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Gerente ou Gestor, eis a questão?

publicado por Alex Silva

Tivemos mudanças ao longo da história gerencial no mundo corporativo, e hoje muito se fala em Gestor e não mais Gerente, mas qual a diferença? No dicionário, trata-se de sinônimos, mas no mundo das organizações, o gerente é mais um administrador, enquanto o gestor é aquela pessoa que, conforme os objetivos da empresa, cria um ambiente propício para que as coisas aconteçam.

Pois bem, no mundo corporativo nem tudo é como descrito nos dicionários. A questão não está somente nas diferenças ou semelhanças, mas sim no conceito. Citarei um exemplo, sabemos que muitos gerentes ao longo da história agiram de forma centralizadora, porém hoje se espera que os Gestores trabalhem de forma diferente, mas será que na prática isto realmente acontece?


Embora decidir seja uma etapa estressante do gerenciamento, muito mais difícil do que decidir é a necessidade de delegar a decisão para outras pessoas. É natural nossa resistência em entregar atividades de importância (pessoal e profissional) para quem nem sempre partilha de nossas técnicas e visões, no entanto esta é uma atitude indispensável para que os projetos transcorram: ninguém, por mais talentoso ou esforçado que seja, pode fazer tudo sozinho. No mundo gerencial, a distribuição de responsabilidades deve sempre caminhar no meio-termo.

Infelizmente, para alguns essa é uma atitude inegociável, o que prejudica e muito o relacionamento com a equipe e até influencia negativamente no bom andamento do serviço.

Uma equipe, no caso de TI, precisa ter certa autonomia. Quando se centraliza todas as decisões em uma única pessoa, a tendência é a equipe ficar presa às decisões de outro e é humanamente impossível um único ser poder decidir tudo sozinho.

Recentemente recebi uma reclamação de um amigo que é Analista de Suporte, ele estava desabafando que não tem autonomia nenhuma, por exemplo cobram dele rapidez nos atendimentos, mas quando o mesmo se depara com um problema do tipo, preciso que liberem a USB desta máquina, por que tenho que fazer um bakup de alguns arquivos para uma reunião que farei em outra unidade (cliente), o mesmo precisa solicitar autorização do gerente de TI, porque nem o coordenador tem tal permissão, o problema é, que só se fala com o gerente por email e deve-se aguardar.

Realmente acho que isso extrapola um pouco a lógica, e chega a conotar certa desconfiança do gerente quanto a equipe que tem. E isso é muito ruim, porque a auto-estima da equipe ficará sempre em baixa. Ele também me reclamou por exemplo que se for pedir caneta no almoxarifado, também necessita de autorização expressa da gerência.

A meu ver esta forma de gerenciar, já esta um pouco ultrapassado, não ajuda em nada. Concordo que é preciso controle, mas não ao extremo como este. TI é um caso atípico, por que lidamos com inovações tecnológicas constamente, e quando se limita a atuação de tais profissionais, a tendência é de uma debandada geral, por isso muitas empresas perdem bons profissionais, justamente por não saber lidar com o profissional atual.

Somos de uma nova geração, o que inclui mudar o conceito, não só a nomeclatura de Gerente para Gestor. É preciso mudança conceitual, pois a grande defesa da mudança de gerente para gestor, é sobre a mudança na gestão, sobre a quebra de paradigmas, por isso esta forma antiga de se gerenciar, já esta em descrédito.

Não estou com isso sugerindo que tudo deve ser liberado, concordo que deve haver limites, por isso se criou a figura do coordenador, ele é a pessoa que vai auxiliar o gestor nessas questões, desde que o mesmo tenha autonomia.

Centralizar não é um bom negócio, ainda mais nos dias de hoje, que vivemos numa era descentralizadora.

Como equipe de TI precisamos também agir com profissionalismo, sempre demonstrando que o Gestor pode contar conosco. Até porque muitas vezes, problemas deste tipo ocorrem por conta de maus profissionais, que não sabem fazer uso de sua liberdade profissional.

