Gerência de Projetos

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Viabilidade de Projetos Intangíveis

publicado por Marcelo Matos

A viabilidade de projetos ditos intagíveis, certamente é um bom desafio para profissionais que trabalham com gerenciamento de projetos. Provavelmente tais profissionais, mesmo com pouco tempo de atuação nesta área, devem ter vivido essa a desafiadora experiência de viabilizar tais projetos.

Viabilizar projetos dessa natureza é uma tarefa difícil, dentre outras coisas, em função da dificuldade de se mensurar resultados, e sem resultados não se viabiliza projetos.

 Mas afinal, quais seriam esses projetos? Podemos destacar alguns, como projetos sociais e projetos de tecnologia da informação.

 No primeiro caso, podemos supor a criação e manutenção de uma ONG, visto que esta prática está na moda. Neste caso, seria uma ONG para atender menores carentes em situação de risco. Tal projeto requer um investimento de alguns milhões de dinheiro por ano.

 Como poderíamos neste caso, usando as técnicas de análise de projetos e modelos determinísticos, como payback simples, payback descontado, valor presente líquido, taxa interna de retorno, índice de lucratividade entre outros, chegar a resultados que justifiquem o investimento em tal projeto?

Para viabilizar tal projeto precisaríamos mapear uma série de informações para compor um estudo que projetasse um resultado positivo. Uma boa fonte de informação seriam dados de órgãos como IBGE, órgãos ligados a proteção e segurança da criança e juventude entre outros. Indicadores do tipo: para cada 1 dinheiro investido no projeto, o governo economiza 10 dinheiros com tratamento de jovens drogados, com programas assistencialistas que sustentam famílias de jovens despreparados para enfrentar a vida. A questão é que levantar essas informações definitivamente não é fácil e muitas vezes as informações obtidas são inconsistentes, levando o projeto ao fracasso. Se os dados não forem confiáveis e consistentes, os resultados também não o serão e isso inviabiliza definitivamente a execução de um projeto.

Da mesma forma ocorre em projetos de tecnologia. Quando apresentamos um projeto de upgrade de tecnologia a primeira pergunta que temos que responder é quanto a empresa irá faturar com o projeto proposto? Quantos pedidos novos teremos no final do mês por conta do projeto proposto? Essas respostas são muito difíceis de obter.

Os projetos de tecnologia podem sim aumentar a produtividade e influenciar diretamente no resultado da empresa através do aumento de vendas, mas uma grande parte dos projetos de tecnologia tem o propósito de evitar riscos e reduzir custos.

Os projetos de tecnologia que se identificam mais com o propósito de evitar riscos muitas vezes são classificados apenas como custo, pois o seu resultado positivo seria comprovado somente na comparação com os prejuízos causados por um risco que ainda não aconteceu, e neste caso as empresas optam por assumir os riscos. Não há uma receita de bolo para viabilizar esses projetos. Aqui é muito importante uma boa análise de riscos e identificação dos custos associados aos mesmos, para apresentação às partes interessadas. A partir disso, compartilhar experiências e impressões e dividir responsabilidades.

Para os projetos de tecnologia mais identificados com o propósito de redução de custos é muito importante mapear todos os custos existentes associados aos processos que serão impactados pelo projeto, muitos estão escondidos e não são percebidos, e muitas vezes isso é suficiente para inviabilizar um projeto.

Posso usar como exemplo um projeto que estou trabalhando atualmente de outsourcing de desktops. Em uma análise superficial, como muitas empresas costumam fazer, o projeto pode parecer inviável. O departamento financeiro tende comparar apenas o valor da nota fiscal de aquisição de um desktop em relação ao custo mensal de um desktop “alugado”, quando o correto seria somar o valor da nota fiscal ao custo gerado ao longo da vida útil do equipamento. Quantas vezes em 3 anos de uso esse desktop falhou e precisou ser transportado para manutenção? Quantas horas profissionais ficaram parados por não ter o desktop disponível para realizar seu trabalho? Quantos dias esse desktop ficou em uma assistência técnica ou dependeu do atendimento on-site do fabricante? Quantos outros profissionais de TI tiveram que ser envolvidos para tentar resolver esse problema? E a imagem da empresa? Quanto custa você não atender, ou atender com pouca qualidade o cliente, porque seu desktop está estragado? Quanto custa a falta de padronização e os problemas gerados por ela? Enfim, podemos relacionar muitos custos que em uma análise superficial não são levados em conta, e tudo isso custa algum dinheiro.

Quando falamos em viabilidade de projetos intangíveis, precisamos nos abastecer de muita informação antes de partir para as técnicas de análise citadas acima, além de uma boa dose de dedicação, persistência e porque não, fé.

Enfim, essa é uma pequena contribuição, para aqueles que não sabem por onde começar, mas você pode ajudar.

Você já passou por essa experiência? Compartilhe conosco.

Autor

Profissional de TI com mais de 15 anos de experiência, graduado em Ciências da Computação e MBA em Gerenciamento de Projetos. Atuou em empresas como Dell, Brasil Telecom e Terra. Desevolveu trabalhos consultivos e treinamento em ITSM e atualmente coordena área de infraestrutura do CIEE-RS com foco em gerenciamento de serviços de TI e gerenciamento de projetos. http://gpmmatos.blogspot.com http://twitter.com/gpmmatos

Marcelo Matos

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