Carreira

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Quando a vida profissional começa sufocar a vida familiar… vale a pena?

publicado por Leonardo Corrêa

Recentemente escrevi um artigo de título “Status profissional + dinheiro = felicidade? Nem sempre!”, alertando sobre as escolhas profissionais baseadas simplesmente no cargo pretendido (status) e remuneração desejada (dinheiro),  que podem ser muito perigosas a médio/longo prazo.

Agora, inspirado por uma conversa recente que tive com minha esposa, onde alinhávamos nossos anseios individuais para o futuro visando não prejudicar nossa vida conjugal e familiar, resolvi trabalhar outro tema delicado que muitos profissionais viveram, vivem ou viverão em algum momento de suas vidas: a importância de saber definir prioridades.

Estou lendo um livro fantástico chamado Mudar e Inovar – Resolvendo conflitos com a ITIL v3 – aplicado a um estudo de caso, Ed. SENAC.

Os autores criaram uma história fictícia de um Gerente responsável pelo departamento de TI de um grande Grupo Educacional, prestes a ser demitido. Os sócios da empresa andavam insatisfeitos com a gestão do executivo que não conseguia estruturar o departamento para gerar valor aos negócios. Não existia controle dos ativos, eventos, incidente, projetos, custos, nada! A equipe de TI tinha uma postura reativa aos acontecimentos, o que comprometia os objetivos estratégicos do Grupo. Um verdadeiro caos!

Por todos esses motivos ele já não tinha mais tempo para a esposa e filhos. Nunca tomava café da manhã em casa e quando voltava, todos já estavam dormindo.  Seu casamento estava por um fio.

Com a situação insustentável, o presidente do Grupo, que era um grande amigo deste Gerente, o envia para um seminário de Governança onde ele conhece a ITIL. Ao retornar do evento, fascinado, consegue uma autorização dos sócios para contratar uma Consultoria, que o ajuda a implantar algumas das melhores práticas sugeridas pela ITIL no departamento de TI.

No decorrer da história as coisas começam a fluir. Felizmente, com o sucesso das melhorias conquistadas, o executivo consegue retomar sua vida familiar. Um livro completo, com muitos mapas mentais, quadros, termos, testes, templates, etc.

Como na obra supracitada, muitos profissionais estão “afundados” no trabalho de tal maneira que não percebem a quão ausentes estão de suas famílias. Alguns até conseguem estar fisicamente junto, mas não abandonam o celular, notebook e internet; e por isso podem estar sufocando a vida conjugal e familiar.

É claro que viagens de negócios, reuniões de urgência, demandas de última hora, enfim, eventos extraordinários acontecem e são normais em qualquer profissão. Essa não é a questão. O problema é quando a exceção vira regra e a família passa a ser a última prioridade do dia, do final de semana, dos planos, da VIDA!

Pare por um minuto e pense… enumere de 0 a 10 e diga qual é a prioridade da sua família em relação as outras coisas como a carreira, cursos de formação, lazer, negócios, amigos, hobby, etc, etc, etc.

Minha esposa sempre diz uma coisa quando estou naquela correria da faculdade, trabalho e compromissos externos que entra no meu coração como uma espada: “Amor, sei que precisa fazer todas as coisas que está fazendo, mas entenda que para nós o que importa não é a quantidade de tempo que vai estar conosco, e sim a qualidade do tempo”.

É claro que quanto mais tempo dedico a estar com ela e minhas filhas, mais valorizada e “priorizada” ela se sente.  Entendo o que ela quer dizer com tempo de qualidade.

Outro dia vi um adesivo colado em um carro com uma frase: “O homem que alcançou o sucesso profissional e financeiro mas perdeu sua família, fracassou!”. Há quem discorde dessa afirmação. Particularmente, desde que a vi  guardei-a em meu coração para não esquecer o que realmente tem valor nessa vida.

Acompanho semanalmente o blog da Consultora de empresas e Coach profissional, Adriana Lombardo, que no final de 2010 escreveu um post muito interessante. Frases impactantes que ela ouviu de profissionais e executivos durante sessões de Coaching.  Vejam algumas delas:

“Vivo para trabalhar, não trabalho para viver.”

“Sempre tenho tempo para os almoços de negócios, mas não tenho mais tempo para almoçar com a minha esposa.”

“Descanso para trabalhar no dia seguinte.”

“Quando chego em casa, estou tão esgotada que não consigo brincar com meu filho, apesar dele ter ficado na creche o dia todo para que eu pudesse trabalhar.”

