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Consumerização: aliado ou inimigo?

publicado por Cleyton dos Santos Sousa

Estava sentado na minha mesa, respondendo meus e-mails, quando um colaborador de outra área, mais precisamente da área financeira, parou na minha frente e comentou:
– Por que você não substituem os desktops e os notebooks pelo o Ipad? Eu comprei um para meu uso pessoal e achei simples de carregar aos locais que necessitamos utilizá-los, fácil usabilidade, rápido desempenho das aplicações.

Respirei fundo! Lembrei-me de outro fato ocorrido em outro dia, um colaborador questionando a velocidade da internet da empresa, relatando que em sua casa a conexão é mais rápida. Também recordei da área de produtos, questionando porque não compramos impressoras 3Ds para sua área, enfim depois dessas rápidas lembranças, respondi ao colega de trabalho.
– Que bacana, que compraste um Ipad, obrigado pela sua sugestão de implantarmos essa tecnologia, mas infelizmente quando nos deparamos com as novas tecnologias, existem alguns itens para nos questionarmos antes de decidir se iremos implantar:

  • Custo beneficio, irá compensar para corporação?
  • As tarefas que você executa na tecnologia indicada, como os aplicações corporativas são compatíveis com a nova tecnologia?
  • Suporte técnico, temos reposições de peças no mercado?
  • Teremos conhecimento de suporte da nova tecnologia?
  • Como será abrangida essa nova tecnologia na nossa corporação? Lembrando que a troca não será concentrada apenas para um usuário.
  • Está na prioridade da corporação isso, no Portfólio?
  • Como será vendido isso para diretoria? Vendo que é uma novidade tecnológica e seria interessante incorporar ela? Mas qual será o ROI para a corporação com esse investimento?
  • Como irei controlar o Opex e Capex dessa nova tecnologia com a antiga?
  • Como seria o estudo futurista disso: será que isso será o futuro das tecnologias corporativas ou somente para algumas áreas?
  • Como estão os releases de correções dessa tecnologia?


Ele me interrompeu:

– Ok, já me convenceu.
Isso que ocorreu é a consumerização, o usuário alavancando, questionando, indicando novas tecnologias para área de TI, ele impulsionado e empolgado pela sua tecnologia pessoal, deseja o mesmo padrão em sua corporação, alegando que perde muito tempo com infraestrutura tecnológica utilizada destinada nas suas tarefas dentro da corporação.

Com a velocidade de atualização da tecnologia e a facilidade dessa tecnologia torna-se acessível ao usuário, faz com que deseje que sua experiência pessoal seja replicada a empresa.

Em 2010 um estudo do IDC indicou que 92% dos colaboradores das empresas trazem novas tecnologias de TI para corporação e outro estudo da Intel, revela que em uma corporação 62% dos usuários perdem tempo com a tecnologia defasada.

Com os colaboradores sugerindo a tecnologia para equipe de TI, surge a dúvida:

1) Teremos uma equipe (indiretamente) maior de TI?
2) Precisaremos ser questionados por pessoas que acham que entendem mais de TI que a própria área de TI?

Para ambas as perguntas às respostas são SIM. Teremos uma equipe maior indiretamente, com usuários de outras áreas procurando novas tecnologias e discutindo com TI sobre o tema abordado, isso facilita até para a implantação de novas tecnologias, devido ao usuário entender o real impacto da tecnologia implantada em seus processos.

As abordagens dos colaboradores que acham que entendem mais de tecnologia que TI em relação às novas tecnologias, nos levam a analisar suas ideias para averiguar se na pratica ela surte alguma eficácia real. Junto com as tarefas do dia-a-dia (tarefas dos projetos, tarefas de suporte e além das tarefas de inovação), ou seja, como vencer tudo isso?

Venceremos com as seguintes ações:

1) Criar o analista de inovação, esse profissional será totalmente dedicado a estudar as novas tecnologias que agregam valor em nossa estrutura corporativa.
2) Estruturar o regulamento de inovação, onde as ideias de inovação serão questionadas em uma reunião.
3) Formar o comitê de inovação de TI, composto pelo gestor de TI, o analista de inovação e os usuários indicados da área. Com isso será discutido a inovação, lembrando que será enviada a pauta com quarenta e oito horas de antecedência a todos os participantes, para que, assim, todos estejam preparados para reunião, principalmente a área de TI.
4) Enaltecer a diferença da tecnologia da informação pessoal para a tecnologia da informação corporativa.
5) Incentivar, motivar e agradecer a participação dos usuários que sugerem idéias de inovação tecnológicas.

Com isso teremos uma estrutura de inovação de TI organizada, onde será discutido, analisando todos os pontos positivos e negativos de cada sugestão, não sobrecarregando a área de TI com acumulo de tarefas e, com isso, analisando com qualidade todas as requisições de inovações. Também seria mais um item para transformar a área de TI em área de TIN (tecnologia da informação dos negócios).

A consumerização sempre existiu, mas, talvez, em outros momentos entendemos esses usuários que conduziam os questionamentos como: intrometido, curioso, sabichão, esperto, aquele que pensa que entenda das coisas ou até mesmo um profissional que pode ser aproveitado na área de TI.

Autor

CIO, autor, colunista, professor. Contato: cleyton_sousa@yahoo.com.br e twitter: @cleyton_keu

Cleyton dos Santos Sousa

Comentários

7 Comments

  • Isso aí Cleyton. O reconhecimento da necessidade de incluir o tema INOVAÇÂO na pauta é importantíssimo. Parabéns

    • Obrigado.

      Inovar para sustentar, ou vice versa.

      Att

      Cleyton dos Santos Sousa

  • Essa matéria mostra como os colaboradores dos demais departamentos estão ligados na técnologia, não apenas para uso próprio, mas para melhorar todos os processos possíveis dentro de uma organização, dando a eles mais agilidade e eficiência. E cabe a um Gestor de TI, saber organizar essa chuva de idéias que vem de toda as direções, afim de melhorar o desempenho do sistema como um todo e alavancar mais ainda os negócios da organização.

    Parabéns por mais essa matéria.

    • Obrigado Everaldo pelas observações.

      Concordo com suas observações, por isso a importância do Cômite de inovação.

      Att

      Cleyton dos Santos Sousa

  • Creio que a inovação tecnologia é muito importante porém a adoção das novidades por parte das empresas de forma rápida é muito difícil, já prestei consultoria em várias empresas e não é raro encontrar monitores crt de 14″ nas mesas. Tirando as empresas que vivem exclusivamente de tecnologia e dependem dela acho que ainda vai demorar um pouco para se tornar realidade e que essa prática seja adotada no mercado como um todo.

    Mas legal que estamos discutindo isso de forma aberta, parabéns pela iniciativa.

    • Obrigado Douglas pelo comentário,

      Importante observação sua, em algumas empresas infelizmente é “Casa de ferreiro o espeto é de pau”.

      Att

      Cleyton dos Santos Sousa

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