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Perdendo talento por falta de alinhamento

publicado por Cleyton dos Santos Sousa

A falta de alinhamento entre o TI e a área de RH ocasiona perda de talento!

A escassez de profissionais qualificados disponíveis no mercado sem dúvida é um grande problema, chegando a 92 mil vagas atualmente no Brasil, segundo Brasscom. Essa semana em um processo seletivo, deparei-me com a seguinte situação:

O entrevistado não foi aprovado pela entrevista do RH devido:

  • Ele não tem faculdade.
  • Ele não tem certificações.
  • Ele é muito introvertido.

Com isso estamos descartando o candidato, ele não chegara nem a ser entrevistado pela área de TI, o que chega ao ápice negativo, mas isso é a falta de alinhamento entre ambas áreas.

Isso ocorreu no processo e só fui saber quando perdi um profissional com experiência em grandes multinacionais, experiência no exterior, prestativo, dinâmico nas suas tarefas, inteligente, que possui varias certificações Microsoft e Cisco; mas, não foi aprovado na entrevista de recursos humanos, por não ter ingressado ainda em um curso superior ou graduação completa.

Esse candidato era uma pessoa de confiança com o qual já havia trabalhado em outras empresas, por isso conheço seu perfil e seu potencial para a vaga. Traria inúmeros benefícios à empresa e a minha equipe de TI.

Depois disso, tomei a iniciativa e conversei com o diretor da área de recursos humanos, comecei falando:

Precisamos melhorar nosso alinhamento nos processos de contratações, gostaria de destacar que o profissional de TI é diferente dos outros profissionais de outras áreas, por exemplo:

  1. 1. Ele não tem faculdade, mas tem experiência;
  2. 2. Ele não tem certificação, mas tem conhecimento;
  3. 3. Ele não é introvertido, mas resolve os problemas dia a dia referente às tarefas do seu cargo;
  4. 4. Ele não tem um exemplo de vida social desejável (como momentos de descontração com os amigos, não demonstra vínculo com a família), mas está antenado e atualizado nas novas tecnologias.

Obviamente não é uma generalização, não comento também que todos profissionais tem todas as características acima ou uma regra, apenas uma coletânea de situações com profissionais de TI.

Isso lembra uma vez que entrevistei o Moacir, ele era uma rapaz quieto, somente falava o que eu perguntava e segundo o relato do RH, não tinha uma vida social desejável. Entretanto ao conversar tecnicamente com ele, sobre conhecimento técnico, seu conhecimento era maior do que o do cargo em questão. Então, resolvi apostar no Moacir. Fui contra o RH que não queria o profissional, com o passar do tempo percebi que acertei na aposta, principalmente em uma reunião que estávamos com um problema de integração entre os sistemas: os analistas já tinham elaborados inúmeras soluções e os serviços estavam ainda instáveis, resolvi levar o Moacir para reunião, ele entrou quieto na reunião e saiu mudo.

Quando acabou a reunião, enviei um e-mail para Moacir, perguntando o que ele achou da reunião e se fosse ele, o que faria, ele respondeu o e-mail de noite, fora do expediente, no outro dia, ao abrir minha caixa postal vi praticamente uma topologia desenhada que ele havia feito com a resolução do problema. Enviei para meu analista responsável do projeto e ele comentou como não tinha pensando nisso antes.

Voltando a conversa com o diretor do RH comentei:

Acredito que não devemos eliminar o profissional do processo, devido ao fato de não ter faculdade ou certificação, acredito que faculdade e certificação têm um dos maiores pesos na escolha do profissional que somados a outros itens como experiência, conhecimento, atualização, trabalho em equipe, dinamismo. Podemos ainda, colocar uma restrição, que se ele for contrato, deverá ingressar na faculdade em 3 meses (se possível conforme calendário acadêmico do momento).