“Trabalho em uma corporação há anos. Recebi uma proposta para mudar de empresa. Sou diretor e me tornaria presidente. Deveria estar festejando, mas estou apreensivo, pois no início de qualquer trabalho é necessário maior dedicação para entender os processos organizacionais. Minha filha está com problemas em casa, e minha esposa tem solicitado ajuda, apesar dela não trabalhar fora. Estou confuso se aceito a proposta.”

“Mal consigo respirar! Respirar diante de um lago, de um parque, de uma praia. As pessoas pensam que quem mora no Rio de Janeiro tem tempo para curtir a vida. Eu não tenho!”

Fico pensando: “Se essas pessoas estão assim, como será que suas famílias devem estar?”

Se escolhemos constituir uma família, então ela não pode ser a última prioridade das nossas vidas. Como ouvi de um sábio homem no dia do meu casamento: “Depois que casamos até podemos ter sonhos individuais, mas as metas e objetivos, esses precisam definidos pensando ser NA FAMÍLIA.

Pense nisso!

Para encerrar, reflita com essa pergunta: “O que vai ser profissionalmente bom para você, também será bom para sua família?

Sucesso para todos!

Autor

Analista de Processos de Negócio e Consultor em Análise e Reformulação de Currículos, graduado em Gestão da Tecnologia da Informação com extensão em Formação de Consultores Organizacionais pela FGV. Pós-Graduando em Gestão de Processos de Negócio (BPM) integrado à Engenharia de Software, certificado ITIL Foundation, CobIT 4.1 Foundation.

Leonardo Corrêa

Comentários

22 Comments

  • Concordo plenamente com o seu ponto de vista Leonardo.
    “Status profissional + dinheiro = felicidade? Nem sempre!”
    Eu vivi isso. Quando conquistei a posição desejada e o salário justo, vi minha família sofrer com minha ausência. Optei pela família.

    • Bom dia Adriano!
      Muito obrigado por sua colaboração.
      Que bom saber que escolheu a melhor parte!
      Continue acompanhando nossos artigos no site TI Especialistas.
      Um abraço

  • Leonardo,

    Realmente é importante este ítem e deve ser explorado, porque crescimento profissinal, dinheiro não é felicidade mas sim trabalho árduo e sem fim.

    A familia é importante é nosso equilíbrio, precisamos dos 02 juntos mas dentro de um patamar profissional com limites e ter tempo para viver. Parabéns pelo texto.

    Fabiana Segatto

    • Olá Fabiana,
      Mais uma vez, muito obrigado por sua colaboração!
      Grande abraço,

  • Leonardo,
    Muito bom o seu post. Muitos de nós com certeza se identificarão com ele. Parabéns.
    Concordo com tudo, nada mais a acrescentar.

    Abraços,
    Alexandre.

    • Grande Alexandre,
      Também sempre prestigiando os artigos!
      Tenho acompanhado seus artigos também, meu colega de profissão. Sua colaboração tem sido de grande valia para todos nós!
      Obrigado pelas palavras!
      Grande abraço,

  • Leonardo, concordo com a visão de que família é nosso alicerce, por isso quanto mais priorizamos nossa vida familiar mais edificados estaremos.
    Parabéns.
    Abraço.

    • Olá Dennys,
      Me desculpe só estar lhe respondendo agora, ok?
      É verdade! De que adianta ter tudo e perder as pessoas que mais te amam, não é mesmo?
      Um abraço,

  • Leonardo, concordo com você e inclusive eu estou vivendo esse dilema. Pensando no futuro, tenho buscado me aperfeiçoar e me especializar o que demanda tempo. Eu tento mortrar para a minha namorada que futuramente isso vai ser bom para os dois mas ela não entende e me cobra mais tempo.

    Ainda não sei como resolver.

    Parabéns pelo artigo.

    • Bom dia Luís,
      Mostre o artigo para ela… mas saiba que as pessoas nem sempre estão dispostas a esperar 10 anos para nos ter por perto. Tente mediar o que você deseja, com o que namorada deseja (que é a sua presença). Nem você, nem ela! O meio campo é o ideal!
      Um abraço e obrigado pela participação!

  • Caro Leonardo, um amigo certa vez me disse: quem trabalha demais não tem tempo para ganhar dinheiro. Já se foram há dez anos os dias em que só voltava para casa após as 22 horas para deixar tudo nos conformes e evitar surpresas na rede no dia seguinte. Mas o seu post foi muito feliz em abordar o drama de definir prioridades. Sem dúvida é para a família que nós nos matamos de trabalhar. O entendimento do esforço empreendido, com planejamento de onde investir se educação, saúde, previdência ou na carreira, está na pergunta: quais são minhas prioridades. Muito bom saber que tem gente pensando também sobre isso.

