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Quem não conhece a lenda da “política de portas abertas”?

publicado por Thiago Casquilha

Nosso caro articulista Marcelo Santos mencionou “El Dorado” em seu excelente artigo, e isso me fez lembrar de outra lenda, a da “política de portas abertas“.
Quando criança, acreditamos em certas fantasias, personagens, e a certeza de um mundo perfeito. Ao crescermos, estas coisas infelizmente perdem um pouco de credibilidade. Por outro lado, passamos a nos apegar a outras crendices, e tratar fantasias como realidade. E uma delas é a lendária “política de portas abertas”.

Esta lenda diz que, em certo país, havia uma empresa aonde os funcionários podiam falar abertamente com seus chefes, seja para solucionar problemas, fazer críticas construtivas, e dar sugestões. O chefe era solícito e presente, os funcionários, felizes, e a empresa vivia em pleno crescimento.
Empregados apontavam falhas em certos processos, e os mesmos eram otimizados; outros percebiam espaço para melhorias, e as mesmas eram implementadas na empresa, dando o devido crédito ao responsável. Se não me engano, uma das versões deste conto diz que os chefes almoçavam com seus subordinados, e não no grupo só da gerência.

Passados alguns séculos, alguns empresários oportunistas desenterraram  este conto, fazendo-o passar por verdade para  profissionais desavisados, mencionando tal “política” nas entrevistas. “Você terá direito à vale-transporte, vale alimentação, e aqui nós respeitamos a política de portas abertas”. Ou seja, acaba parecendo inclusive um benefício real que lhe é dado. E os mais enganados são os pobres desempregados, estagiários e novos funcionários.

O desempregado, coitado, já imagina a utopia: um emprego aonde além de ganhar dinheiro, vai poder contribuir de alguma forma! O novo funcionário vai poder reclamar que fulano passa o dia na internet, enquanto o trabalho sobra todo pra ele, e o trabalho será redistribuído! O estagiário, vai poder dizer ao seu chefe que ganha menos para fazer o mesmo trabalho que um funcionários, e terá ajuste de salário!

Fantasiando um pouco, seria tão difícil assim implementar esta política?
Um ambiente de trabalho propício a este tipo de atitude? Não seria o melhor para todos os envolvidos? O funcionário se sentir realmente parte importante da empresa, capaz de influenciar seu funcionamento, e não apenas ser “mão de obra”? Um ambiente em que falar a seu superior que você gostaria de tarefas distintas, não ser visto simplesmente como um sinal de insatisfação? Um ambiente aonde problemas de gestão fossem resolvidos no início, ao invés de culminarem com a saída do profissional, ou serem vistos como ataques pessoais?

Como você implementaria uma política de portas abertas, num ambiente em que a gerência nem responde a um simples “bom dia”?

Considerando a realidade atual de algumas empresas, vale lembrar daquele ditado chinês, que diz que “o prego que se destaca é o primeiro a ser martelado”.

Se alguém lhe oferecer a política de portas abertas, seja cavalheiro: deixe sempre alguém passar e fazer uso dela antes de você.

Autor

Consultor SAP BW, Analista desenvolvedor mainframe, fotógrafo amador e quase escritor. Atuei em projetos internacionais de desenvolvimento e suporte à produção, nas empresas de TI que a maioria já trabalhou e todos conhecem. E-mail -> thiago.tiespecialistas@gmail.com LinkedIn -> http://br.linkedin.com/in/thiagocasquilha Twitter -> http://twitter.com/casquilha Todos os artigos por mim escritos, sem exceção, são textos de ficção. Qualquer semelhança com a vida ou fatos reais será apenas uma coincidência de probabilidades astronômicas.

Thiago Casquilha

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