Carreira

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Foi-se o tempo em que para ser um bom Gestor de TI bastava entender de TI!

publicado por Leonardo Corrêa

Embora seja um apaixonado pelas inúmeras possibilidades que o incrível mundo da tecnologia nos proporciona, depois que passei a ler e estudar sobre as técnicas do Coaching enquanto paralelamente tive contato com frameworks de Gestão como a biblioteca ITIL, o COBIT, PMBOK e as normas ISO, o fator “gente” saltou aos meus olhos. Descobri uma nova forma de ver as coisas, agora não mais tão tecnicamente, e é exatamente sobre isso que falarei nesse artigo.

O tema “gestão de pessoas” se tornou commodities entre os Gestores de TI. Saber escolher as pessoas certas, treiná-las para uma determinada função, motivá-las e extrair o que podem oferecer de mais precioso, não é mais um diferencial dos grandes líderes executivos, e sim um pré-requisito para os aspirantes ao mercado de trabalho.

Liderar pessoas  é tão importante quanto conhecer a linguagem da TI. O tema é apresentado nos cursos de graduação, palestras e seminários, e agora tem sido amplamente debatido nas revistas e sites especializados do segmento.

Sim, por incrível que pareça, paradoxalmente assuntos como a nanotecnologia dos telefones e computadores, e, por exemplo, o polêmico debate sobre como aplicar o conceito de “carreira em Y” nas organizações, são abordados nas rodas e conversas dos profissionais da atualidade. Mesmo assim ainda é possível encontrar chefes e supervisores de TI à moda antiga. São antigos analistas que devido a experiência adquirida durante os anos, acabaram indicados para posições de liderança, contudo, não desenvolvem tão brilhantemente este papel como quando atuavam nas atividades técnicas.

Eu sinceramente acredito, e tenho muitos exemplos disso em minha vida, que excelentes profissionais técnicos podem se tornar grandes líderes, entretanto é necessário que se tenha uma substancial característica para o credenciamento ao cargo de chefia. Chama-se talento para conduzir pessoas.

O novo Gestor precisa conseguir expressar o que realmente espera de sua equipe para não ser ambíguo. É preciso deixar claro as regras do jogo. Também precisa ser um incentivador e conseguir dar feedbacks positivos e negativos, com sabedoria, para promover o crescimento individual de seus colaboradores e por conseqüência garantir o clima desafiador e excitante. Ele precisa entender que as pessoas são diferentes, e como tais, também têm anseios, talentos e limitações diferentes.

Outro ponto importantíssimo a ser verificado é a homogeneidade que o líder deve ter com sua equipe. Se  ele não confiar em seus colaboradores, não os der credibilidade e autonomia para propor mudanças, sugerir melhorias e criar novas estratégias, jamais terá o apoio e a dedicação esperada.

Acima de tudo, ser líder (clique) é conseguir o respeito de seus colaboradores, e não o medo deles. O antigo modelo de gestão onde os chefes eram excelentes técnicos mas péssimos líderes está predestinado ao insucesso.

Recentemente um grande amigo compartilhou uma situação vivenciada em seu ambiente de trabalho. Tratava-se de mais uma das inúmeras histórias que nós conhecemos sobre o antigo modelo de gestão fadado ao fracasso.

Devido a uma pane de software no sistema de rede, um prejuízo de aproximadamente setenta reais (R$ 70) foi gerado para a empresa. Diante dos fatos, o supervisor da equipe de suporte, um antigo analista sênior sem talento para conduzir pessoas, em vez de conversar com seus colaboradores para analisar a raiz do problema e propor uma solução corretiva para a questão, imediatamente sugeriu para os que trabalhavam no suporte à rede onde o problema ocorreu:

Façam o rateio para pagar. Vocês são os analistas do setor e deveriam prever o acontecimento, portanto, são responsáveis pelo prejuízo.

Meu amigo e seus colegas de trabalho, perplexos pela forma como o supervisor conduziu a situação sem ao menos ouvi-los ou, como se esperava, representá-los diante dos outros diretores que buscavam respostas para o acontecido, dividiram o valor pela quantidade de profissionais e pagaram.

