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Gestão de Pessoas: Gladiadores, eu os saúdo! Parte 1

publicado por Israel Bovolini Jr

– Companheiros! Daqui a três semanas, eu estarei fazendo minha colheita. Imaginem onde estarão, e assim será. Mantenham a formação! Fiquem comigo! E se vocês se virem de repente sozinhos, cavalgando por campos verdes com o Sol batendo em seus rostos, não se preocupem. Porque vocês estarão no Elísio, e já estarão mortos!

Irmãos, o que fazemos em vida… ECOA NA ETERNIDADE!

Não sei quanto a você, mas eu quando ouvi essa frase pela primeira vez fiquei com vontade de adquirir um gládio e sair matando bárbaros. Metaforicamente falando, claro. Recentemente revi o filme Gladiador (2000), de Ridley Scott, com Russel Crowe no papel do General Maximus Decimus Meridius, da Legião Félix do Império Romano, e inevitavelmente comecei a trazer o perfil de alguns dos personagens e atitudes do filme para nossa realidade. É esta a idéia que compartilho com vocês, em um artigo dividido em partes, uma para cara personagem-chave.

Historicamente falando, à época do filme Roma estava afundada em corrupção, governada pelo Imperador Marco Aurélio (ele realmente existiu). O império havia crescido demais, e para manter as fronteiras era necessário muito dinheiro, então os impostos eram exorbitantes, mas a classe mais rica conseguia viver muito bem, obrigado (poxa, como será que as pessoas comuns viviam, hein? Nunca vi isso em nenhum país!).

No filme, Marco Aurélio deseja que a corrupção seja varrida de Roma, e designa o General Maximus para sucedê-lo no trono, sabendo que este tinha as qualidades necessárias para manter o poder e para entregá-lo quando o Senado estivesse pronto para governar com justiça. O problema é que Marco Aurélio faz isso sem avisar seu filho Cômodo (também existiu), que muito confortavelmente esperava o pai falecer para ganhar um Império de presente. Cômodo descobre o plano, mata o pai e manda matar Maximus e sua família, que consegue escapar e se torna um escravo, sendo mais tarde comprado por um treinador de gladiadores, que o coloca para lutar. O restante do filme é sensacional, e se você não o viu vai parar de ler e assisti-lo agora. Já assistiu? Ótimo. Vamos identificar então os nossos gestores com alguns personagens do filme.

O gestor MAXIMUS

Quintus: As pessoas deveriam saber quando estão derrotadas

Maximus: Você saberia, Quintus? Eu saberia?

O General Maximus, na minha opinião, representa o gestor ideal para uma equipe de sucesso. Durante o filme, Marco Aurélio o nomeia seu sucessor. Maximus reluta, seu único desejo é voltar para casa e viver sossegado, mas sua honra o impede de deixar de cumprir seu dever para com o Império, por isso fica no ar a questão se ele irá aceitar ou não. Quero crer que a atitude que ele tomaria seria aceitar a sucessão, garantir a limpeza da corrupção e depois entregar o poder ao Senado, mas o assasssinato do Imperador Marco Aurélio faz esses planos irem por água abaixo. Maximus é condenado à morte, sua família é assassinada, mas ele consegue escapar ferido e é capturado como escravo, e depois comprado por um treinador de gladiadores que vive no que chamaremos de subúrbio. O próximo passo de Maximus, como ser humano normal, seria entrar em uma roda de depressão e se entregar à morte, mas a TEMPERANÇA, FORÇA DE VONTADE e RESPONSABILIDADE permanecem, e, aliadas a seu TREINAMENTO, o alçam à condição de melhor gladiador da academia. Algum tempo depois, Maximus é levado de volta à Roma para lutar no maior estádio que existia, o Coliseu, e rapidamente desafia o Imperador sucessor de Marco Aurélio, que havia encomendado sua morte. Perceba que mesmo na condição de escravo Maximus ainda detém a liderança entre seus iguais, a ponto de um de seus colegas gladiadores arriscar a própria vida por ele, comendo uma comida que supostamente estaria envenenada. Além disso, na primeira batalha no Coliseu, Maximus (em cerca de 30 segundos) consegue montar uma ESTRATÉGIA com os RECURSOS EXISTENTES e RECRUTAR TALENTOS para derrotar um inimigo com poder militar superior. Duvida? Vamos à sequência:

(no Coliseu, Maximus e um grupo de gladiadores está se apresentando pela primeira vez, sem saber o que vão enfrentar. O narrador começa:)

Cassius: Neste dia, voltamos à abençoada antiguidade, para trazer a vocês uma recriação da segunda queda da poderosa Cartago! No planalto de Zama, estavam as hordas invencíveis do bárbaro Aníbal. Mercenários ferozes e guerreiros de todas as nações bárbaras, inclinados à destruição sem misericórdia e à conquista! Seu Imperador apresenta com orgulho… a HORDA BÁRBARA!

Maximus: (baixinho, enquanto o narrador faz a apresentação) Alguém aqui esteve no Exército? (um gladiador desconhecido responde que sim e diz que serviu sob o comando de Maximus em Vindobona)

Maximus: Você pode me ajudar. O que quer que saia destes portões, temos uma melhor chance de sobrevivência se trabalharmos juntos. Entenderam? Se ficarmos juntos, sobrevivemos!

