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Para que servem as operadoras de telefonia móvel?

publicado por Carlos Marcelo Lauretti

A pergunta é provocadora, mas chegou um momento que devemos rever o papel das operadoras de telefonia móvel.  Atualmente elas têm se dedicado demais em criar dificuldades para vender facilidades. A convergência digital há muito que está presente em nossas vidas e o papel das operadoras de telefonia móvel deve mudar. Estas operadoras, que ficaram riquíssimas com o transporte basicamente de voz, devem mudar seu papel nas nossas vidas. Hoje o que importa é o transporte de dados.

Com o WiFi, 3G, 4G, chegando ampla e irrestritamente aos equipamentos de mão, não precisamos mais de operadoras de telefonia (voz), precisamos de uma conexão de dados economicamente viável. A voz já há muito tempo pode ser encapsulada na rede de dados. Como consumidores, só precisamos disso e nada mais.

O transporte de voz pode ser substituído por soluções Voip, nas quais você escolhe a operadora que desejar, ou aquela que oferece as melhores tarifas para a conexão com os telefones convencionais e fala de graça quando o destino também está conectado à rede de dados. Hoje, utilizo soluções Voip em meu smartphone Android pagando tarifas de telefonia fixa para o mundo inteiro ou de graça com outros smartphones. A qualidade do serviço é excelente, e a interconectividade através das operadoras que utilizam o padrão iNum tem aumentado significativamente.

Os SMS podem ser substituídos por soluções como WhatsApp, Fring ou milhares de outras, sem se preocupar com volumes de mensagens enviadas e para qual operadora você está enviando. Ou seja, hoje você pode escolher a solução que desejar para transporte de voz e mensagens sem custo nenhum além do custo do acesso à rede de dados, e falando com qualquer lugar do mundo.

Mas qual não foi a minha surpresa, quando acostumado que estava em utilizar o smartphone via WiFi em minha residência, fui utilizar a rede de dados 3G para fazer uma ligação Voip. A operadora, através de bloqueio e mensagem gravada me informou que este serviço não poderia ser utilizado. Ou seja, Voip, só através de modem 3G! No smartphone posso fazer downloads de fotos, mas tráfego de voz não. É claro que há algumas soluções que passam por estes bloqueios, mas porque as operadoras criam estas dificuldades?

Estamos agora em um momento muito semelhante ao que passamos quando perderam o sentido os provedores de internet. Quem precisa deles hoje? Ninguém. Sua oferta de serviços mudou completamente. Hoje seu papel é oferecer conteúdo, enquanto o transporte de dados é oferecido pelas operadoras de telefonia e cabo. É isso que as operadoras de telefonia móvel deveriam pensar e restringir-se simplesmente ao transporte de dados.

Já temos acesso à rede WiFi em alta velocidade nas nossas residências, oferecidos através do roteamento que fazemos das conexões ADSL e cabo. Portanto, em nossas residências não temos nenhum problema para nos comunicar com o mundo todo e com custos ínfimos.

O que precisamos hoje é uma acesso em alta velocidade, sem custo algum às redes WiFi também no ambiente de trabalho. Sem bloqueios e restrições para poder nos comunicar através da forma que melhor desejarmos com nossos amigos e familiares: mensagens instantâneas, email ou voz.  Chega de bloqueios de portas e protocolos no ambiente de trabalho. Para isso, basta que os acessos WiFi no ambiente de trabalho sejam isolados da rede corporativa. O  tráfego para uso dos colaboradores é ínfimo para a capacidade instalada que em geral têm as empresas. Até os custos de telefonia para as empresas será extremamente reduzido quando os colaboradores passarem a utilizar soluções Voip em seus smartphones para se comunicar.

Mas precisamos de acesso às redes de dados 3G e 4G quando estamos em algum lugar no qual não temos acesso às rede WiFi. É ai que resta o único serviço que precisamos das operadoras de telefonia móvel: acesso economicamente viável à rede de dados.

Chegou a hora de nós consumidores nos libertarmos das dificuldades impostas pelas operadoras de telefonia, quer seja fixa ou móvel. Só queremos acesso a uma linha de dados e nada mais. Podemos utilizar Voip para voz. Não precisamos de nada mais delas

Não queremos fidelidade, não queremos planos de minutos, não queremos apostar com as operadoras se vamos gastar 50, 100 ou 2000 minutos de conversação. Não queremos apostar com as operadoras se vamos mandar 50, 100 ou 200 SMSs no mês. Não queremos saber se o telefone é fixo ou móvel, se a operadora é a Timvo, Clarim, Olá, Nexo, ou qualquer que seja. Chega de tarifas locais e interurbanas. Chega de tarifas por roaming. Chega de tarifas de interconexão. Chega de impostos sobre tarifação de minutos.

Só queremos a liberdade que um smartphone ou tablet com acesso a dados já nos permitiria, se não fossem as restrições e dificuldades que estão nos impondo.

Autor

Profissional com extensa experiência como gestor de TI em empresas de grande porte dos setores de engenharia civil e editorial. Possui doutorado em Administração de Empresas, especializações em Gestão de Informática e Gestão do Conhecimento. Professor e pesquisador de Finanças Corporativa. Consultor em projetos de investimento em TI e valuation de empresas. email: lauretti.tiesp@gmail.com site: www.wedb.net linkedin

Carlos Marcelo Lauretti

Comentários

3 Comments

  • Ótima crítica Carlos. E ainda dizem que o Brasil é um país pobre. Pagamos caro por tudo e por nada!

  • Só tem um detalhe: a grande maioria da população hoje não possui smartphone nem mesmo aparelho com acesso wifi. Tão pouco tem conhecimento suficiente pra usar voip. Essa mudança será inevitável sim, mas vai durar muito tempo ainda pra acontecer, não só no Brasil, mas em todo mundo.

  • Caro Waldson,
    Agradeço seu comentário, mas percebi que talvez não tenha sido claro no meu post. Desde que as linhas de telefonia passaram de analógicas para digitais, o transporte de voz é encapsulado em dados. Voip nada mais é que uma forma de não passar pelas “estradas” e “cruzamentos” das operadoras de telefonia. É, por isso, que desde que surgiram as linhas digitais, com as possibilidades de interconexão de redes de dados proporcionadas pela internet, que os modelos de tarifação devem ser revistos. Não há sentido em tarifar-se pacotes de dados da mesma forma como se tarifam as antigas linhas analógicas, nas quais era necessário dedicar um canal de comunicação (muito antigamente se dedicava um “fio”) entre a origem e o destino. Não há sentido em tarifar-se voz diferente de dados, tarifar interurbanos, roaming, assim como tarifações diferenciadas para fixos e móveis. Este modelo deve ser revisto. A tecnologia já está à frente muitos anos dos modelos tarifários praticados no Brasil, e há muito já abandonados em outros países. A questão não é de tecnologia. A tecnologia já está ai e sendo utilizada por todos. A questão é de tarifação desta tecnologia.
    Um grande abraço.

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