Você deve imaginar que o pior tenha sido arcar financeiramente com algo que o “chefe” poderia ter relevado, ou acionado o fabricante, ou ainda atestado como desastre imprevisto, mas isso seria lógico demais. Descobrir que eles estavam sob a coordenação de uma pessoa que não representa seus subordinados, antes, os expõe ao menor sinal de problema, sem dúvida foi pior.

O verdadeiro líder é aquele que nas situações adversas, quando a coisa desanda, declara: Nós erramos! O líder de sucesso, nas atividades concluídas com êxito, compartilha sua glória com os colaboradores e os agradece pelo empenho e dedicação.

Se você deseja ser mais do que simplesmente um Gestor de TI, prepara-se para ser um influenciador. Aprenda como tratar colaboradores, funcionários, chefes, e até mesmo o profissional da limpeza. Você pode até não ser um líder nato, mas se deseja ser um profissional de sucesso na coordenação de pessoas, busque conhecer mais do que simplesmente as novidades do mundo tecnológico.

O desafio é grande, não acha?

Sucesso para todos!

Autor

Analista de Processos de Negócio e Consultor em Análise e Reformulação de Currículos, graduado em Gestão da Tecnologia da Informação com extensão em Formação de Consultores Organizacionais pela FGV. Pós-Graduando em Gestão de Processos de Negócio (BPM) integrado à Engenharia de Software, certificado ITIL Foundation, CobIT 4.1 Foundation.

Leonardo Corrêa

Comentários

7 Comments

  • Difícil acreditar que situações como a acima mencionada ainda ocorram nos ambientes de trabalho. O que muitos gestores ainda não compreendem é que o resultado do seu trabalho é basicamente o resultado do trabalho da sua equipe. Vejo hoje muito foco em novas tecnologias, tendências, a “nuvem”, etc, etc. Mas quem está olhando para o principal componente da infraestrutura de TI, a equipe ? Acabam encontrando a alta rotatividade, a baixa qualidade técnica e a total falta de coesão da equipe.

  • É verdade Augusto! Talvez um dos maiores problemas para se reter profissionais seja o ambiente desagradável e sem respeito. Ninguém aguenta, por muito tempo, trabalhar 8 horas diárias em um local onde o clima é pesado.

  • Leonardo,
    muito bom seu artigo e extremamente verdadeiro. Chefia tem muito mais a ver com a questão de se lidar de forma correta, transparente e ética com as pessoas do que com qualquer detalhe técnico.
    abç, Mônica

  • “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”
    Lamentável que essa mentalidade ainda não tenha sido extinta.
    Mas serve de consolo e, acima de tudo, de motivação que os indivíduos que ainda insistem em disseminar esse “estupro” empresarial (pelo ponto de vista do melhor rendimento da organização) e intelectual (pelo ponto de vista dos colaboradores subordinados a tal vil criatura, que se achar gestor) estão morrendo ou, na pior das hipóteses, pelo menos se aposentando.
    Essa é a hora de propor, ou até mesmo impor, um choque de gestão.
    Muito se fala em novos métodos de administração, novas formas de gerenciamento, etc e tal. Mas de nada vale isso sem um gestor, um LÍDER que esteja tocando o barco.

  • Parabéns pelo artigo, extremamente atual.

  • Quem se limita a somente teorias da área de TI, está fadado a ser mais um profissional sem nenhum diferencial. O que torna destaque para as vagas do alto escalão, é o fato de saber lidar com as pessoas, até porque meu camarada, existem profissionais de outras áreas, ocupando vaga de gestão em TI. Assim como existem os ultrapassados citados por vc no artigo, também existem os que dominam nada na técnica, mas são ótimos oradores.

  • Excelente assunto! Acredito e sempre acreditei nisto. Agora, precisando difundir essas informações através dos nossos e-mails, grupos, comunidade e acima de qualquer coisa, viver uma Liderança Servidora.

    O novo modelo de gestão, não visa só a rápida produção e sim o ‘viver melhor’. Parabéns pelo Artigo.

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