Gestão de Conhecimento

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Da Arte Rupestre ao Portal do Conhecimento

publicado por Luis Severo

Há aproximadamente 40.000 anos, registrados, o homem caçava, se reproduzia, vivia em bandos, em suma, tentava sobreviver. De lá para cá quase nada mudou. Ainda somos e temos, pelo menos no DNA legado, os mesmos procedimentos. Talvez um pouco mais refinados mas, os mesmos embora não saibamos com exatidão se somos, realmente, mais refinados. Mas, esta é outra discussão.

Em determinado momento, os nossos ancestrais sentiram a necessidade de que a sua história não mais fosse transmitida para as futuras gerações através de grunhidos ou outra forma verbal de linguagem e, começaram a pintar ou entalhar nas paredes das cavernas o seu dia-a-dia.

Com o passar do tempo, a escrita evoluiu e por volta de 4000 A.C os Sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme registrada em placas de argila onde constavam a sua história cotidiana, modelos administrativos, econômicos, políticos e até romances. Seguindo a ordem vieram os egípcios e seus papiros, com a escrita demótica e a hieroglífica. Depois os romanos e seus pergaminhos (Roma antiga) com o seu alfabeto apenas de letras maiúsculas e mais tarde a escrita uncial. Na idade média século VII, um monge inglês introduziu um alfabeto com letras maiúsculas e minúsculas.A escrita sofreu alterações com o passar do tempo e se tornou mais complexa. No século XV, eruditos italianos descontentes com esta complexidade, criaram outro estilo de escrita. Em 1522 Lodovico Arrighi, italiano, publicou o primeiro caderno de caligrafia, que se tem notícia, e deu origem ao itálico.

De lá até os dias de hoje, a escrita permanece a mesma. Apenas mudaram os meios onde a mesma é registrada. E assim, rapidamente (40.000 anos depois) chegamos aos meios magnéticos. É rápido se comparado a idade da evolução do nosso planeta e do próprio homem.

Mas, em 40.000 anos algo não mudou absolutamente nada: a nossa necessidade de registrar e deixar como legado para o futuro, que pode ser daqui a 01 hora ou 01 século, tudo o que fazemos, sentimos, pensamos ou criamos. Começamos a nos instruir através de cartilhas (era assim na minha época) e com o aprimoramento da leitura passamos a buscar conhecimentos e distrações em livros, jornais, periódicos e revistas. Hoje lemos em telas de computadores, do celular, dos tablet´s, entre outros meios disponíveis e sabe-se lá como será amanhã. Mas a escrita e os propósitos da mesma continuam os mesmos nestes 40.000 anos.

Prestei serviços e trabalhei em muitas empresas e em praticamente todas observei a mesma deficiência: a falta de legado técnico registrado, em várias áreas de conhecimentos. Muitas técnicas morriam junto com a pessoa que as conheciam. Como sou um viciado em informação, isto me incomodava e muito afora a dificuldade que presenciei, várias vezes, das empresas em resgatar o conhecimento perdido.

Em 2003, conversando com um amigo engenheiro da área do petróleo, ele me confidenciou que a empresa detinha um conhecimento muito grande na área técnica que envolvia procedimentos muito delicados e que estes conhecimentos estavam apenas na cabeça das pessoas que os tinham criado no dia-a-dia. Algumas destas pessoas não tinham nem o 2º grau mas, tinham uma experiência absurda em suas áreas de atuação.

Assim, fiz uma proposta para desenvolver uma forma de registrar estes conhecimentos de forma que os mesmos pudessem servir como fonte de consulta e aprendizado. Assim, nasceu o Portal do Conhecimento. Eu não desenvolvi o portal, eu apenas o projetei do início ao fim. O desenvolvimento ficou a cargo de alguma empresa. O Portal é o caminho para a alimentação de uma gigantesca base de dados contendo escrita, voz, vídeos, desenhos quer seja via CAD ou a mão e toda e qualquer informação que possa ser armazenada para posterior recuperação. A alimentação é feita através de fóruns, chat, mural eletrônico, o que chamamos hoje de quiz, digitação, digitalização de som, imagem e escrita, vídeo conferência, aquisição de dados direto de equipamentos. O sistema tem um método de premiação para os participantes de forma a encorajar os mesmos a utilizarem uma parte do seu tempo para alimentar a base de dados e um sistema de recuperação dos dados muito eficiente e rápido.

E eu devo tudo ao primeiro ancestral que empunhou um instrumento para pintar a parede de uma caverna. Sem ele eu jamais poderia estar aqui, agora escrevendo estas palavras.

Autor

Profissional da área de informática há mais de 22 anos no mercado com atuação em empresas nacionais e multinacionais, em cargos a nível gerencial, na área de informática e Tecnologia de Informação; Experiência em definição e implantação de programas de qualidade baseados em CMMI nível 2 e 3, CMM e MPSBr nível F e G; Ampla experiência em orçamentação de projetos baseado em Function Point e Use Case Point; Ampla experiência em gerenciamento de projetos, coordenação e gerenciamento de equipes, configurações de projetos e de sistemas; Experiência em negociações com clientes e fornecedores, habilidade em pesquisas científicas de necessidades de informatização e criação de software de solução; Grande experiência na área de Engenharia de software; Excelente experiência em projetos (definição e condução) na área de infra-estrutura.

Luis Severo

Comentários

5 Comments

  • Luis, achei muito legal tocar nesse assunto, e mais ainda a ideia do portal e a técnica (também utilizada desde que o mundo é mundo para atrair a atenção das pessoas hehe) da compensação ou premiação como incentivo, muitas coisas funcionariam /ou funcionam melhor assim principalmente no capitalismo.
    A história muitas vezes se repete debaixo no nosso nariz, por isso a importância das ligações temporais no contexto moderno.
    Parabéns pelo texto.

  • Severo
    Te conhecer há poucos dias e me sinto como se fôssemos amigos há anos.
    Acusei agora mesmo o Augusto de telepatia, pois ele me enviou recomendações que eu acabara de postar.
    Seu artigo é espetacular. O título me lembra o meu “Da Pedra Lascada à Cybervia.
    Creio que o Portal do Conhecimento e o Cyber RV são não só convergentes mas complementares.
    Vamos em frente. Continue escrevendo

  • Prezado Leonardo e Ivan!

    Antes de mais nada, muito grato pelas gentis e incentivadoras palavras. Concordo contigo Leonardo que temos que ter alguma compensação na vida. Não importa quais sejam mas, tem que existir.

    Ivan!

    Na verdade nos conhecemos há milenios. Eu sou da corrente de físicos, embora eu não seja ninguém no mundo da física ou seja apenas um entusiasta curioso, que acredita em um universo multi-dimensional; Onze dimensões a física teórica já comprova (quase, risos). Já nos encontramos muitas vezes, sem dúvida. Me perdoe se o meu artigo é um plágio do teu. na verdade eu não conheço e não tive o prazer de ler o teu mas, me indique onde ele está que o farei.

    Um fraternal abraço a todos.

  • Luis,

    Realmente muito interessante seu artigo, e vocês dizem a respeito de sermos compensados. Eu acredito que estar entre este grupo de pessoas esta muito compensador.

    Parabéns pelo artigo.

    Hilton

    • Prezado Hilton!

      Muito grato pelas tuas palavras.

      Existem muitos tipos de compensação e receber um comentário por um simples texto é impagável. É uma compensação impagável.

      Muito grato e um fraternal abraço.

      Luís Severo

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