Gerência de Projetos

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Gerente de Projetos utilizando os conceitos do livro “A Arte da Guerra”

publicado por Ruggero Ruggieri

1. Conceito

Não podemos conceituar um projeto, como se fosse uma guerra para os Gerentes de Projetos, mas não podemos esquecer as idéias estratégicas e os conceitos que Tzu nos fornece no nosso dia-a-dia, principalmente nos capítulos que ele comenta sobre “Da Avaliação”, “Do comando da guerra”e “Da arte de vencer sem desembainhar a espada”. Segundo ao autor, um General (Gerente de Projetos) deve evitar cinco defeitos básicos: a precipitação, a hesitação, a irascibilidade , a preocupação com as aparências e a excessiva complacência. Sueli Barros Cassal comenta que nos dias de hoje, “lembra-te que defendes não interesses pessoais, mas o de teu país. Tuas virtudes e teus vícios, tuas qualidades e teus defeitos influem igualmente no ânimo daqueles que representas. Teus menores erros têm sempre nefastas conseqüências. Geralmente, os grandes são irreparáveis e funestos. É difícil sustentar um reino que terás levado à beira de uma ruína. Depois de destruí-los, é impossível reerguê-lo. Tampouco se ressuscitam os mortos”. A arte da guerra implica em cinco fatores principais. Ter sempre em mente o objetivo a que visam, e aproveitam tudo o que vêem e ouvem, esforçando-se para adquirir novos conhecimentos e todos os subsídios que possam conduzi-los ao êxito. Jamais podemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina. Pensando em projetos segundo PMBOK, o êxito seria um escopo muito bem detalhado apresentando os seus limites, a doutrina seria a utilização das melhores práticas do PMBOK, o tempo seria o mesmo de hoje, o espaço e disciplina seriam muitos bem utilizados na Gerenciamento de Integração e Qualidade.

Tzu comenta que ciente de suas capacidades e limitações, não inicie nenhuma empreitada que não possas levar a cabo. Decifra, com a mesma argúria, o longe e o perto. Não inicie nenhum projeto sem um conhecimento prévio, inicie o projeto quando estiver certo que você obteve todo o conhecimento e limitações.

Segundo o autor, é preciso muito esforço e uma conduta calcada na bravura e na prudência para ser vitorioso: um só passo em falso põe tudo a perder. Um general pode cometer muitos erros, mas não pode deixar de lado algumas citações como: Se não tem um conhecimento exato dos lugares onde deve conduzi-las; se lhes impõe acampamentos desastrosos; se as cansa inutilmente; se ordenar que retrocedam sem necessidade; se ignorar as necessidades dos que integram seu exército; se desconhecer a ocupação a que cada um se dedicava antes de se alistar, a fim de tirar partido do talento individual de cada um; se desconhecer o ponto forte e o fraco de seus subordinados; se não conta com a fidelidade dos mesmos; se não impõem a mais estrita disciplina; se carecer do talento de bem governar; se for irresoluto e vacilante nas ocasiões que urge ter pulso firme; se não recompensa adequadamente seus soldados quando de direito; se permitir que estes sejam humilhados sem motivo pelos oficiais; se não sabe impedir as dissensões entre os chefes, um general tornará capenga, esgotará homens, víveres e o reino, e se tornará a vítima infame de sua própria imperícia. Usando o mesmo pensamento de Tzu, o Gerente de Projetos precisa conhecer o projeto, usar a sua credibilidade, conhecer os seus subordinados, conhecendo os seus pontos fracos e fortes e contar com a fidelidade dos mesmos. Não ser indeciso e não praticar divergências de opiniões na sua equipe, o Gerente de Projetos conseguirá triunfar em seus projetos.

A Arte da Guerra

2. Sete Males Cruciais

Sun Tzu diz – No comando dos exércitos há sete males cruciais:
Sete males cruciais/Gerente de Projetos (GP)
Primeiro – Executar cegamente ordens tomadas na Corte, segundo o arbítrio do príncipe, sem se ater às circunstâncias. (GP) Verificar a veracidade da informação.
Segundo – Tornar os oficiais confusos, despachando emissários que ignoram os assuntos militares. (GP) Incluir pessoas que desconheçam o projeto.
Terceiro – Misturar regras próprias à ordem civil e à ordem militar. (GP) Desconhecimento do assunto.
Quarto – Confundir o rigor necessário ao governo do Estado e a flexibilidade que o comando das tropas requer. (GP) Não ser flexível.
Quinto – Dividir responsabilidade. (GP) Dividir uma responsabilidade para uma única pessoa.
Sexto – Disseminar a suspeita, que engendra a desordem: um exército confuso conduz à vitória do inimigo. (GP) Não ser objetivo.
Sétimo – Aguardar ordens em todas as circunstâncias. Isso equivale a esperar autorização de um superior para apagar o fogo: antes que a ordem chegue, as cinzas já estarão frias. No entanto, está escrito no código que se deve consultar o inspetor nesse assunto! É como se, ao edificar uma casa na beira de uma estrada, fôssemos pedir conselho aos passantes: o trabalho ainda não estaria terminado. (GP) Saber delegar.

