. Era o Cágado que sem delonga questionava.

                – Como pode o rei permitir que problemas domésticos desestabilizem o negócio?

                – Deixa disso, aqui é assim, é o nosso mundo. – Disse a Gazela.

                – Maldito Cachorrinho, todos pagaremos por isso.

Ninguém se arriscou a falar com o Leão sobre o negócio da empresa. Não era oportuno. Enquanto isso, o pêndulo do relógio balançava de um lado a outro, parecia quebrado, mas todos sabiam que não estava. O sol desaparecia.

Autor

Consultor de TI, com mais de 25 anos de experiência, Escritor. Autor de "O Segredo da Felismina", "Tanto Lá Quanto Cá" e "A Sereia de Tupa". Email: geraldo.nhalungo@davambe.com.br www.davambe.com.br

Davambe

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