Muito mais que entender as diferenças conceituais no texto, precisamos viver estas mudanças dentro das organizações. Uma coisa é certa, o dinamismo do mundo atual, certamente exigirá cada vez mais habilidade e flexibilidade dos novos gestores.

Fonte de pesquisa: Mauro Kahn & Pedro Nóbrega – Clube do Petróleo

Autor

Certificado Microsoft e com experiência de mais de 14 anos na área de TI como Consultor de Infraestrutura, atuando em Projetos que envolvem Tecnologia Microsoft (Windows Server NT, 2000, 2003, 2008 e 2012, Exchange e Hyper-v). Meu Perfil no Linkedin: Linkedin , Meu Perfil no Microsoft TechNet: Microsoft TechNet e Siga-me no Twitter @alexsilva2012

Alex Silva

Comentários

8 Comments

  • Alex, parabéns pelo seu artigo, há algum tempo venho lendo e esta cada vez melhor, este artigo é muito interessante principalmente por acontecer comigo. Hoje na minha empresa tenho um gerente que só é ele quem decide e acha que está correto. Não confia nos analistas que tem. Com isso todos da equipe estão ficando desmotivados e procurando novos desafios.
    Um grande abraço.
    Nostradamus

    • Olá,

      Obrigado, por seu comentário.
      O problema é que profissionais se desmotivam com atitudes centralizadoras, mas espero que você e sua equipe encontrem novas motivações.

      Abraços

  • Quando escuto a palavra gerente associo a preguiçoso que ganha muito. Por que o meu gerente nada faz, só bajula os diretores e ainda vive dando porrada na equipe que sempre ajuda ele.
    Gestor eu já tive alguns dos bons, que entendiam as necessidades da operação colocavam metas e incentivos e as metas eram cumpridas com satisfação de toda a equipe.

    • Olá,

      Esta é uma situação complicada, como disse Gerentes a moda antiga estão perdendo espaço, e os novos Gestores precisam ser habilidosos para lidar com o mercado nos dias de hoje.
      Mas não diria que são preguiçosos, e sim tradicionais e até ultrapassados em algumas áreas da administração, por isso a necessidade de mudança no conceito gerencial.

  • Caro Alex,

    Excelente iniciativa. De fato, a sinonímia é apenas aparente e seu artigo mostrou como diferem gerência e gestão. O conceito de gerência está mais ligado à operação e o de gestão, ao serviço.

    Talvez por isso, para o especialista que precisava copiar arquivos, o uso da USB era considerado do ponto de vista operacional, em que uma liberação do gerente seria suficiente para liberar a interface, ou mesmo desnecessária.

    Mas em uma organização em que há gestão, a liberação da USB pode requerer um Comitê ou mesmo exigir uma alçada maior para aprovação. Para a manutenção da integridade dos dados e continuidade de dos serviços de suporte aos negócios, a Segurança da Informação pode requerer a proibição do uso de USB.

    Um analista de suporte, por exemplo, pode saber que um determinado servidor é importante, mas dificilmente conhecerá as prioridades e o nível de criticidade dos serviços, os riscos a que estão expostos os ativos da organização e as proteções adotadas, portanto não teria condições de quebrar uma regra de segurança para fazer um backup. E isso não tem nada a ver com sua autonomia.

    Muito oportuno o artigo, pois ajuda a esclarecer que o gerente-gerente autoriza ou não autoriza, e o gerente-gestor aplica o processo pre-estabelecido conforme, por exemplo, os Acordos de Nível de Serviço. Pelo menos, espero que seja asim…

    Um abraço.

    • Olá Jose,

      Agradeço por seu comentário que enriqueceu ainda mais este artigo.
      Como um especialista em Segurança da Informação, concordo contigo no que diz respeito a liberação de USB, na verdade este foi apenas um exemplo de reclamação de um Analista que não entende o porque da “burocracia”.
      O que quis expor na verdade, é que o Gestor pode ajudar a “esclarecer” o porque dos processos.

      Mais uma vez muito obrigado.
      Abraços,

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