    • Caro Joaquim,
      Um grande prazer conhecê-lo, e obrigado por deixar sua colaboração, que enriquece muito o artigo.
      Continue acompanhando o site TI Especialistas, e por favor, meus artigos também. Isso me alegra e me motiva a continuar escrevendo sobre o valor das pessoas e da vida dentro da TI.
      Um abraço

  • Matéria muito interessante. Fala do momento que estou atravessando neste momento. Emendando sábados e domingos, trabalhando até altas horas da madrugada Isso tem feito eu repensar minhas prioridades> Quero trabalhar para viver e não o contrário.

    OBRIGADO!

    • Olá Diego!
      Obrigado por registrar sua experiência também!
      Sabe, nunca é tarde para revermos as prioridades. Como diz o ditado, antes tarde do que nunca.
      Um abraço

  • Boa noite Leonardo, estou enfrentando esse problema nessa minha migração do ” degrau ” profissional. Nos momentos de dificuldades tomamos decisões que podem nos levar a fadiga fisica, ausência familiar mas o tal bem-estar profissional. Estou revendo esse conceito, por viver isso hoje, tenho absoluta certeza, melhor estar a lado de sua esposa num momento de dificuldade, escutar um filho, curtir a familia, do que estar a kms de distância a trabalho full time, desistir de passeios familiares em função do serviço, mesmo que isso lhe ofereça um renda bem aceitavel. Grande publicação, temos realmente que rever nossos conceitos…. grande abraço !! Paulo Santiago

    • Paulo.. bom dia!
      Obrigado por registrar sua opinião e palavras de elogio!
      Eu entendo bem o que quis dizer e imagino que em determinada situação, certos de que estaremos fazendo o melhor para nós e nossas famílias, aceitamos tudo em prol de uma vida “melhor”, digo, com mais grana. Mas entendo que existem momentos impagáveis ao lado de nossas famílias, e que mesmo passando dificuldades e limitações, eles estariam melhores se estivéssemos juntos. Lembro quando menino que vivemos uns 3 anos de muita dificuldade em casa, mas minha mãe sempre dizia enquanto jantávamos: “Estamos passando por uma crise, mas estamos juntos, e juntos somos mais fortes para vencer tudo.”

      Grande abraço! Desejo que encontre a melhor decisão que o faça viver em paz consigo mesmo”

  • Olá Leonardo,

    Sem dúvida uma pessoa que atinge os objetivos profissionais e perde a família FRACASSA.

    Este é sem dúvida um post para imprimir ou deixar no favoritos para fazer uma leitura sempre que estivermos trabalhando demais.

    Já diz a música “tua família” do Anjos de resgate –

    “Percebe e entende que os melhores amigos
    São aqueles que estão
    Em casa esperando por ti
    Acredita nos momentos mais difíceis da vida
    Eles sempre estarão por perto
    Pois só sabem te amar”

    Um grande abraço e parabéns pelo post

    Edilberto Silva

    • Prof. Edilberto,

      Obrigado pelas palavras!
      Verdadeiramente eu acredito, e tive uma experiência pessoal, que apenas suprir as necessidades materias de uma família não é um bom negócio. Eles precisam de nós, da nossa presença!

      Uma grande honra receber um comentário de alguém que merece todo meu respeito.
      Muito obrigado!

  • Bom dia ,

    não poderia deixar de comentar e parabeniza-lo pelo post, logo que no início de tudo, procuramos uma melhor colocação profissional com um melhor salário , para dar um vida melhor a nossa família , essa que se não tomarmos cuidado perdemos ao longo da batalha ,chega até ser contraditório , mas trabalhos por eles (família) e não temos a família pelo trabalho. Mais uma vez parabéns.

  • Ótimo artigo, Leonardo! Eu tenho um filho de 3 anos e uma carreira bem movimentada, sei bem como é complicado dividir o tempo e as prioridades. E também concordo que o que importa mais é a qualidade, e não a quantidade. Quando fico com meu filho e com minha esposa, tento ficar com eles de fato, ao invés de ficar no celular ou fazendo outra coisa.

    Inclusive, escrevi um post sobre isso faz pouco tempo, se me permite vou deixar o link aqui:

    http://desenvolverideias.com/vida-profissional-e-pessoal-9-dicas/

    Abraço!!

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