Cassius: É com prazer que lhes apresento os Legionários de Cipião Africano!

(entram na arena vários soldados fortemente armados em bigas de guerra)

Durante a batalha, alguns gladiadores se separam do grupo liderado por Maximus, e – adivinhem – morrem miseravelmente. Maximus comanda uma formação de proteção (um anel de escudos) que protege os gladiadores e lhes dá a chance de contra-atacar. Após uma estratégia bem urdida, os gladiadores vencem o inimigo tecnologicamente superior.

Isso faz com que ele chame a atenção do Imperador Cômodo, o mesmo que havia matado Marco Aurélio e mandado assassinar Maximus e sua família. Maximus está usando um elmo que cobre toda sua cabeça, tornando-o irreconhecível. Cômodo manifesta o desejo de conhecer o líder dos gladiadores, e solicita que sua Guarda Pretoriana o proteja enquanto ele desce à arena. Maximus – ainda com o elmo – percebe que o assassino de sua família vai chegar próximo dele, e ESTRATEGICAMENTE ajoelha-se e pega uma ponta de flecha que estava no chão, tencionando usá-la para matar Cômodo. Neste momento, o sobrinho de Cômodo entra na arena junto com o tio e posiciona-se à frente do Imperador, levando Maximus a ANALISAR O RISCO e ABANDONAR A ESTRATÉGIA INICIAL. Mas jamais abandona o OBJETIVO, e isso automaticamente o leva a conquistar o respeito do povo, como veremos abaixo.

Cômodo: Levante-se. Levante-se.

(Maximus começa a se levantar, com a ponta de flecha na mão. Ao ver Lucius, deixa a ponta de flecha no chão)

Cômodo: Sua fama é bem-merecida, Espanhol. Não acredito que exista algum gladiador que possa vencê-lo. Já para este jovem aqui (Lucius, seu sobrinho), você é Heitor renascido. Ou era Hércules? Por que nosso herói não se revela e nos conta seu nome verdadeiro? Você tem um nome verdadeiro.

Maximus: Meu nome é Gladiador.

(vira as costas para Cômodo)

Cômodo: Como OUSA mostrar as costas para mim?! Escravo, remova seu elmo e me diga seu nome!

Maximus: (tirando o elmo e se virando para encarar Cômodo) Meu nome é Maximus Decimus Meridius, Comandante das Tropas do Norte, General da Legião Félix, servo leal do verdadeiro imperador, Marco Aurélio. Pai de um filho assassinado, marido de uma esposa assassinada. E eu terei minha vingança, nesta vida ou na próxima.

(Cômodo fica estarrecido)

Quintus: Armas!

(Os pretorianos apontam suas lanças para os gladiadores enquanto o povo no Coliseu grita para que eles vivam. Cômodo sacode a cabeça e pede para que a multidão silencie, e então levanta o polegar concedendo a vida aos gladiadores)

Em essência, Maximus sofre de um mal (?) que só os bons gestores possuem: ele não sabe quando parar. Enquanto o objetivo não for cumprido, o dia ainda não acabou. Mas o objetivo dele era matar o Imperador? Não. O objetivo pessoal dele era reencontrar sua família e garantir o último desejo de Marco Aurélio. O meio para que isso acontecesse envolvia a vingança, e em nenhum momento do filme Maximus diz que quer matar o Imperador para tomar o poder. Veja o diálogo:

(Senador Graco e Maximus estão discutindo um golpe de Estado. Maximus acaba de dizer que invadirá Roma com cinco mil homens e tomará o poder)

Senador Graco: E depois de nosso glorioso golpe, o que acontece? Você pega seus cinco mil homens e… vai embora?

Maximus: Sim, eu vou embora. Os soldados ficarão para sua proteção, sob a gerência do Senado.

Senador Graco: Então, depois que Roma for toda sua, você a devolverá para o povo. Me diga por quê.

Maximus: Porque era o desejo de um moribundo. Eu matarei Cômodo. O destino de Roma, eu deixo para vocês.

Isso tanto é verdade que ao final do filme, após Maximus ser ferido mortalmente pelo Imperador, conquista seu objetivo pois também consegue matá-lo, liberando Roma de um déspota e deixando que o Senado assuma as funções de regência.

Na próxima semana continuarei as comparações com outros personagens do filme, e seus estilos de gestão. Até lá!

Autor

Trabalho na área de tecnologia há 12 anos, tendo sempre um perfil generalista, atuando desde o levantamento de requisitos, passando por análise de sistemas, desenvolvimento, implantação e fazendo acompanhamento pós-venda. Atualmente me dedico à liderança e coordenação de equipes de desenvolvimento, procurando sempre extrair o máximo de cada um e aplicando seus talentos para que todos saiam satisfeitos. Acredito que não exista um profissional cujos talentos não possam ser aproveitados em algum aspecto de um projeto, basta saber estimulá-lo a isso. LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/ibovolini

Israel Bovolini Jr

Comentários

2 Comments

  • boa análise, mesmo seguimento feito pelo metodo spartano. parabéns. continue.

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