Mas não foi apenas essa mudança de ordem de entrevista que ficou acertado, também se alinhou como será as contratações de TI, pois TI estava longe de entender os conceitos, técnicas e valores que o RH prega em uma contratação, com isso alinhamos:

ItemObrigatoriedadePeso
GraduaçãoSim, ao menos um dos dois itens ou plano para começar a faculdade nos próximos meses.25
Experiência25
MBASim, pelo menos um dos dois itens ou previsão nos próximos seis meses para cargo a partir de coordenador.30
Pós-graduação30
MestradoNão, mas demonstra que profissional procura desenvolver seus conhecimentos35
DoutoradoNão, mas demonstra que o profissional enaltece o conceito de especialista40
CertificaçãoNão, mas um destaque a mais no currículo15
IdiomasDepende conforme a requisição do cargo, mas caminha em curto prazo para obrigatoriedade.20
DinamismoNão, essencial.15
ConhecimentoSim, necessário para quase todos os cargos, menos estagiário e analista júnior.20
Trabalho em equipeSim, a sintonia com equipe é obrigatório para a adaptação e desempenho de atividades e conclusão de suas metas.20
Experiência no exteriorNão, mas demonstra um profissional diferenciado no mercado.15
PsicológicoSim, validando o perfil humano do candidato.20
Avaliação do RHSim, apurando o perfil humano do candidato Essencial.40
Avaliação de TISim, validando o conceito técnico do candidato.40
Avaliação MédicaSim, avaliar as condições físicas do candidato para o cargo.40

Com isso, no final será somada e analisada a pontuação do candidato.

Após disso, alinhamos as etapas do processo:

  1. Análise de currículo do RH.
  2. Análise de currículo de TI.
  3. Entrevista com Recursos Humanos.
  4. Testes psicológicos.
  5. Provas de conhecimento.
  6. Entrevista com TI.
  7. Avaliação médica.

Assim, evitamos a eliminação precoce do candidato em um processo de TI.

Autor

CIO, autor, colunista, professor. Contato: cleyton_sousa@yahoo.com.br e twitter: @cleyton_keu

Cleyton dos Santos Sousa

Comentários

14 Comments

  • Creio que atualmente em muitas empresas, principalmente as empresas com foco principal em TI o processo seletivo já mudou, diplomas universitários ou certificações não vem em primeiro lugar, mas sim o conhecimento e experiência que o profissional pode agregar a equipe.

  • Obrigado Douglas.

    Infelizmente ainda existem, vivenciei algumas empresas com essa visão e esse caso que citei na coluna é verídico, por isso a formatação do processo, para cada item tem o seu valor e não critério de eliminação.
    Att

    Cleyton dos Santos Sousa

  • Bom pessoal, tenho 17 anos que atuo na área de suporte em TI, quando comecei meio por acaso, não conhecia nada de informatica, mal tinha tido contato com um computador (486), fui convidado para integrar o quadro de funcionários de TI (CPD) de uma empresa de prestação de serviços na área de segurança e asseio e conservação, com mais de 2000 funcionários em todo o estado de Goiás e Tocantins, aceitei, fiz o meu primeiro curso na área de informatica um ano depois que eu havia começado a trabalhar na área, não tenho curso superior, e hoje trabalho em uma empresa multi-nacional, acho correto o que foi dito acima, pois a experiencia conta muito.

    • Boa tarde Silvio,

      Obrigado pelo comentário e você é um exemplo que um processo seletivo tem que ser estrutura e não por eliminação.

      Att

      Cleyton

  • Olá Cleyton,

    Um grande problema é que muitas empresas aqui no Brasil, não se atentaram para esta mudança de paradigma nos processos de seleção para um profissional de TI. E outras perdem profissionais por não valoriza-los.

    Espero que um dia alcancemos este novo conceito, senão a cada dia veremos aumentar a falta de mão de obra qualificada e motivada, o que é ruim para o país como um todo.

    Abraços,

  • Olá Alex,

    Obrigado pelo comentário.

    Infelizmente as empresas que não mudarem essa visão, perderão talentos cada vez mais, ate perceber o erro.

