Governança

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Os burros empacados de TI

publicado por Wagner Zaparoli

Em meio à enxurrada de notícias sobre a falta de mão-de-obra especializada em tecnologia da informação diante da ascensão econômica brasileira, paradoxalmente ainda é freqüente a incidência de profissionais que pararam no tempo, agarrando-se a filosofias de trabalho ultrapassadas. Os fatores são variados e vão desde a motivação pessoal até o nível de estímulos oferecidos pelas corporações.

Evidentemente essa situação não se restringe ao mundo de TI, mas na era ágil do século 21, guiado por instâncias preponderantemente tecnológicas, é impensável conceber a idéia de profissionais dessa área desdenhando os desafios, as mudanças e principalmente as inovações, assemelhando-se a burros empacados na ponte.

Para os gestores de áreas que lideram pequenas ou grandes equipes, contar com burros empacados pode ser mais complicado do que parece à primeira vista. Além dos impactos da ineficiência do próprio colaborador em seu trabalho cotidiano (atrasos nas entregas, falta de qualidade, etc), existe a possibilidade da contaminação negativa para demais membros do time.

Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE que elaborou o roteiro do filme Tropa de Elite e deu alma ao aclamado capitão Nascimento (vivido pelo ator Wagner Moura), certa feita disse que durante uma missão de reconhecimento em um dos morros do Rio de Janeiro, um dos soldados de sua equipe cometeu uma falha que pôs em risco a todos. De forma condescendente, ao término da missão ele evidenciou fortemente ao soldado a besteira cometida, mas o manteve no grupo. Ato contínuo, para sua surpresa, demais membros foram até ele pedir para que aquele soldado fosse desligado, evitando assim que todos “carregassem o peso” em outras missões. Pimentel relutou e manteve o soldado que veio a morrer em missão posterior, advinda de nova falha (o ex-capitão confessou que manter o soldado foi um dos maiores erros de sua carreira no BOPE).

Guardadas as proporções, nós gestores de TI devemos estar atentos a possíveis candidatos a burros empacados na ponte, dentro de nossas equipes, e estimulá-los a atravessá-la sem medo, fornecendo suporte e apoio necessários, e principalmente depositando confiança em seus potenciais.

Permitir e incentivar a equipe a tirar o traseiro da cadeira, deixar o escritório e participar de workshops, seminários e congressos; promover discussões intra-equipe e/ou entre grupos na Web; e estimular e apoiar financeiramente (quando for possível) os colaboradores a empreitarem novas especializações e certificações certamente são fatores motivacionais que vão mudar uma cultura decaída e atrasada.

E, pense bem, um único burro empacado na ponte por muito tempo pode deixá-la intransitável.

Autor

Doutor em ciências pela USP, Zaparoli tem atuado no mercado de tecnologia da informação, prestando serviços de metodologia e governança para grandes corporações como Itaipu-binacional, Petrobras, Visanet e Grupo Europa, entre outras. Atualmente é Superintendente de TI na GPS-Logística, líder no ramo de seguros e gerenciamento de riscos para o segmento de transporte rodoviário. É professor universitário e colunista da Gazeta de Bebedouro (www.gazetadebebedouro.com.br).

Wagner Zaparoli

Comentários

1 Comment

  • Concordo com você, e para complemantar existem muitos gestores empacados e que acabam com uma equipe inteira. Muito bom artigo.

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