No livro existe uma frase que eu achei muito interessante em comentar após a explanação sobre os sete males cruciais.
Mênsio diz: “O momento oportuno não é tão importante quanto às vantagens do terreno; e tudo isso não é tão relevante quanto à harmonia das relações humanas”.

Nomear um General é da alçada do soberano; decidir uma batalha cabe ao general. Um príncipe esclarecido deve escolher o homem que convém, revesti-lo de responsabilidades e aguardar os resultados. Fazendo uma analogia sobre os ensinamentos de TZU: Nomear um Gerente de Projetos é da alçada do SPONSOR; decidir sobre o projeto cabe ao gerente de Projetos. Um SPONSOR esclarecido deve escolher uma pessoa que convém, revesti-lo de responsabilidades e aguardar os resultados.

3. Conclusão Final

Após estes ensinamentos podemos concluir que:

Caminhos da Vitória – segundo TZU/(AA) Analogia atual
Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso – TZU/(AA)- Conhecer o projeto profundamente e conhecer o seu potencial, a chance de vitória e sucesso será inevitável.
Ignora-se teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas – TZU/(AA)-
Não conhecer o projeto profundamente ou superficialmente e conhecer o seu potencial, a chance de sucesso e fracasso serão idênticas.
Ignora-se ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas – TZU/(AA)- Não conhecer e não acreditar no projeto, o fracasso será inevitável.

Autor

Gerente de Projetos SR., atua há mais de 20 anos na área de TI no seguimento do Governo do Estado de São Paulo. Desenvolveu atividades de desenvolvimento de Software para empresas brasileiras e multinacionais, tendo participando no Brasil e no exterior em projetos de TI de diversos segmentos como Educacional, Financeiro, Saúde, Tributário e Terceiro Setor. Professor de Pós-Graduação na UNINOVE nos cursos de Qualidade, Gerencia de Configuração, Requisitos, Gerenciamento de Projetos e Processo de Desenvolvimento Ágil Formado na PUC de Campinas, Pós-Graduação em Administração Hospitalar (Univ.São Camilo), Gerenciamento de Projetos (UNICAMP), Projetos Estruturados (USP), Ciência, Tecnologia e Inovação (USP). MBA em Gestão de TI na FIAP e Programa de Desenvolvimento Gerencial com foco em liderança estratégica - FIA, atualmente aluno de MESTRADO da UNINOVE na área de Gestão do Conhecimento. Formado em COACH para SBC - Sociedade Brasileira de Coaching e Master COACH pelo escola RICCOACHING.

Ruggero Ruggieri

Comentários

5 Comments

  • Buscar abstrair ensinamentos das experiências de outros, isso é contribuir e ao mesmo tempo fazer uso das “lições aprendidas”, tão importante no universo do GP. Muito legal você trazer o assunto à baila adiconando sua interpretação…contudo, fiquei algo confuso…os princípios defendidos pelo livro (“Arte na Guerra”) definitivamente se sobrepõem às técnicas de gerenciamento de projetos ? Principalmente, considerando um mercado faminto por resultados imediatos ? È possível equilibrar tais forças (princípos X mercado X ética X stakeholders) e ainda sair vitorioso ?

    • Roberlei, o artigo faz uma comparação de estratégia X Gerenciamento de Projetos, ambos utilizam uma forma de Gerenciar e administrar os seus projetos. Mas considerando as técnica de Tzu, podemos fazer uma correlação entre as técnicas e ambas possuem uma proposta de trabalho. Podemos ser vitorioso entre os princípios X mercado X ética x stakeholders, desde que você tenha identificado todos eles e trabalhar neste equilíbrio. Tudo depende do seu escopo de projeto e a sua proposta de trabalho, deixando bem claro “o que deve ser feito” e o que “não esta neste escopo” de trabalho.
      Abraços
      Ruggero

  • Sr. Ruggero, quero parabenizá-lo pelo excelente artigo.

    Tenho atuado no mercado de TI como analista de sistemas prestadora de serviços e acabei de recusar dois projetos porque ao avaliar escopo X tempo que teria para trabalhar, verifiquei que minha vida social deixaria de existir e seria um sacrifício absurdo e desumano: teria que fazer horas extras e trabalhar aos sábados e domingos. Tentei explicar ao gerente de projetos todos os problemas possíveis: riscos de não cumprimento de prazos, redução no nível de qualidade, etc… mas ele estava relutante em aceitar minhas justificativas – parece que atualmente, muitos gerentes acreditam que qualidade de vida é algo desnecessário !
    Tentei negociar sugerindo entrega parcial, mas não houve acordo. Não me arrependo: ao fazer um bom levantamento e orçar com meticulosidade pude ver com clareza que não poderia cumprir o prazo e optei pela minha integridade física e emocional.

    Valeu a pena !

    • Katia, Acredito que o seu ex-chefe tenha perdido uma grande funcionária. Hoje o Gerente de Projetos, precisa avaliar e ponderar muito os trabalhos com a sua Equipe. Não existe projeto sem as pessoas e sem Equipe. Tudo tem que ter equilíbrio e muito feedback. O que vale mais é a saúde da equipe.

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