    Att

    Cleyton

  • Muito bom o artigo.

    • Boa tarde Leornardo,

      Obrigado.

      Att

      Cleyton dos Santos Sousa

  • Aconteceu recentemente comigo (nao entrei numa empresa porque o psicólogo/RH disse que eu estava preocupado com o futuro, #claro), mas bola pra frente. Nao vou por a culpa no #bullying ou na estereotipagem do profissional de TI. #ThinkAbout

    • Desculpe a insistência (me identifiquei muito com esse texto). Esqueci de citar que possuo graduação tecnológica de Gestão em TI, certificação Itil v3 e Cobit 4.1 (ambas Foundation), e fui notificado de que obtive um excelente resultado no testes e redação…mas depois deram essa resposta: preocupação com o futuro. Vai entender, peco desculpas caso estiver enchendo o saco de alguem.

    • Boa noite Jose Ednaldo,

      Imagina, seu case mostra como alguns processos nao sao profissionais ou nao estao alinhados.

      Mas com certeza, essa porta fechou e ira abrir um portao para voce.

      Att

      Cleyton

  • Ok, muito obrigado.

  • Prezado Clayton,

    Este relato seu é comprovado pela experiência profissional do serviço que prestamos à empresas de todos os setores, não apenas na TIC. Neste setor este problema se torna mais evidente pois o perfil das pessoas que ali trabalham é de fato mais peculiar. É impossível imaginarmos um desenvolvedor de aplicações, por exemplo, precisar ser uma pessoa extrovertida, expansiva, relacional, com uma vida social ativa e cheia de amigos e relacionamentos… Isso é um absurdo! Pessoas como desenvolvedores precisam ser introvertidos (introversão não é timidez como entende o senso comum), precisam ser abstratos, imaginativos, precisam ser muito racionais, objetivos, lógicos e sistemáticos, focados em resultados, em processos, precisam possuir comportamento e modo de vida heterogêneo, criativo e diferenciado do senso comum. Ou seja, aqui descrevi o perfil psicológico de uma pessoa um tanto rara e até anormal, fora dos padrões que o senso comum da sociedade dita como deve ser um “homem de bem”. O indivíduo que é bom em relacionamentos e vivências é o oposto disso tudo que falei acima. Vivemos hoje uma realidade onde é necessário entendermos o perfil da profissão e suas atribuições para entender quem é a pessoa certa que pode desempenhá-la com talento e excelência. Assim é possível formar equipes de sucesso com líderes bem capacitados para conduzi-los.

  • Prezado Clayton,

    Este relato seu é comprovado pela experiência profissional do serviço que prestamos à empresas de todos os setores, não apenas na TIC. Neste setor este problema se torna mais evidente pois o perfil das pessoas que ali trabalham é de fato mais peculiar. É impossível imaginarmos um desenvolvedor de aplicações, por exemplo, precisar ser uma pessoa extrovertida, expansiva, relacional, com uma vida social ativa e cheia de amigos e relacionamentos… Isso é um absurdo! Pessoas como os desenvolvedores precisam ser introvertidos, com grande capacidade de concentração e foco (introversão não é timidez como entende o senso comum), precisam ser abstratos, imaginativos, precisam ser muito racionais, objetivos, lógicos e sistemáticos, focados em resultados, em processos, precisam possuir comportamento e modo de vida heterogêneo, criativo e diferenciado do senso comum. Ou seja, aqui descrevi o perfil psicológico de uma pessoa um tanto rara e até anormal, fora dos padrões que o senso comum da sociedade dita como deve ser um “homem de bem”. O indivíduo que é bom em relacionamentos e vivências é o oposto disso tudo que falei acima. Vivemos hoje uma realidade onde é necessário entendermos o perfil da profissão e suas atribuições para entender quem é a pessoa certa que pode desempenhá-la com talento e excelência. Assim é possível formar equipes de sucesso com líderes bem capacitados para conduzi-los.

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